Direitistas - Textos Diversos II - A Ética e a Economia da Propriedade Privada (Hoppe)
Hoppe - A Ética e a Economia da
Propriedade Privada:
17 - Traz a regra social de ouro. Segundo
ele: cada um é dono de seu próprio corpo
físico, bem como de todos os lugares e bens da natureza que ele ocupe e coloque
em uso através de seu corpo, desde que ninguém mais já tenha ocupado ou
utilizado esses mesmos bens e lugares antes dele. (eu discordo já aí, mas
beleza).
18 - Coloca que a partir do momento que
se sabe que uma regra moral não pode defender que A é dono do corpo de B (já
que as regras morais têm que ser universalmente válidas a todos os racionais),
está criada a “propriedade privada” que impossibilitaria as “co-propriedades”.
Por que? Pensa que explica, mas não explica. Afinal, os seres humanos podem se
organizar da melhor forma que decidirem e quiserem.
19 - Joga alguns argumentos bem toscos,
como o de que se uma pessoa não tiver direito de propriedade sobre outras
coisas, ela morrerá. Até é verdade, por não poder trabalhar, mas não o “direito
de propriedade privada”. Ela pode trabalhar com e produzindo bens comuns.
20 - A regra do “primeiro
usuário/primeiro dono” não advém de nenhuma necessidade especial (a
socialização de um determinado tipo de propriedade não implica necessariamente
a socialização de tudo, inclusive dos corpos humanos, tudo dependendo sempre de
como as pessoas pretendem se organizar) e tem pouca aplicabilidade prática nos
tempos atuais após tantas guerras, violências, imoralidades e contextos.
21 - Ele parece partir de um 8 ou 80
injustificável, em que toda propriedade tem que ser privada ou toda tem que ser
comum e que, como é impossível que tudo seja comum (e que essa última hipótese invalidaria sermos donos ao menos das cordas vocais e do cérebro pra poder argumentar...), tudo deve
ser privado. Não apenas privado, mas do primeiro a “usar”, porque outras regra
seriam supostamente inaplicáveis.
22 - Todo
ato de apropriação original melhora o bem-estar do apropriador (pelo menos ex
ante); caso contrário, tal ato não seria executado. Ao mesmo tempo, ninguém
fica em situação pior por causa desse ato. Qualquer outro indivíduo poderia ter
apropriado esses mesmos bens e territórios caso ele tivesse reconhecido-os como
escassos - logo, valiosos. (Isso é tão evidentemente falso que não dá nem
gosto de argumentar. Basta imaginar um grupo que resolvesse se apropriar de
todo bem valioso que está sendo tratado como “comum” e usasse isso para
explorar as demais pessoas. A não ser que considere que o bem já era
“apropriado” comunalmente, mas aí surge o problema de determinar o que é
apropriação. Floresta preservada, por, sei lá, valor estético, está
apropriada?).
23 - No
caso da co-propriedade igual e universal - comunismo universal em vez de
propriedade privada - o preço a ser pago seria a morte instantânea da
humanidade, pois uma co-propriedade universal significaria que ninguém teria a
permissão para fazer qualquer coisa, inclusive se mover para algum lugar.
(Esse cara já ouviu falar em regras, costumes e coisas do tipo?)
24 - Ele usa o critério de Pareto para
defender sua tese, o de que a apropriação que não gera custos a outras pessoas,
mas tão somente o benefício do apropriador, é a otimização do bem estar social.
Porém, esquece que é coletivamente - através da argumentação de iguais (ao
menos como horizonte utópico) - que se
deve decidir se há ou não custos aos demais. Se essa decisão fica a cargo
sempre do apropriador original, ele evidentemente tenderá a negar qualquer
custo ou externalidade.
25 - (Na moral, prefiro meu TCC a esse
texto)
26 - Aqui um argumento que me parece mais
de fundamentação utilitarista - embora a linha dele seja mais “jusnaturalista”
ou sei lá como chamar: Qualquer sistema
que dê aos não-produtores, não-comerciantes e não-apropriadores o controle,
total ou parcial, sobre os bens apropriados, produzidos ou comercializados por
terceiros, é um sistema que necessariamente levará a uma redução de futuros
atos de apropriação original, produção e trocas mutuamente benéficas. Pois,
para as pessoas que executam esses atos, cada uma dessas atividades está
associada a determinados custos, e os custos de se realizar esses atos aumenta
sob um sistema hegemônico, ao passo que os custos de não realizá-los, diminui.
O consumo presente e o lazer se tornam mais atraentes do que a produção
(consumo futuro), o que faz com que o nível da produção fique abaixo do que
poderia ser. Quanto aos soberanos, o fato de que eles podem aumentar sua
riqueza simplesmente expropriando qualquer propriedade apropriada, produzida ou
adquirida contratualmente por terceiros irá levar a uma utilização esbanjadora
e destrutiva da propriedade à sua disposição.
27 - Afirma que desde Aristóteles
(“Política”) se sabe que os homens tendem a serem mais negligentes com a propriedade
comum que com a privada. E que a comum gera mais discórdia...
28 - Critica Coase e Posner: Entretanto, enquanto que para Rothabrd a
propriedade privada e a ética logicamente precedem a economia, para os
chicaguenses a propriedade privada e a ética estão subordinadas à economia e a
todas as considerações econômicas. De acordo com Posner, qualquer coisa que
aumente a riqueza social é justa.
29 - Cita o exemplo da ferrovia que solta
faíscas na plantação de um fazendeiro. O jusnaturalista vai perguntar quem
chegou primeiro. Coase vai querer saber apenas da solução menos custosa, ou
seja, que maximiza o bem estar. Hoppe fica puto com isso, mas já que invoca o
critério de Pareto páginas atrás para justificar suas teses, não deveria ficar
tanto, pois não é tão diferente quanto ele pensa.
30 - A crítica de Hoppe a Coase está no
fato de que os apropriadores originais podem ser punidos por retardatários na
teoria do último, sendo que os “apropriadores” não sabiam que teriam esse custo
a mais no início da empreitada, então torna-se algo injusto e que vai coibir
novas apropriações-empreitadas-investimentos e, justamente, diminuir o bem
estar geral no fim das contas.
(continua devido aos comentários...)
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