Filosofia - Textos Diversos L - Sobre o Significado Político do Positivismo Lógico

 

Marcos Barbosa de Oliveira - Sobre o Significado Político do Positivismo Lógico:

218 - Devido à influência, por um lado, do Materialismo e empirio-criticismo de Lênin, por outro, da crítica dos frankfurtianos, o positivismo lógico, aqui no Brasil e em outras partes do mundo foi tradicionalmente visto pela esquerda como uma filosofia conservadora, ou mesmo reacionária.

219 - Lowy coloca em seu livro “Aventuras de Karl Marx…” que o positivismo de Condorcet e Saint Simon, que era uma utopia crítico-revolucionária anti-absolutista acabou por se tornar, com Comte e Durkheim, uma ideologia conservadora e da ordem.

220 - Popper rejeita o termo positivista. Há confluências e divergências, afirma o autor. O livro de Lowy critica Popper na primeira seção como se fosse um positivista.

221 - Opinião de Marcos: Esquematicamente: o positivismo começa sendo de esquerda, com Condorcet e Saint-Simon, vira para a direita com Comte, Durkheim e muitos outros, volta à esquerda com o positivismo lógico da fase vienense, e depois, mais uma vez para a direita, no positivismo lógico da fase anglo-saxônica.

222 - Lowy cita três características do positivismo: a) sociedade harmônica e regida por leis naturais invariáveis; b) epistemologia das ciências naturais se aplica às sociais; c) ciências sociais devem evitar preconceitos e pré-noções e buscar explicações causais e neutras.

223 - Primeiríssima fase do positivismo, a dos Enciclopedistas: O cientificismo positivista é aqui um instrumento de luta contra o obscurantismo clerical, as doutrinas teológicas, os argumentos de autoridade, os axiomas a priori da Igreja, os dogmas imutáveis da doutrina social e política feudal.

224 - A sociedade como organismo de Saint Simon não visava, portanto, manter a ordem.

225 - Com Comte, os preconceitos a serem combatidos pela neutralidade são os “preconceitos revolucionários” e não os conservadores.

226 - O positivismo lógico surge com o manifesto do Círculo de Viena em 1929. O incremento da inclinação metafísica e teologizante que hoje se verifica em muitas associações e seitas, em livros e periódicos, em conferências e cursos universitários, parece apoiar-se nas violentas lutas sociais e econômicas do presente. ...

227 - O Círculo queria transformar a sociedade conservadora (Império Austro-Húngaro). Eram socialistas e vistos como ameaça. O “líder”: Neurath era também, do ponto de vista político, aquele situado mais à esquerda. Ele se considerava marxista – na linha do austro-marxismo –, e participou do governo revolucionário da Baviera em 1918, na qualidade de presidente do Departamento de Planejamento Central. (Depois do fracasso da revolução, foi preso e processado.)

228 - Viam o marxismo como ciência social empírica, como sociologia. Eram influenciados pelo “neo-kantismo”.

229 - O pensador John O’Neill vai ressaltar que a ciência unificada do “Círculo” não se tratava de trazer o método das ciências naturais para as sociais. Tem a ver com a seguinte polêmica: É possível o planejamento central dada a divisão do conhecimento? Esta questão forma a base da segunda fase do debate sobre o cálculo socialista provocado por Hayek. [...] Sua argumentação é epistêmica – sustentando que a divisão social do conhecimento entre diferentes atores sociais elimina a possibilidade de planejamento racional numa economia socialista. [...] o projeto de uma ciência unificada tinha em parte o objetivo de mostrar que as divisões do conhecimento poderiam ser superadas para fins do planejamento socialista racional.

230 - A análise proposta não é a de que o ideário positivista, abstratamente considerado, tem tanto elementos conservadores quanto progressistas; é a de que o significado político deste ideário depende do contexto histórico. No mais, diz que não estamos no período de usá-lo.

231 - As contribuições de Kuhn, como se sabe, geraram uma enorme controvérsia quanto a seu significado mais geral. Há por um lado uma corrente muito forte que as vê como uma negação do caráter racional da ciência, tendendo ao relativismo. Esta corrente inclui por um lado aqueles – como Feyerabend, e, posteriormente, os críticos pós-modernos da ciência – que vêem com bons olhos esta guinada, por outro a corrente ortodoxa, especialmente de Popper e seus seguidores, que a rejeita vigorosamente. Kuhn toma esta linha interpretativa como uma acusação, e a repele. Em seus inúmeros pronunciamentos referentes a esta questão, ele se coloca sistematicamente no campo racionalista. (...) Seja como for, o fato é que, excluindo Feyerabend e a linha pós-moderna, continuou a existir na tradição da filosofia da ciência uma vertente central ortodoxa, dominante no âmbito acadêmico, a qual preservou os elementos ideológicos do ideário positivista herdados de suas fases anteriores. 

232 - Kuhn teria inaugurado o pós-positivismo. O que queria era ajustes na racionalidade científica.

233 - O texto é bom, mas faltou explicar melhor essa fase anglo-saxônica. Os autores.

 

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