Econ - Manolo - Fascismo à brasileira (As Partes Sobre Economia Brasileira 2014-2017) I
Manolo - Fascismo à brasileira (As Partes Sobre Economia Brasileira 2014-2017):
39 - A FBCF começou a declinar a partir do 3t de 2013 até o 2t de 2017. ... a formação bruta de capital fixo, ou seja, o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, os que servem para produzir outros bens. Na terminologia marxista, são os meios de produção.
40 - A taxa de ociosidade é o que sobra da taxa de utilização da capacidade instalada. Média histórica de ocupação de 80,3%. Em outubro de 2014 vai piorando… chegando em maio de 2018 à taxa de 76,5% de utilização dos bens de capital da economia brasileira – taxa inferior inclusive às da crise do apagão, quando o indicador desceu a 77,6%.
41 - Ciência e tecnologia. Cabe registrar que, segundo dados do MCTIC, até 2008 o volume de investimentos privados em pesquisa acompanhou muito proximamente o dos investimentos estatais (incluídos na conta tanto os investimentos da União quanto os investimentos dos Estados), quando chegaram respectivamente a US$ 14,5 bilhões e US$ 14,3 bilhões (em paridade de poder de compra nos dois casos); daí em diante o volume de investimento estatal descolou-se do investimento privado, superando-o sempre até que em 2013, refletindo os cortes no orçamento do MCTIC (que se iniciaram desde lá, e não agora), tal investimento foi sendo reduzido até encontrar-se em 2015 novamente próximo ao volume dos investimentos privados, na ordem respectiva de US$ 20,5 bilhões e US$ 20,4 bilhões (em paridade de poder de compra nos dois casos). A evolução no volume de investimentos permite levantar a hipótese de que em 2018 os investimentos privados em pesquisa no Brasil, mantido seu ritmo pregresso e também o quadro de cortes nos investimentos estatais, já tenham superado estes últimos. CONFIES: Segundo ele, o sistema de Justiça brasileiro gasta quase 2% do PIB, o dobro do que tem o setor de Ciência e Tecnologia. Nos Estados Unidos, segundo ele, os gastos com C&T representam 2,4% do PIB enquanto o sistema de justiça tem 0,2%. Coréia do Sul mete 4,3% do PIB em C&T.
42 - Commodity, no jargão dos economistas, é qualquer bem ou serviço que tenha total ou substancial fungibilidade, ou seja, que possam ser plenamente substituídos por outros em igual tipo e quantidade, independentemente de quem os tenha produzido, causando prejuízos irrisórios a seu consumo, isto quando há qualquer prejuízo perceptível ou mensurável. Um exemplo: enquanto bens produzidos em larga escala como impressoras, aparelhos de som ou carros ainda estão sujeitos a preferências de modelo e marca, quase não há diferenças no ferro extraído de minas em diferentes lugares do mundo.
43 - Commodities saíram de 24% em 1999 para 46% da nossa pauta de exportação em 2018. (49% em 2017). Manufaturados desceram de quase 60 para 38%. (35% em 2017).
44 - Doença holandesa e apreciação cambial (punindo a indústria): o recurso natural tem grande demanda no mercado internacional, fazendo com que os termos de troca se tornem favoráveis, mesmo com sobrevalorização da moeda nacional.
45 - Alguns citam a fragmentação de atividades e etapas produtivas que tornariam difícil mensurar a estrutura econômica. (talvez seja, mas fato é que tem caído no Brasil e em outros não sob qualquer metodologia que vi até agora)
46 - Ricardo Lobato Torres e Henrique Cavalieri, no artigo já citado, demonstram como os dois principais indicadores empregues no debate sobre a desindustrialização brasileira – a participação da indústria no PIB e a razão entre o valor da transformação industrial (VTI) e o valor bruto da produção industrial (VBPI) – podem sofrer vieses significativos. A primeira medida mostra oscilações bruscas devido a mudanças na metodologia, que via de regra não são levadas em conta e atrapalham as comparações de prazo mais longo. A segunda parece ser muito sensível a variações de taxa de câmbio e não captura as diferenças interindústria.
47 - Trata, ainda, da “industrialização da agricultura” e da “terciarização da indústria” que dificultariam as medições.
48 - Basicamente tudo vem no sentido de dizer que é difícil medir o nível da indústria na economia.
49 - No caso brasileiro, os bens primários responsáveis pela alteração na composição das exportações foram o minério de ferro e o petróleo; tanto a Vale, que extrai um, como a Petrobras, que extrai o outro, são empresas de topo mundialmente, empregando uma tecnologia sofisticada que envolve investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento (tradicionalmente colocada como “serviço”) e uma variada cadeia de serviços auxiliares. A componente de produtos agrícolas na pauta de exportações deve-se sobretudo ao agronegócio, um ramo em que a produtividade tem aumentado significativamente e que opera com uma tecnologia muito mais avançada do que a agricultura tradicional. (Ok, mas as demais indústrias poderiam ter crescido também. O aumento de produtividade nessas áreas não tem se mostrado um aumento de produtividade geral da economia brasileira, o que indica que para cada ramo de alta produtividade que cresce há um igual diminuindo, o que deve configurar no mínimo uma desindustrialização parcial, diferente da dos demais países).
50 - IED (investimento externo direto): Considera-se direto o investimento voltado para a aquisição de mais de 10% do capital de uma empresa estrangeira; qualquer participação em volume menor é chamada investimento de portfolio, ou investimento em carteira. (....) A tabela 3 apresenta uma tendência de crescimento nos investimentos diretos no país entre 2010 e 2012, seguida por uma retração entre 2013 e 2015 e uma retomada em 2016. A alta de investimentos entre 2010 e 2014 corresponde ao período em que a economia brasileira encontrava-se no “grau de investimento”. EUA são o maior em montante, mas… enquanto o fluxo do investimento yankee manteve-se regular, seguindo as tendências, os asiáticos, embora sócios minoritários da economia brasileira, aumentam seus investimentos em ritmo cada vez mais intenso.
51 - E o contrário? Segundo o Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras 2017, “de forma geral, as empresas brasileiras continuam aumentando gradativamente seu grau de internacionalização, seja em resposta ao atual contexto político-econômico do Brasil, seja como parte de um macro plano estratégico de atuação global”.
(continua...)
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