Filosofia - Textos Diversos LXII - Positivismo

(continuação...)

430 - Características de Comte preservadas pelo Círculo de Viena segundo Giddens: A reconstituição da história como a realização do espírito positivo [...]. A fase positiva do pensamento não é transitória. 2. A dissolução final da metafísica, intimamente ligada à idéia da supressão da própria Filosofia [...]. As questões postuladas pela Filosofia metafísica são destituídas de conteúdo. 3. A existência de um limite claro e definível entre o factual, ou o ‘observável’, e o imaginário, ou ‘fictício’. [...] Comte adota o ponto de vista do empiricismo [...]. 4. O ‘relativismo’ do conhecimento humano. [...] A ciência [...] não pretende essências ou causas finais. O conhecimento científico não é nunca ‘acabado’, mas constantemente aberto à modificação e melhoria. 5. O laço integral entre a ciência e o progresso moral e material da humanidade.

431 - Russel e Wittgenstein também influenciaram o Círculo.

432 - Carnap flexibilizou o rigor do Círculo que, inicialmente, só aceitava certeza e o que tivesse verificação empírica:  Como conseqüência, Carnap deu nova forma ao princípio concebendo as idéias ou noções de "confirmabilidade" e "testabilidade" a fim de concluir se uma proposição teria significado ou não. Assim, em vez de verificar se determinada proposição tinha comprovação empírica ou não, Carnap passou a defender a verificação de certo grau de confirmabilidade daquela segundo dados empiricamente observados. (...). Em síntese, de seu modelo apreende-se que uma proposição pode ser testável completamente, testável apenas parcialmente, confirmada parcialmente ou confirmada por completo, que corresponderia à verificabilidade da proposição.

433 - Popper era próximo ao Círculo, mas tinha críticas. Popper negava a afirmação positivista de que os cientistas podem provar uma teoria por indução [como queria, por exemplo, Carnap com sua lógica indutiva] ou por testes empíricos ou observações sucessivas. Nunca se sabe se as observações foram suficientes; a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu. As observações nunca são capazes de provar uma teoria; só podem provar a sua inverdade ou refutá-la.

434 - Popper rejeitando o rótulo: Eu sempre lutei contra a estreiteza das teorias ‘cientificistas’ do conhecimento e, especialmente, contra todas as formas de empirismo sensualista. Eu lutei contra a imitação das ciências naturais pelas ciências sociais e pelo ponto de vista de que a epistemologia positivista é inadequada até mesmo em sua análise das ciências naturais as quais, de fato, não são ‘generalizações cuidadosas da observação’, como se crê usualmente, mas são essencialmente especulativas e ousadas [...].

435 - O positivismo instrumental, característico dos EUA, é criticado por se perder em mera sistematização de dados. Mills vai criticar isso. Assim, para ele, "o empirismo abstrato não é caracterizado por qualquer proposição ou teoria substantiva. Não se baseia em qualquer concepção nova da natureza da sociedade ou do homem, ou quaisquer fatos particulares com eles relacionados. 

436 - Achei mal explicada essa última forma.

437 - Círculo de Viena e Popper: Como procurei mostrar, há, dentre outras, uma diferença entre eles, pois enquanto os positivistas lógicos defendiam a utilização do método indutivo, Popper considerava a necessidade de se usar o hipotético-dedutivo. Da mesma forma, posso ainda apontar outra distinção, que provoca uma discussão relevante para a filosofia das ciências, qual seja: enquanto os primeiros defendiam o "princípio da verificabilidade"  para atestar se uma proposição tinha ou não significado, isto é, se era ou não científica, observando se os dados empíricos corroboravam a sua ocorrência  ou mesmo em sua formulação mais branda dos graus de confiabilidade e testabilidade, de Carnap, Popper partia de premissa, perece-me, inversa, mas que, no entanto, tinha o mesmo objetivo, com seu "princípio da refutabilidade" de hipóteses.

438 - O certo é que tanto Popper quanto os positivistas lógicos, antes de mais nada, estavam preocupados em demarcar claramente o caráter científico das ciências sociais, e diferentemente de Comte e Durkheim, por motivos que devem parecer evidentes, sem partir de especulações, tais como o modelo dos três estágios de Comte ou a homogeidade social que resultava na solidariedade mecânica de Durkheim.

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