Direitistas - Textos Diversos X - Justiça Agrária - Fundamentos de Uma Reforma Liberal
Justiça Agrária - Fundamentos de Uma Reforma
Liberal:
80 - Até para Thomas Paine e o georgismo, o
direito de propriedade sobre a terra é diferente dos demais. Os recursos
naturais são propriedades comuns. Sua apropriação privada é meio que um
presente do “público”. Essa visão radical
sobre a terra culminou, e talvez tenha encontrado mais influência, com o
georgismo, o movimento que pode ser traçado até a figura do economista político
Henry George. Ele defendia o single tax [tributo único] sobre a terra, com o
argumento de que um aumento da população na comunidade aumenta a demanda por
terra, de forma que o proprietário tem um aumento no “valor natural da terra”
que não é advindo do trabalho e que é obtido às expensas daqueles que não têm
acesso a terra pela posse que foi conferida ao proprietário. Milton
Friedman até simpatiza com isso, afirma.
81 - … Mesmo Locke via a terra como originalmente
uma propriedade comum (e não “de ninguém”). Por isso criava obrigações para os
apropriadores.
82 - Prouhdon e Warren contra o landlordismo: Pela teoria de propriedade mutualista, o
direito de posse só é conferido aos frutos do trabalho, no caso da terra este
direito é condicionado pelo uso e ocupação.
Contra a terra improdutiva, portanto. Spooner e Tucker simpatizavam
com o mutualismo.
83 - Há georgista que diz que não é que a terra
seja propriedade comum, mas sim que pertence igualmente a cada indivíduo.
Enfim, como se houvesse uma divisão por igual.
84 - Roderick
Long chega a colocar a questão da seguinte forma: a matéria com que somos
feitos não é a mesma desde o nascimento, nossos corpos estão constantemente
ganhando e perdendo matéria física. Então, a propriedade sobre si mesmo não se
baseia exatamente na coisa em si (fisicamente falando), mas nos poderes de
decisão sobre este projeto continuado (ongoing project), que nós somos. A
propriedade é uma característica da agência humana, do seu intelecto.
85 - Levanta a questão das regras supostamente
éticas do “homesteading” desfavorecerem as pessoas que gostam da natureza em
seu estado selvagem, por exemplo. Dizer que atrapalham o crescimento e
sobrevivência de um grande número já é entrar no terreno do utilitarismo ou
mesma da função social desses recursos.
86 - Barreiras à apropriação privada: Esse texto de Roderick Long que vc falou é
interessante porque ele argumenta que o princípio de homesteading pode ser
usado para conferir um título de propriedade coletivo, já que algumas vezes o
trabalho é misturado ao recurso comunitariamente. Eu posso falar disso mais
adiante.
87 - Objeções de Miguel Madeira nos comentários: Mas mesmo admitindo que não estamos a falar
de pessoas que usuafruam da natureza selvagem para ganhar dinheiro; mesmo
alguém que goste de passear, p.ex., pelas margens de rios bravios (ou andar de
canoa no rio) por uma simples questão de lazer, não estará a tirar algum
“sustento” dessa actividade? Afinal, no fundo os seu passeios pelo rio são o
equivalente a um “bem de consumo” (algumas pessoas extraem utilidade de comprar
e ouvir um CD, ele extrai utilidade de passear no rio), e ele está também usando
o rio para “sustentar” esse “consumo” (pode-se argumentar que é um consumo
“supérfluo”, mas também muitas possiveis utilizações “transformativas” da
natureza podem ser para sustentar também consumos considerados “supéfluos”).
(...) Já agora, que acham do caso dos pescadores, caçadores e apanhadores de
marisco? Acham que se enquadram mais em que situação? São comparáveis aos que
transformam a natureza ou aos que não a transformam?
88 - Enfim, que tipo de “trabalho” e quanto tempo
de “trabalho” fundamentaria a apropriação original? (Na verdade, eu contesto a
própria decorrência lógica entre ser “dono” de si e ser dono de tudo que
“tocar”, “imprimir personalidade”, ou seja lá que termo vago usarem. As
primeiras perguntas aí são mais pra quem é da religião liberal mesmo.
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