Esquerdistas - Textos Diversos V

 

Defendendo o Bolsa Família:

45 - Além de reduzir a desigualdade - de acordo com o estudo, ações como estas geraram uma redução de 21% no coeficiente de Gini brasileiro, índice que mede a desigualdade de distribuição de renda em uma sociedade -, permite que trabalhadores financiem a busca por emprego ou oportunidades melhores. Trata-se do oposto da “fábrica de vagabundos”. Bloomberg adotou também em Nova York um modelo parecido.

46 - Relatório publicado pelo Tribunal de Contas da União enterra a tese oposicionista de uso eleitoreiro do Bolsa Família. Uma auditoria realizada nos anos de 2004, 2005 e 2006 (ano de reeleição) pelo TCU não encontrou indícios de irregularidade eleitoral. Segundo o relatório, o programa não discriminaria os prefeitos do PSDB e DEM.

47 - 'Ninguém vai querer receber no máximo R$ 172, quando o salário mínimo é R$415', diz Serguei Soares, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Uma pesquisa feita no ano passado pela Fundação Getúlio Vargas sugere que o Bolsa-Família não afastou as pessoas beneficiadas do trabalho. 'Em igualdade de condições, as pessoas no Bolsa-Família trabalham ainda mais que as pessoas de fora do programa', afirma Neri, da FGV. 'Esse resultado desmistifica a idéia do efeito preguiça'. O lado negativo é que essa mesma regra foi observada entre crianças e adolescentes: há maior incidência de trabalho entre aquelas que estão inscritas no programa. (...) Segundo um estudo recente do governo, 1,4 milhão de famílias deixaram o Bolsa-Família em 2007. A maioria, 90%, por ter conseguido renda per capita superior a R$ 120, valor a partir do qual a exclusão do programa é automática.

 

Emir Sader - Por Que Hugo Chávez Ganhou:

48 - Os resultados da Venezuela de Chavez até 2009: Os resultados são claros: a extrema pobreza foi reduzida de 17,1 a 7,9. Cresceu a taxa de escolaridade e de pre-escolaridade, que subiu de 40 a 60%. (...) A taxa de mortalidade infantil diminuiu de 27 por mil a praticamente a metade: 14 por mil. O acesso a água potável subiu de 80 a 92% da população. Diminuiu significativamente a desigualdade social, a Venezuela subiu bastante no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, aumentou a expectativa de vida, diminuiu o desemprego, aumentou o trabalho formal em relação ao precário, foram legalizados milhões de aposentados, o consumo de alimentos subiu 170%.

 

Enrico Riboni - A Historia Negra do Cristianismo:

49 - Já foi fichado no arquivo “Pasta - Dados e Notícias Reveladoras (Mundo)”.

 

Estudante de CISO - Brasil é Uma Democracia ou Não:

50 - Não aprofunda. Sobre as falhas da nossa “democracia”.


Euclides André Mance - Quatro Teses Sobre o Neoliberalismo:

51 - Quer usar Kant contra o neoliberalismo. Humanamente livre é, para Kant, aquele homem que realiza sua própria autonomia, seguindo os ditames da sua própria razão esclarecida.

52 - Hegel vem pra tornar a coisa mais complexa. Se a razão “se esclarece” apenas caso lhe seja assegurada a liberdade, como assegurar esta? Não há, portanto, uma razão que possa esclarecer-se a si mesma independentemente de um conjunto de mediações históricas subjetivas e objetivas. Como a sociedade burguesa é a esfera dos interesses privados, Hegel vai propor a mediação estatal. Porém… Conforme Karl Marx (1818-1883) a realização da liberdade supõe condições objetivas não apenas políticas mas também econômicas.

53 - … Deste modo, a propriedade privada que possibilita o exercício caprichoso da liberdade de alguns é o que impede o exercício das liberdades mais elementares dos outros e até mesmo a satisfação adequada de suas necessidades básicas humanas como trabalhar, morar, comer, educar-se, desfrutar de um lazer mais criativo, etc. (...) O comunismo é para Marx a base material do exercício da liberdade, mas não é a configuração última da sociedade que deve desabrochar do pleno exercício da liberdade dos homens no que Marx chamou "Reino da Liberdade".

