Econ - Agenor Castoldi - Texto IX (Parte 4)
(continuação...)
240 - Vieram os inercialistas: a primeira coisa que fizeram foi distinguir os fatores aceleradores, mantenedores e sancionadores da inflação. Colocavam que as três ou quatro teorias anteriores só focavam nos fatores aceleradores: (a) pontos de estrangulamento de oferta e conflitos distributivos, (b) excesso de gasto público ou (c) excesso de quantidade de moeda gerada por déficit público.
241 - … Com a indexação informal, realizada por reajustes defasados ou assincrônicos, os preços relativos vão sendo continuamente equilibrados e desequilibrados. Não há nenhum ponto de equilíbrio dos preços relativos, apenas um vetor de equilíbrio. Ao redor desse vetor, os preços nominais fixos temporariamente caem em termos reais durante o período entre reajustes e sobem no momento do reajuste. (...) Se já houver uma indexação formal – como, aliás, era o caso da economia brasileira na época –, a inercialização da inflação será naturalmente facilitada. E se as empresas forem principalmente oligopolistas, usando uma política de preços baseada em margens (mark-ups) relativamente fixas, esse processo será ainda mais vigoroso.
242 - As indexações informais (também existentes) eram frutos das próprias expectativas dos agentes econômicos.
243 - Monetarismo e inflações muito altas: Nesses casos, a política monetária é, por definição, inócua. O máximo que o governo pode fazer é política de juros. Não pode, porém, determinar a oferta nominal de moeda, que tem de crescer com a inflação, “acomodando-se à inflação”, como dizem os monetaristas, para que a quantidade real de moeda seja minimamente mantida e a recessão não se aprofunde grave e inutilmente. Na verdade, em uma alta inflação inercial ou em uma hiperinflação, a oferta nominal de moeda cresce menos do que a inflação, já que há um inevitável processo de desmonetização, uma vez que os agentes econômicos procuram reter o mínimo de moeda possível.
244 - Enfim, em resumo, parece a mim que os inercialistas mostraram como a indexação pode ser mantenedora de inflação alta ou muito alta, ainda que não acelerada. O crescimento da emissão de moeda seria, como em Rangel, apenas para sancionar a inflação já existente, sob pena de desmedida recessão. Não a causa. E o déficit público seria sancionadora também. Para compensar as perdas nominais de arrecadação, faziam emissão de moeda.
245 - Coloca que os primeiros filhos da teoria foram os planos fracassados pré-Real.
246 - Plano Real: Como destacado anteriormente, no período que antecedeu a troca da moeda (de cruzeiros reais para real em 1º–7–1994), o governo induziu a economia a um processo de superindexação, “forçando” a cotação dos preços (salários e câmbio também) em URV, a qual, na prática, era um indexador diário atrelado ao dólar. No momento em que a quase totalidade dos preços estava fixada em URV (o ideal seria que todos os preços estivessem), o governo congelou a URV e trocou a moeda.
247 - INPC: universo da pesquisa: renda familiar de 1 a 8 salários mínimos. O IPCA vai até 40 s.m.
248 - Os preços por atacado são mais sensíveis a fatores externos, como mudanças de preços no mercado internacional e desvalorizações da taxa de câmbio.
249 - Li um texto complementar aqui: http://geocrocetti.com/rangel/inflacaorangel.htm
250 - … Trata-se do capítulo 4 (segunda metade do link) e parece ser extraído de dois livros antigos, mas úteis. Uma das coisas interessante que foi feita foi uma varredura das possíveis causas de inflação para inúmeros autores de inúmeras escolas. O apanhado dá um resultado imenso:
Excesso de emissão de moeda; Escassez de capital; Investimentos públicos improdutivos; Aumento dos impostos; Insuficiente captação de poupança; Excesso de crédito às empresas; Correção monetária e realimentação; Inflação passada e expectativa futura; Falta de planejamento global; Aumentos salariais acima da produtividade; Sistema econômico capitalista; Baixa produtividade da mão-de-obra; Estatização da economia; Guerras, revoluções e gastos militares; Insuficiência da oferta de produtos básicos; Quebra de safras agrícolas; Especulação dos atacadistas; Exportação de produtos primários; Importação de produtos industrializados; Dívida externa; Dívida interna; Dependência econômica externa; Déficit na balança de pagamentos; Choques do petróleo; Desarranjo da ordem econômica mundial; Poder dos monopólios e dos oligopólios; Altas taxas de juros.
251 - Este texto contesta bastante os monetaristas:
252 - Resumo sobre os inercialistas: Fatores mantenedores da inflação: repasse dos aumentos dos salários para os preços, e destes para os salários (espiral ou realimentação inflacionária); indexação da economia, onde a espiral se dá com menos conflitos sociais, por ser instituída legalmente. (...) Fatores sancionadores (confirmadores) da inflação: aumento da quantidade de moeda em circulação, considerada como mero óleo lubrificante da economia. Há três fatores inflacionários: Aceleradores (salários, lucros, câmbio, importados e impostos); Mantenedores (espiral inflacionária e indexação da economia); Sancionadores (expansão da moeda).
.
Comentários
Postar um comentário