Filosofia - Textos Diversos LI
Marcos Guilherme Beichor
- Digresses Clínicas a Partir de Foucault:
234 - O capitalismo bombardeia a subjetividade com
as demandas que fomenta, faz reverberar seu mecanismo funcional por sedução –
investe na realização dos desejos, das promessas, do sucesso, investe em
imagens, estilos, ambientes, em modos de se vestir, modos de se comportar,
modos de sentir, de pensar e de agir – para depois solicitar nossa
correspondência, nossa fidelidade e nossa ‘inclusão’.
235 - Cita um comercial
de uma mãe arrumando o filho em tempo recorde, com a mensagem publicitária
final “bonitinha”: porque a vida é uma eterna competição! Segundo Lazzarato (parceiro de Negri, acrescento), esse jogo de relações, essa engenharia que
circula em torno de elementos abstratos – porém não menos reais – que passa a
determinar as novas relações econômicas e vitais na atualidade, fomentando a
produção de valores, a manipulação dos afetos e a regulação da informação,
constitui o chamado ‘trabalho imaterial’.
236 - “A particularidade da mercadoria produzida
pelo trabalho imaterial (...) está no fato de que ela não se destrói no ato do
consumo, mas alarga, transforma, cria o ambiente ideológico e cultural do
consumidor.”
237 - Biopoder em
Foucault: um poder destinado a produzir
forças, a fazê-las crescer e a ordená-las mais do que a barrá-las, dobrá-las ou
destruí-las. Tomada e adestramento do corpo enquanto máquina. Ampliação de
aptidões crescimento da docilidade
enquanto integração ao sistema.
238 - Biopoder
possibilita biopotência também. Pelo que entendi, é a resposta...
239 - Foucault elogia o
Anti-Édipo de Deleuze pelo papel que este dá ao desejo e também por isso: “Questões que se ocupam menos com o porquê
das coisas do que com seu como. Como se introduz o desejo no pensamento, no
discurso, na ação? Como o desejo pode e deve desdobrar suas forças na esfera do
político e se intensificar no processo de reversão da ordem estabelecida?”
240 - Foucault critica
psicanalíticos, burocratas da revolução e “o
inimigo maior, o adversário estratégico (...): o fascismo. E não somente o
fascismo histórico de Hitler e Mussolini (...), mas também o fascismo que está
em todos nós, que ronda nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o
fascismo que nos faz gostar do poder, desejar essa coisa mesma que nos domina e
explora”.
241 - Foucault prega uma
ação política sem “paranóia totalizante”. Livrem-se
das velhas categorias do Negativo (a lei, o limite, as castrações, a falta, a
lacuna) que por tanto tempo o pensamento ocidental considerou sagradas,
enquanto forma de poder e modo de acesso à realidade. Prefiram o que é positivo
e múltiplo, a diferença à uniformidade, os fluxos às unidades, os agenciamentos
móveis aos sistemas. Considerem que o que é produtivo não é sedentário, mas
nômade.
242 - O autor transforma
tais conselhos no seguinte guia prático de perguntas: em que lutas nossos corpos e pensamentos estão atualmente engajados?
Estão a serviço de quais ideais e quais os objetivos de nossas ações
cotidianas? Que maquinações políticas fazemos funcionar? Qual a nossa
trincheira? (...) se o desejo é feito de multidão, que multidão queremos para o
nosso desejo? A que multidão nosso desejo está conectado? Como fazer reverberar
no desejo seus componentes de multiplicidade? ...
(...)
Marx - Teses Sobre
Feuerbach:
296 - A própria atividade
humana é uma atividade objetiva. Feuerbach quer ver tudo em termos de
contemplação e objetos.
297 - Tese 2:
O problema de saber se ao pensamento humano se pode atribuir uma verdade
objetiva não é um problema prático. É na prática onde o homem deve demonstrar a
verdade, isto é, a realidade, o poder, a materialidade do seu pensamento. A
discussão em volta da realidade ou irrealidade do seu pensamento - isolado da
prática - é um problema meramente escolástico.
297 - Tradução melhor: https://www.marxists.org/portugues/marx/1845/tesfeuer.htm
298 - O homem é produto
do meio (educação) e das circunstâncias? Ok, mas quem educa o educador? Quem
transforma as circunstâncias? A
coincidência do mudar das circunstâncias e da atividade humana só pode ser
tomada e racionalmente entendida como práxis revolucionante.
299 - Na sexta tese,
afirma que não há essência humana descolada de suas relações sociais. Não é uma
abstração. Trata-se de compreender a prática humana. Por isso, o máximo que o materialismo contemplativo
[...] consegue, isto é, o materialismo que não compreende o mundo sensível como
atividade prática, é a visão [...] dos indivíduos isolados na "sociedade
civil".
300 - A tese onze eu já
sei.
.
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