Direitistas - Textos Diversos VII - As Elites Naturais, os Intelectuais e o Estado (Hoppe)

 

Hoppe - As Elites Naturais, os Intelectuais e o Estado:

42 - Diz que a origem do Estado pode ter sido “exógena” - uma imposição militar de um grupo organizado - ou “endógena”, que ele crê ser mais acertada e ter a ver com as elites naturais. O elitismo de Hoppe transpira aqui: Tal teoria foi apresentada por Bertrand de Jouvenel. De acordo com sua visão, o estado é o fruto do crescimento das elites naturais: o resultado natural de transações voluntárias entre donos de propriedade privada é algo não-igualitário, hierárquico e elitista. Em todas as sociedades, alguns poucos indivíduos adquirem o status de elite através do talento. Devido às suas conquistas superiores em termos de riqueza, sabedoria e bravura, esses indivíduos ganham o reconhecimento de autoridade natural, e suas opiniões e julgamentos passam a gozar de vasto respeito. Além disso, devido ao acasalamento seletivo, o matrimônio, e às leis da herança civil e genética, as posições de autoridade natural estão fadadas a serem passadas para os herdeiros seguintes de poucas e nobres famílias, que assim mantêm sua tradição. É para os chefes dessas famílias, que têm longos e firmados históricos de conquistas supremas, sagacidade e conduta pessoal exemplar, que os homens comuns levam suas queixas e conflitos contra outros homens. Esses líderes das elites naturais agem como juízes e pacificadores, frequentemente sem cobrar nada por esse serviço, seja porque ele é considerado como uma obrigação de uma pessoa munida de autoridade, seja pela preocupação de a justiça civil estar sendo tratada como um "bem público" produzido privadamente.

43 - O Estado nasce, para Hoppe, quando um membro dessas elites naturais consegue evocar para si o monopólio de tal jurisdição-pacificação. A partir daí a jurisdição fica mais cara e ineficiente, afirma.

44 - Só depois da I Guerra a monarquia perdeu definitivamente para a democracia nos países. Antes as monarquias eram regra - elites naturais - e a democracia uma exceção, que, ainda quando se apresentava, como na Grécia ou em algumas cidades da Renascença ou na Inglaterra sob Cromwell, era elitista. A maioria estava excluída.

45 - Hoppe supõe que os monopolizadores (reis) se aliaram com o povo para prejudicar os outros membros da elite natural, aproveitando-se do sentimento de inveja da população. (De onde que ele tira esses contos de fadas burgueses?)

46 - O interessante é que esse “rei” também seduz o intelectual: “... não é nada surpreendente que os intelectuais, que haviam inflado enormemente sua auto-imagem, se ressentissem desse fato. Como era injusto que aqueles - as elites naturais - que foram ensinados por eles fossem agora seus superiores e levassem uma vida confortável, enquanto que eles - os intelectuais - estivessem comparativamente pobres e dependentes! E justamente por isso não é de se estranhar que os intelectuais pudessem ser seduzidos facilmente por um rei que estivesse tentando se estabelecer a si próprio como o monopolista da justiça. Em troca de uma justificativa ideológica para o regime monárquico, o rei poderia oferecer aos intelectuais não apenas empregos melhores e de maior prestígio, mas sendo agora intelectuais da corte real eles poderiam finalmente dar o troco nas elites naturais por sua falta de consideração.”

47 - Diz que na transição para a democracia, o rei foi vítima das mesmas forças que mobilizou, quais sejam, a inveja do homem comum em relação a seus superiores e o desejo dos intelectuais de conquistar seu supostamente merecido lugar na sociedade. Foi aí que os intelectuais pretenderam virar, segundo Hoppe, a voz do povo.

48 - Como a mais elementar teoria econômica poderia prever, com a transição da monarquia para o sistema democrático de um homem/um voto e a substituição do rei pelo povo, as coisas pioraram. Reclama até da “queda” do jusnaturalismo e sua substituição por leis artificiais.

49 - Traz um monte de dados econômicos e sociais ruins desde então baseados em deus sabe lá qual fonte.

50 - Coloca que fortunas de grandes famílias - elites naturais - foram confiscadas pelos impostos…

51 - Existem ricos atualmente, é claro, mas mais do que frequentemente eles devem suas fortunas direta ou indiretamente ao estado. Por isso, eles geralmente são mais dependentes dos favores contínuos do estado do que muitas pessoas de riqueza bem menor. Eles não mais são os típicos chefes de antigas famílias proeminentes, mas "novos ricos". Suas condutas não são caracterizadas pela virtude, sabedoria, dignidade ou gosto, mas são o reflexo da mesma cultura proletária de massa - que preza a orientação voltada para o presente, o oportunismo e o hedonismo - que os ricos e famosos agora compartilham com todo o resto. Consequentemente - e ainda bem -, suas opiniões não têm mais peso sobre a opinião pública do que a opinião da maioria das outras pessoas.

52 - Coloca que os intelectuais se tornaram a classe dominante. Diz que são funcionários públicos, recebendo mais que seu real valor de mercado e produzindo defesas ideológicas do estatismo.

53 - Ah, e Milton Friedman é um igualitarista de esquerda, claro. Afirma.

54 - A esperança de Hoppe - :) - é que todo esse socialismo entronizado cause crise econômica insuportável e líderes comandem uma guinada em direção ao livre mercado.

55 - Prega o “intelectual antintelectual” - eu diria que é o olavismo econômico. E de fato, não apenas deve-se aceitar o fato de que tal pessoa será marginalizada pelo establishment acadêmico, como também ela deverá esperar que seus colegas tentarão de tudo para arruiná-la. Apenas veja o que aconteceu com Ludwig von Mises e Murray N. Rothbard. Os dois maiores economistas e filósofos sociais do século XX foram ambos inaceitáveis e não-empregáveis para o establishment acadêmico. Entretanto, por toda a suas vidas, eles nunca cederam, nem um milímetro. Eles nunca perderam a dignidade e nunca sucumbiram ao pessimismo. Ao contrário, em face de constantes adversidades, eles permaneceram destemidos e até mesmo animados, e trabalharam a um nível espantoso de produtividade. Eles estavam satisfeitos em serem devotos da verdade e de nada mais do que a verdade.

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