Direitistas - Textos Diversos XVII - Razão e Evolução, A Epistemologia da Ordem Liberal
Lucas Mendes - Razão e Evolução, A Epistemologia
da Ordem Liberal (Hayek)
135 - Hayek crê que há dois racionalismos, o
construtivista, que traz as instituições como criações intencionais do homem e
da mente, e o evolucionista/crítico, que remete à espontaneidade no surgimento
dessas instituições. Não é algo planejado. Não somos tão inteligentes assim,
crê.
136 - Ele não vai muito com a cara do primeiro
racionalismo, que seria o preferidos dos “planejadores sociais”: No fundo, Hayek observa, “essa perspectiva
tem origem numa propensão profundamente arraigada no pensamento primitivo” que
interpreta de “forma antropomórfica toda regularidade encontrada nos fenômenos,
considerando-a resultado do desígnio de uma mente pensante”.
137 - Assim, para Hayek, os homens devem se guiar
por valores abstratos e não por planos.
138 - Defende certa arrogância cognitiva em
Hobbes e Rousseau por suas prescrições sobre o melhor tipo de sociedade. A perspectiva evolucionista defendida por
Hayek negará esta possibilidade. Seu ponto de partida será a “ignorância dos
agentes” ante a totalidade imensurável do conhecimento disperso em sociedade.
139 - Foi
graças aos esforços de Mandeville, Hume e Smith que tal confusão supostamente
pôde ser melhor resolvida. Estes pensadores observaram que existia uma
categoria de fenômenos que, dependendo da definição escolhida, pertencia a uma
ou outra das duas categorias. Disso emergiu a necessidade de criar uma terceira
e importante classe de fenômenos para o estudo e compreensão da realidade
social: aqueles que são resultados da ação humana, mas não de intenção humana.
140 - Hayek afirma ter havido uma revolta contra
as regras tradicionais que orientavam a vida dos homens em sociedade. É como se
não houvesse mais validade em qualquer lei natural, mas apenas na feita pelos
homens (como defendeu Rousseau). O austríaco vê a lei natural como fruto de um
longo processo de evolução e que, portanto, não deve ser contrariada. A moda
era, assim, o relativismo.
141 - Nada
disso é aceitável para Hayek. Moral, religião e direito; linguagem e escrita;
moeda e mercado, todas instituições fundamentais à vida humana, teriam emergido
espontaneamente em meio à complexidade e ao dinamismo das relações humanas. Não
foi preciso que nenhum homem ou governante as criasse deliberadamente.
142 - Não é possivel planejar a ordem social,
afirma: O construtivismo, ademais, falha
porque pressupõe que seja possível ao homem obter todos os dados relevantes
para a tomada de decisão consciente.
143 - Em
sentido oposto, o racionalismo evolucionista, defendido por Hayek, considera a
abstração “o meio indispensável à mente para enfrentar uma realidade que ela é
incapaz de compreender por completo” (p. 30). Aqui, novamente, o pressuposto
dos limites do conhecimento factual. Isso, todavia, não quer dizer que a
epistemologia evolucionista se baseie de modo desmedido no abstracionismo.
Abstração, no sentido empregado por Hayek, é uma faculdade da mente humana e
uma característica de todos os processos que determinam a ação. Nesse sentido,
a abstração constitui a base da capacidade do homem para mover-se com êxito em
um mundo que, no entanto, conhece apenas de modo bastante imperfeito. Trata-se
de noções cognitivas gerais que facilitam o entendimento e a ação humana ante uma
realidade impossível de ser retida em sua totalidade.
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