Econ - Artigo Interessante Sobre o Supercrash Japonês e o Nikkei II

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348 - A desregulamentação financeira desde Plaza criou possibilidade das zaibatsus viravem zaitechs, aproveitando o imenso caixa acumulado nos últimos anos. Entraram com pé na porta no mundo dos lucros não-operacionais! Líderes empresariais discursavam contra isso, Afirmavam, para manter a imagem de produtivos, que queriam que os lucros fossem reinvestidos na produção, a fim de fortalecer no longo prazo a posição das empresas nos mercados mundiais e locais em que operam. A Toyota chegou a ser chamada de “Banco Toyota”:



349 - Como o iene se valorizava gradualmente, os empréstimos em dólar (e aquisição de ativos em dólar) se tornaram ótimo negócio. Quando pagos, ao final, usava-se menos ienes do que os que foram “adquiridos” e convertidos anos antes. Assim, a economia e os investimentos continuaram avançando. Porém, os preços - bolsa e terras - começavam a se descolar demais da economia real e talvez fosse o momento, ao fim de 1987, de começar a furar a bolha. Ocorre que havia muitas pressões em sentido contrário. O “boom das ações” arrefeceu nos EUA, mas não no Japão, onde, por sinal, a política monetária continuou expansionista por mais dois anos.

350 - O processo especulativo foi se ampliando. Ativos, “dados” em garantia, se valorizavam e permitiam alavancagens e novos empréstimos, que tornavam a fluir para compra de mais ativos. Bolsas e mercado imobiliário. Retroalimentação.

351 - Até as exportações voltaram a ajudar em 1988.

352 - O índice Nikkei, por exemplo, que mede a valorização das ações na bolsa de Tóquio, havia saltado de 13.113 no último dia útil de 1985 para 26.000 em outubro de 1987, chegando a 30.000 no início de 1988. Nessa data, a capitalização da bolsa de valores japonesa representava 41,7% da capitalização mundial. O nível máximo de todos os tempos do Nikkei, 38.915, foi alcançado em dezembro de 1989. Apesar de superar três vezes os valores de quatro anos antes, a maior parte das previsões dos analistas de mercado para 1990 era de que o índice iria além da marca de 40.000 e deveria chegar ao final do ano a 48.000.

353 - … Já o preço da terra começou a aumentar antes do boom do mercado mobiliário. Em 1983, os terrenos no centro de Tóquio já davam os primeiros sinais de valorização. O processo se estendeu posteriormente às áreas urbanas de Osaka e Nagóia para chegar, em seguida, às zonas rurais. O valor imobiliário do Japão, que era estimado em US$ 4,2 trilhões ao fim de 1985, aumentou para US$ 18,4 trilhões cinco anos depois. (...) Para se ter uma ideia do que se verificou em termos de valorização imobiliária, é conveniente lembrar que em 1990 poder-se-ia, teoricamente, comprar todo o território dos Estados Unidos, uma área 28 vezes maior que a do Japão, com a venda de apenas um quarto do arquipélago japonês. Muito provavelmente, o preço de venda de todo o território do Japão deveria, nessa data, corresponder ao valor do restante das terras emersas do planeta.

354 - Quando as restrições começaram e os juros subiram, o valor das ações despencou. As terras não. Parecia o mito de que terra no Japão só sobe, já que o valor aumentou 135 vezes entre 1955 e 1985. Só quando o Ministério das Finanças interviu para cessar empréstimos imobiliários que os preços, um ano depois da queda da bolsa, despencaram no mesmo nível.

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