Filosofia - Textos Diversos XLIX - Poder em Foucault (Pós-Modernismo) x Karl Marx
Marcelo e Grasiela -
Poder em Foucault (Pós-Modernismo) x Karl Marx:
188 - A isto
se relaciona a defesa de que esta sociedade contemporânea seria de um tipo
pós-industrial, isto é, que não teria no processo produtivo a sua lógica
fundante, como na época moderna, mas estaria muito mais ligada ao crescimento
do setor de serviços e à exacerbação do consumo. Hardt e Negri falam em pós-modernismo
nesse sentido, segundo os autores.
189 - Diz que a crítica
pós-moderna à perspectiva totalizante (capital etc.) parte da microfísica e
genealogia do poder de Foucault.
190 - Foucault não vê
centros de poder, nem que uma classe detém o Estado. Ele está fluindo em
táticas de governabilidade, mas não há centro controlador. Ninguém é dono do
poder. Todos o exercem. Dessa forma, se o poder não tem centro,
trabalha-se com o local, o micro, o corpo, o hábito.
191 - Foucault vê outro
problema ainda no marxismo: a pretensão,
inerente a essa teorização, de se constituir como uma forma de poder, no
sentido de que ela traria consigo a pretensa única forma de fazer ciência, isto
é, de descobrir a verdade.
192 - Genealogia: um projeto para libertar os saberes
históricos dessa sujeição e opressão construídas pelos saberes totalizantes e
pretensamente científicos: “a reativação dos saberes locais – menores, diria
talvez Deleuze – contra a hierarquização científica do conhecimento e seus
efeitos intrínsecos de poder, eis o projeto das genealogias desordenadas e
fragmentárias” (Foucault, 2007: 172).
193 - Harvey e a
influência indireta de Foucault no desenrolar dos anos 60 em diante: É clara a crença de Foucault no fato de ser
somente através de tal ataque multifacetado e pluralista às práticas localizadas
de repressão que qualquer desafio global ao capitalismo poderia ser feito sem
produzir todas as múltiplas repressões desse sistema numa nova forma. Suas
idéias atraem os vários movimentos sociais surgidos nos anos 60 (grupos
feministas, gays, étnicos e religiosos, autonomistas regionais, etc.), bem como
os desiludidos com as práticas do comunismo e com as políticas dos partidos
comunistas.
194 - Como esses
fragmentos enfrentam algo totalizante como a lógica do capital? Ou esta não
seria totalizante? Wood constata: No
capitalismo, muita coisa pode acontecer na política e na organização
comunitária em todos os níveis sem afetar fundamentalmente os poderes de
exploração do capital ou sem alterar fundamentalmente o equilíbrio decisivo do
poder social.
195 - Nem toda
fragmentação, porém, deixa de enfrentar de alguma forma a lógica do capital:
...as distintas lutas, em distintas
arenas (opressão de gênero, raça, movimentos ecológicos, étnicos, etc.) são
formas reais de confronto ao capital enquanto, e desde que, partes de uma
totalidade de oposição à lógica do capital.
196 - Por que as lutas
isolacionistas perderão caso não se alinhem a uma postura anticapitalista: porque
“quando os setores menos privilegiados da classe trabalhadora coincidem com as
identidades extra-econômicas como gênero ou raça, como acontece com freqüência,
pode parecer que a culpa pela existência de tais setores é de causas outras que
não a lógica necessária do sistema capitalista” (Wood, 2003: 229). As
consequências econômicas não poderão ser enfrentadas de forma fragmentada.
197 - Para o
pós-modernismo, não há “sujeito revolucionário”, até pela emergência de
sociedade pós-industrial (ou de serviços) e do trabalho imaterial de que fala
Negri.
198 - Negri e Hardt creem
que o trabalho imaterial pode desarmar o antagonismo da lógica do capital e
possibilitar um crescimento comunista sem luta (posição absurda segundo Marcelo
e Grasiela): “Na expressão de suas
próprias energias criativas, o trabalho imaterial parece, dessa forma, fornecer
o potencial de um tipo de comunismo espontâneo e elementar” (Hardt e Negri,
2001: 315).”
199 - Chauí: “... o pós-modernismo comemora o que designa de
‘fim da metanarrativa’, ou seja, dos fundamentos do conhecimento moderno,
relegando à condição de mitos eurocêntricos totalitários os conceitos que
fundaram e orientaram a modernidade: as idéias de verdade, racionalidade,
universalidade, o contraponto entre necessidade e contingência, os problemas da
relação entre subjetividade e objetividade, a história como dotada de sentido
imanente, a diferença entre Natureza e cultura etc. …”
200 - Seria o
pós-modernismo: Outro mundo é possível,
desde que não seja construído a partir de uma identidade unificadora e
totalizante.
201 - Também pode ser
conservador ao constatar uma fragmentação imbatível, que teria decretado o fim
da história e tornado qualquer esforço inútil.
202 - A luta de classes
não seria mais possível. A unidade foi esvaecida
no processo de fragmentação e construção de micro-identidades relacionadas a
qualquer referente entendido como comum pelos sujeitos que delas fazem parte.
203 - O pós-modernismo nega o projeto
emancipatório, o socialismo, justamente por que nega, além de qualquer
interpretação (proposta) totalizante, uma perspectiva verdadeiramente histórica
para o ser humano, como se este não fosse o responsável pela criação das
condições objetivas nas quais vive, inclusive a pós-moderna! E isto, no final
das contas, trata-se da afirmação/defesa do presente, isto é, do capitalismo.
204 - Concluindo: os distintos
movimentos sociais que se confrontam, em maior ou menor grau, com a lógica do
capital, em suas distintas formas de manifestação, teriam uma dupla validade.
Uma validade em si, definida pela luta dentro dos seus próprios marcos
específicos (movimento ecológico, agrário, racial, etc.), e uma validade para
além de suas respectivas especificidades, dentro de uma luta mais geral contra
o conteúdo da lógica do capital.
205 - Foucault é menos
pós-moderno que os pós-modernistas: “evidentemente
como aliado do proletariado pois, se o poder se exerce como ele se exerce, é
para manter a exploração capitalista... as mulheres, os prisioneiros, os
soldados, os doentes nos hospitais, os homossexuais iniciaram uma luta específica
contra a forma particular de poder, de coerção, de controle que se exerce sobre
eles. Estas lutas fazem parte atualmente do movimento revolucionário, com a
condição de que sejam radicais, sem compromisso nem reformismo, sem tentativa
de reorganizar o mesmo poder apenas com uma mudança de titular” (Foucault,
2007: 77-78). - Trecho do próprio Microfísica...
206 - Os autores
acreditam, porém, na hierarquia das lutas: Nem
todas as lutas fragmentadas têm potencialidade anti-sistêmica, apesar do fato
de que as diferentes contestações devem fazer parte do projeto emancipatório.
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