54 - Kant e como devem ser nossas leis morais, digamos assim: “Assim eu devo, por exemplo, procurar fomentar a felicidade alheia, não como se eu tivesse qualquer interesse na sua existência (quer por inclinação imediata, quer, indiretamente, por qualquer satisfação obtida pela razão), mas somente porque a máxima que exclua essa felicidade não pode estar incluída num só e mesmo querer como lei universal.” (...) “A pedra de toque para o estabelecimento do que devem ser as leis de um povo está em saber se o próprio povo poderia ter-se imposto as leis em questão (...). O que o povo não pode decretar para si próprio muito menos pode ser decretado por um monarca, pois a autoridade legislativa deste último baseia-se em que ele une a vontade pública geral na sua própria."

55 - … o liberalismo de Kant jamais poderá ser invocado para justificar o pragmatismo neoliberal que sepultou a razão esclarecida sob os interesses econômicos dos agentes privados, instituindo a indiferença frente ao amor no cumprimento do dever , amor esse que considerando cada outra pessoa como um fim e não simplesmente como um meio, busca realizar da melhor maneira possível a justa felicidade alheia.

54 - Exemplo da tese de Mance: Entre considerar a propriedade como meio para a realização da dignidade humana do conjunto dos sujeitos que constituem o povo de um país, ou considerá-la como privada ao uso coletivo para a realização da dignidade humana, a fim de atender somente aos interesses de seu dono particular, o liberalismo escolheu a defesa da propriedade privada, independentemente do estatuto imoral no trato dessa propriedade.

55 - Traz passagens de Kant num rodapé para defender (a meu ver com louvor) que “sob a concepção kantiana de moralidade, toda propriedade privada deve estar submetida às exigências da moralidade que nos impõe promover a felicidade alheia. Analisando a atitude moral de um sujeito frente a necessidade alheia, Kant considera a forma e o fim do imperativo categórico”.

56 - As pessoas são tratadas como meio quando tem de se submeter a leis que elas próprias não imporiam a si mesmas no correto exercício de sua razão respeitando a sua própria dignidade e tomando-se simultaneamente como um fim. Que pai ou mãe se imporia respeitar a cerca de um latifúndio que nada produz ou de um terreno baldio há dezenas de anos no espaço urbano quando vê seus filhos passando fome porque sendo agricultor não tem terra para plantar, ou sendo um desempregado que cata papelão ainda tem de pagar um aluguel exorbitante, o que lhes impede de alimentar minimamente seus filhos e a si mesmos ?

57 - … a ilusão propagada pelo neoliberalismo é a de que ele promove a liberdade de todos, sendo que apenas amplia o exercício de liberdade de uma parcela que tem cada vez mais acesso ao capital e à informação e estão servidos por uma legislação nacional e internacional que favorece os seus interesses privados.

58 - A parte do texto que trata de economia tem umas partes fracas, a não ser por constatar - o que também não é novidade - que o modelo de livre-concorrência é meio “fanfic” no capitalismo globalizado.

59 - Interessante: A partir de 1980, as empresas européias passam a sofrer enorme desvantagem em relação às empresas americanas e japonesas, em função de que Estados Unidos e Japão dispunham de um significativo mercado unificado. A Europa Ocidental, por outro lado, dividida em 12 países com diversidade de cultura, costumes e, especialmente, legislação, normas técnicas diferentes e barreiras alfandegárias, era um mercado de difícil penetração para as próprias empresas européias. Assim, por exemplo, com inovações tecnológicas em algumas fábricas da Philips no Estados Unidos, era possível produzir para um amplo mercado de todo o país, ao passo que na Europa era necessário implantar fábricas em diversos países -- multiplicando-se gastos -- para fazer frente às normas técnicas ou outras barreiras alfandegárias. Como aqueles pequenos países não tinham mercado amplo para sustentar a concorrência dessas empresas com as americanas ou japonesas, a alternativa era deslocar as fábricas rumo aos grandes mercados, potencialmente, fortes consumidores. Assim, as empresas européias automobilísticas e eletrônicas, pressionadas pela concorrência com EUA e Japão começam a pressionar pela unificação da Europa. Em seguida empresas de outros setores adotam a mesma posição como a Nestlé e a Unilever. Em 1984 um organismo que representa as indústrias européias elabora uma lista de reivindicações exigindo a unificação da legislação e liberação no continente das fronteiras internas, possibilitando o fluxo livre do capital, formam um lobby em torno deste programa e ameaçam investir fora da Europa se suas reivindicações não fossem atendidas.

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