Direitistas - Textos Diversos VIII


            Hoppe - Democracia - O Deus Que Falhou:

56 - Afirma que governantes são zeladores temporários e não se preocupam em deixar uma boa herança, como fazem os reis, que trata a “coisa” como sua.

57 - Diz que um rei pode acabar sendo decente (e se for louco será morto), mas um político nunca. Contrastando agudamente com essa situação, a seleção de governantes através de eleições populares torna praticamente impossível que uma pessoa inofensiva e decente chegue ao topo. Presidentes e primeiros-ministros conseguem conquistar suas posições por causa de sua eficiência em serem demagogos moralmente desinibidos. Assim, a democracia praticamente garante que apenas os homens perigosos chegarão ao topo dos governos.

58 - Coloca que a democracia leva os governos a focar no presente e na infantilização da sociedade, que terá tudo o que ela quer, desconhecendo que o que constrói riqueza é trabalho e poupança.

59 - Propõe a substituição da democracia por uma “ordem natural”. Uma ordem natural é caracterizada por cidadãos coletivamente armados. Essa característica é estimulada por empresas de seguro, que desempenham um papel proeminente como fornecedores de segurança e proteção em uma ordem natural.

60 - Os conflitos entre seguradoras e clientes de seguradoras distintas serão resolvidos por firmas de arbitragem independentes e contratadas pelas seguradoras. Elas é que irão legislar.

 

Hoppe - Por Que é Impossível Argumentar Contra a Propriedade Privada Sem Cair em Autocontradição:

61 - Mais um texto defendendo, com base em nada, que se uma pessoa é dona do próprio corpo ela pode ser dona de tudo mais que existir no mundo se for vencendo a guerra dos livres contratos, um “game of freedom” que nunca sequer existiu.

62 - Acho muito cômica toda essa discussão sobre homestead como se ele fosse a regra. Mesmo nos EUA certamente não é.

63 - Até defensores do “homestead” alertam para quão vago pode ser o critério do “misturar trabalho”. Tipo, basta cercar com um dedo, por exemplo? A lua agora é dos EUA ou só aquela parte da bandeirinha?

64 - (Não há uma regra a priori que legitime o direito de propriedade. O texto é uma coleção de arbitrariedades. Sequer podemos ter 100% de controle sobre todas as funções do nosso corpo quando nascemos. Precisamos de imediata ajuda externa. A propriedade só é justificável enquanto serve à sobrevivência e ao crescimento do bem estar humano. E não precisa necessariamente ser sempre privada, nem o tempo todo privada. Não é uma agressão que uma mãe ou um pai “forcem” um bebê a algo bom, por exemplo. Outros argumentos usei no meu TCC. Está melhor explicado lá.)

65 - O próprio princípio da não-agressão não é necessariamente existente a priori - embora eu concorde com ele a depender de como seja formulado.


Joseph R. Pedens - Sociedades Sem Estado - A Antiga Irlanda:

66 - Cita Irlanda celta de quase mil anos como exemplo de sociedade sem Estado que só sucumbiu devido a guerras de séculos contra uma Inglaterra mais rica e beligerante. O que guiava essa Irlanda eram os laços de parentesco e não de cidadania. Se diz que era uma anarquia: "não havia legislatura, conselhos municipais, polícia ou execução pública da lei" e "o Estado existia somente de forma embrionária". "Não havia traço de justiça administrada pelo Estado".

67 - Sem o aparato coercitivo do Estado que pode mobilizar grandes quantidades de armas e homens através da taxação e do recrutamento obrigatório, os irlandeses eram incapazes de sustentar uma força militar de larga escala por muito tempo. Afirma que mesmo quando perdiam para os ingleses, não aceitavam a inevitabilidade de um Estado, viam tudo apenas como uma restrição temporária à liberdade. … eles eram repetidamente caracterizados por comentadores ingleses como rebeldes naturais, incorrigíveis, bárbaros, selvagens que se recusavam a se submeter ao tipo de lei e ordem oferecido pelo Estado inglês

68 - A instituição política básica da antiga Irlanda era o Tuath. A associação era restrita aos Homens Livres que possuíam terras, membros de profissões reconhecidamente instruídas — poetas, videntes, médicos, juristas ou clérigos — ou habilidosos artesãos, moleiros, ferreiros, arquitetos, entalhadores, construtores navais, pescadores, músicos, cocheiros etc. Excluídos estavam os homens sem propriedade, escravos, estrangeiros, foras-da-lei e pequenos artesãos. As ações políticas eram tomadas numa assembléia anual de todos os Homens Livres; os reis eram eleitos ou depostos, as guerras declaradas e tratados de paz acordados, questões de interesse comum discutidas e políticas decididas. A assembléia era o povo soberano em ação.

69 - . O tuath é, então, um corpo de pessoas voluntariamente unidas para propósitos socialmente benéficos e a soma total das propriedades de terras de seus membros constituíam suas dimensões territoriais. Historicamente, houveram de 80 a mais ou menos 100 tuatha em diferentes períodos da história irlandesa, e poucos eram maiores que talvez de um quarto a um terço da moderna Irlanda. É improvável que a população excedesse 25.000 pessoas e normalmente era menor.

70 - O rei não administrava nada. Presidia assembleias e liderava batalhas. E era o alto sacerdote dos cultos.

71 - Os juristas eram independentes e aplicavam uma espécie de common law.

72 - As dívidas eram garantidas por fiadores.

73 - A peculiar ausência de moeda entre os irlandeses mil anos depois de sua introdução na Grã-Bretanha é outro testemunho da ausência do Estado na sociedade irlandesa.

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