Econ - Site Voyager - Böhm-Bawerk Não Refutou Marx I
Site Voyager - Böhm-Bawerk Não Refutou Marx:
306 - A crítica de Böhm-Bawerk fora desafiada por Hilferding, em 1905, em um pequeno texto chamado A Crítica de Böhm-Bawerk a Marx (1949).
307 - Menciona o “problema da transformação”, o qual até hoje não me parece especialmente problemático (o texto traz páginas de discussões matemáticas a respeito desse “problema” e umas duas ou três possíveis soluções, só que os cálculos e a teoria ficaram muito mal explicados, ou seja, não acho que tenha sido apenas meu déficit matemático). Além disso, outro aspecto que Marx levantou no livro III foi que a lei do valor seria válida também historicamente, isto é, para períodos pré-capitalistas — sem, contanto, dar provas para isso (MARX, VOLUME 3, II, cap. 10).
308 - Bawerk se opõe a Marx em texto de 1896. A principal hipótese da escola austríaca, como também da economia neoclássica, é a teoria subjetiva do valor, isto é, que o valor de qualquer mercadoria é determinado pela utilidade marginal decrescente.
309 - Duas observações antes de prosseguirmos: algumas objeções foram respondidas por Hilferding na sua resposta a Bawerk, em 1904 (HILFERDING, 1949). No entanto, algumas de suas soluções aos problemas apontadas por Bawerk são insatisfatórias, pois os ataques de Hilferding, tanto metodológicos quanto históricos, como bem apontam Howard e King em sua história da economia marxista, não “lidaram com as críticas específicas e detalhadas que Böhm-Bawerk levantou contra a teoria do valor trabalho” (HOWARD; KING, 1989, p. 52). Desse modo, teremos que adicionar outros argumentos para contrapô-los às críticas de BB.
310 - A principal crítica de BB é a mais idiota a meu ver. Sério que ele não percebeu na leitura que Marx estava igualando preço e valor no livro I só como aproximação para facilitar o entendimento da troca? Ele não mudou no livro III, só passou para o real. Fins explicativos. Existem duas passagens no livro I que corroboram tal afirmação e ainda dizem explicitamente que preços e valores podem divergir. Traz citações explícitas do próprio livro um sobre isso.
311 - Essa é interessante, mas não derruba nada: A segunda crítica (BÖHM-BAWERK, 1949, pp. 32–38) diz que a teoria do valor marxista supõe que os valores das mercadorias individualmente podem divergir de seus preços, mas o agregado dos valores e dos preços em uma dada economia é igual. Para Bawerk, isso é uma tautologia, algo evidente, e que não serve de fundamento para a teoria do valor. (Seria também o “valor-subjetivo” uma merda por não conseguir mensurar individualmente o valor de cada mercadoria? Só lendo sobre para entender).
312 - … responde: Devemos lembrar que a teoria de Marx pressupõe que, dado o comportamento competitivo das empresas, a taxa de lucro inter-setorial e em toda economia tende a se igualar. Como cada empresa e cada setor tem composições orgânicas do capital diferentes (c/v), então terão, desse modo, diferentes taxas de lucro expressas em valores (s/(c+v)) e diferentes taxas de lucro expressas em preços (π/(c+v)) e, por sua vez, preços (p) e valores (v) diferentes. No entanto, tomado na economia como um todo, a mais-valia total e o lucro total se igualam, assim como a taxa de mais valia e taxa de lucro total . (Eu sei, mas entendi o que BB quis criticar e acho que o autor do texto também, pois diz “Por si só ela não fundamenta como os valores se transformam em preços, mas se tal hipótese é quebrada, a explicação da transformação tornar-se-ia inconsistente.”).
313 - A terceira suposta crítica de BB é de uma burrice que dói para quem supostamente leu O Capital. Deve ser deturpação do Voyager, pois me recuso a acreditar que BB não percebeu que o capital constante é trabalho morto.
(continua...)
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