Econ - Cláudio Gontijo - A Transformação de Valores em Preço III

(continuação...)

458 - Interessante: Além de Steedman, outros autores da tradição neo-ricardina/escola do excedente que propõem o abandono da teoria do valor-trabalho com base no argumento da sua redundância foram Garegnani (1979) e Napoleoni (1979), para somente citar dois nomes de importância. Ambos, no entanto, rejeitam o descarte completo de outros aspectos da teoria marxista. Assim, Garegnani preserva, além de outras, as idéias de que o capitalismo é um sistema transitório e que os lucros nascem da exploração do trabalho, enquanto Napoleoni propõe reservar à teoria do valor-trabalho a função de realizar a “determinação filosófica” do capitalismo. Para uma crítica relevante da abordagem de Garegnani, veja-se Oliveira (1983).

459 - Assim como os preços de produção governam os preços de mercado, os valores determinam os preços de produção.

460 - Preços e modelos de equilíbrios de longo prazo: Em outras palavras, “a escola clássica toma em consideração em seu modelo de preços ambos, a história e a teoria, evitando o excesso de abstração do sistema Walrasiano” (Gontijo, 2000, p. 97) e, diga-se, o excesso de realismo da abordagem do sistema temporal único. Ao que entendi, seria até comum trocas fora dos “preços de equilíbrio”.

461 - Além disso, o que os modelos dinâmicos – que podem absorver facilmente mudanças substanciais, como no caso das inovações tecnológicas, e a acidentalidade histórica, através da incorporação de “choques” ou mesmo de fatores aleatórios – mostram, é a força de atração da posição de equilíbrio, ou seja, a idéia mesma de Smith, incorporada por Marx, de que os preços de produção são centros de gravidade dos preços de mercado. No caso específico das inovações tecnológicas, por exemplo, o único resultado será que esses centros de gravitação se tornam móveis, de modo que, embora as posições de equilíbrio nunca sejam efetivamente atingidas, não obstante elas atuam concretamente atraindo e, portanto, governando os preços.

462 - O debate sobre o ouro eu entendi menos ainda. É sobre o valor de uma nota de cem reais não ser cem reais? È isso? Porque envolve muito menos trabalho para produzir (e custa bem mais barato, centavo talvez)? Qual a polêmica?

463 - Marx coloca a mercadoria-dinheiro como a superação do escambo, que é quando (escambo) o valor de uma mercadoria meio que está sempre referente à outra. “Então, a mercadoria determinada, com cuja forma natural se identifica socialmente a forma equivalente, torna-se mercadoria-dinheiro, funciona como dinheiro” (Creio que isso muda tudo. Nesse tipo de troca, a do sistema capitalista, eu não vou trocar dez toneladas de ouro por um violão. Em outro sistema, talvez. Enfim, índios não eram burros).

464 - Continua criticando o STU: Antes pelo contrário, na medida em que o procedimento implica, conforme salientado por Rodríguez-Herrera (1996, p. 78), que o valor “é determinado no processo de produção e circulação considerado como um todo e, então, não é determinado exclusivamente no processo de produção”, rompe-se a formidável estrutura lógica de O Capital, contrariando (...) as declarações explícitas de Marx sobre a improdutividade da circulação.

465 - Talvez o texto explique as coisas muito mal, mas eu tenho que me inteirar bastante desse debate ainda.

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