Econ - Site Voyager - Böhm-Bawerk Não Refutou Marx II
(continuação...)
314 - A quarta crítica tem a ver com BB confundir uma exemplificação (suposição) de Marx com fundamentação sobre a razão das trocas em períodos pré-capitalistas. Eu teria que ler BB e reler esse trecho de Marx para julgar quem e quanto se equivocou. Certo é que me parece um ponto bem secundário, como a própria Voyager notou.
315 - A quinta e sexta crítica e as tréplicas ficaram também mal explicadas.
316 - Sétimo argumento de BB: Marx erra ao dizer que o fator comum que determina o valor é o trabalho (IDEM, p. 70–78); ele não considera que a terra, água mineral, reservas de petróleo são por si só fonte de valor, ou que a escassez do produto determina seu valor, ou que o valor, finalmente, é determinado pelas valorações subjetivas de cada um — a utilidade marginal.
317 - Responde que era o mesmo erro dos fisiocratas, de achar que a terra, por exemplo, era fonte do valor. A terra por si só não produz valor, mas somente a terra que é transformada pelo trabalho ou possa ser objeto de trabalho futuro. Quanto à utilidade, é qualidade necessária mesmo em Marx.
318 - Utilidade como fundamentação do valor de troca e não de uso: “Utility is a metaphysical concept of impregnable circularity; utility is the quality in commodities that makes individuals want to buy them, and the fact that individuals want to buy commodities shows that they have utility.” (ROBINSON, 1964, p. 48). … Ou seja, é a conhecida falácia de petição de princípio: ela pressupõe como explicado aquilo a se explicar, fato devido ao próprio subjetivismo metodológico característico da economia austríaca.
319 - O conceito de utilidade é a estimativa individual de valor de uma determinada mercadoria — por exemplo, eu desejo comprar uma bicicleta, e a partir da minha estimativa de valor, o preço de tal mercadoria para mim é resultado da minha estimativa de utilidade. O preço de mercado é a soma de todas as estimativas individuais de utilidade. O problema é que, para que um indivíduo possa estimar o valor individual de um produto, ele tem de ter como dado todos os preços daqueles produtos que ele deseja adquirir para poder — inclusive da mercadoria a qual ele deseja adquirir naquele momento —, de fato, conseguir concretizar sua estimativa de valor (isto é, fornecer a sua estimativa do preço que irá pagar). Isso se aplica a todos os indivíduos, que, entre si, pressupõem também que os preços sejam dados para que o preço da mercadoria em questão possa ser valorado, e dessas valorações individuais, possa surgir o preço de mercado.
320 - Outro problema com o conceito de utilidade é que ele não é mensurável. Isso já era percebido por Marshall nos Principles e como enfatiza Joan Robinson (1964, p. 50), mesmo a formalização matemática de tais noções, que lhe dão uma aura de neutralidade, não consegue extirpar o defeito de nascença de tal conceito.
321 - A oitava crítica é mal discutida.
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