Filosofia - Textos Diversos LXVII
Robert Kurz - O Pesadelo
da Liberdade:
480 - Basicamente diz
que, na sociedade capitalista, as
“liberdades” e “igualdade” fora da fábrica só existem devido à exploração
dentro dela, à força de trabalho humana ter virado mercadoria. Enfim, nenhuma
novidade para os marxistas. Já conhecem tal hipocrisia.
481 - Faz uma crítica um
tanto abstrata: Particularmente os
utópicos, socialistas democráticos e libertários, anarquistas e dissidentes dos
países do socialismo de Estado apelaram sempre para os ideais de liberdade e
igualdade, sem reconhecer que eles se restringem à esfera da circulação e sem
enxergar o nexo interno de liberdade e não-liberdade existente na modernidade. Muitos
reconhecem.
482 - A crise mundial provocada pela terceira Revolução Industrial expulsa
um número cada vez maior de pessoas da produção real, convertendo-os
forçosamente em agentes da circulação. Como operadoras de serviços baratos de
todo tipo, como vendedoras, comerciantes de rua e até como pedintes, elas
próprias vivenciam agora, de modo paradoxal, a esfera da liberdade e da
igualdade como o jugo de um trabalho secundário; a ditadura da produção se
estende a atividades cada vez maiores da circulação, até chegar ao empresariado
da miséria.
483 - Critica os
entusiastas da “moralização” da concorrência. Querem “frear o cavalo pelo
rabo”. Inspiram-se na economia de presentes e outros “blablabla”. A emancipação social aparece então como mera
conseqüência de uma utopia da liberdade e igualdade do sujeito da circulação,
supostamente "realizada" em pequenos grupos.
Roberto Schwarz - O
Sentido Histórico da Crueldade em Machado de Assis:
484 - Coloca Brás Cubas
como portador de uma postura de respeito e escárnio, ao mesmo tempo, em relação
à sua pretendente não abastada. Quase pobre. Faltando fundamento prático à autonomia do indivíduo sem meios — em
conseqüência da escravidão o mercado de trabalho é incipiente — o valor da
pessoa depende do reconhecimento arbitrário (e humilhante, em caso de vaivém)
de algum proprietário. (...) O seu
acesso aos bens da civilização, dada a dimensão marginal do trabalho livre, se
efetiva somente através da benevolência eventual e discricionária de indivíduos
da classe abonada.
485 - O lavrador
brasileiro era a maioria da população nesse período histórico, o que gerava,
segundo autores, pouco horizonte de crescimento: trata-se de uma população sem meios, nem recurso algum, ensinada a
considerar o trabalho como ocupação servil, sem ter onde vender os seus
produtos, longe da região do salário — se existe esse El Dorado, em nosso país
— e que por isso tem que resignar-se a viver e criar os filhos, nas condições de
dependência e miséria em que te lhe consente vegetar.
486 - Saudade de ler Brás
Cubas lendo as citações aqui. Que livro foda! E a análise de Schwarz é muito
perspicaz. Nem sei se eu cheguei a tanto na época.
487 - Depois, Brás Cubas
dá no pé. Dada a assimetria destas
relações, em que, pela razão exposta, a parte pobre não é ninguém, tudo se
resume na decisão da parte proprietária, a que não há nada que acrescentar.
488 - A desculpa do
“coxa”: Não obstante, será ela, a
inferioridade física, o pivô das cogitações do moço. Este despejará sobre a
deformidade natural os maus sentimentos que lhe inspira o desnível de classe,
e, mais importante, verá a iniqüidade social pelo prisma sem culpa e sem
remédio dos desacertos da natureza.
489 - Num determinado
momento do livro: Participar ou não do
brilho sem sentido da Corte, ou, mais genericamente, do setor europeizante da
sociedade (“a fraseologia, a casca”), eis a questão, em que naturalmente não se
incluso ser-ou-não-ser da prerrogativa social.
490 - Por que casou com
Nhá Loló? Por que essa repelia seu passado. O
problema portanto não estava no casamento desigual, admissível desde que
reafirme o domínio dos proprietários. Inadmissíveis são a dignidade e o direito
dos pobres, que restringiriam o campo à arbitrariedade dos homens de bem.
Observe-se ainda que a defesa da prerrogativa de classe é enérgica, mas não se
acompanha de ideologia ou convicção da própria superioridade.
Roswitha Schols -
Disparidades e Individualização Pós-Moderna:
491 - Já li e já fichei
na pasta “Os Marxistas”.
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