Filosofia - Textos Diversos LXVI

 

Pragmatismo:

464 - Uma tese  como pragmatismo de William James defende que quaisquer que sejam as teses o seu método consiste em perguntar que efeitos práticos decorrem de quaisquer delas. (Nisso ele está certo).

465 - Associa muito a utilidade que a questão pode ter na prática cotidiana. Aí vale alguma especulação.

466 - Explica muito pouco.

 

Raul Landin Filho - Descartes e o Destino da Revolução Racionalista:

467 - Filosofia como árvore cujo tronco é a física; as raízes a metafísica; e os ramos e galhos são as ciências. O projeto cartesiano a coloca, portanto, como fundamento unificador dos saberes. Deve-se saber que algo é verdadeiro, deve-se ter um ponto seguro. Filosofia entra/entraria aí.

468 - Descartes, no seu ato radical de duvidar de tudo, inclusive se a própria razão não poderia nos enganar (acho que aqui que entra aquela história de poder ter sido implantada por um gênio maligno), só consegue chegar a uma certeza inicial: Eu penso. Só o ato de pensamento (consciência), quando realizado, é indubitável. ... todo ato de consciência supõe o sujeito de consciência.

469 - Descartes assinala que só por meio de uma referência ao Absoluto (ao Deus Veraz) é possível uma superação definitiva do ceticismo e do solipsismo. A razão humana finita seria, portanto, incapaz de fundar o critério de verdade e de romper com o solipsismo ao qual a dúvida metafísica confinara a própria razão.

470 - Podem até não gostar de Descartes (Heidegger… Wittgenstein…), mas, diz Landin, ele foi o primeiro a colocar certas perguntas que todo mundo na filosofia se ocupou de tentar responder depois.

 

Robert Blatchford - A Ilusão do Livre-Arbítrio:

471 - Se não existisse livre-arbítrio,  seria tão ridículo censurar um homem pelo acto de uma vontade "livre" como censurar um cavalo pela acção do seu cavaleiro.

472 - Ele pode escolher e, de facto, escolhe. Mas ele pode apenas escolher como a sua hereditariedade e o seu meio o fazem escolher. A causa da escolha e do desejo está sempre um dos dois ou nos dois.

473 - Traz o exemplo do coelho indefeso que passa pela frente de um homem armado. Um desportista a gente pode prever que vai querer matar, mas um humanista tenderia ao contrário. A hereditariedade e o meio aí não pesam de forma relativa dando liberdade de escolha. E sim de forma absoluta. O contrário, para o autor, é uma ilusão.

474 - Escolhas? E o homem sóbrio pode passar por tempos maus e perder a auto-estima, ou achar o fardo dos seus problemas maior do que aquilo que ele pode aguentar e cair na bebida para se consolar ou esquecer, e tornar-se um bêbado. Não acontece isto frequentemente? E o bêbado pode, devido a algum choque, ou a algum desastre, ou a alguma paixão, ou a alguma persuasão, recuperar a auto-estima e renunciar à bebida e levar uma vida sóbria e útil. Não acontece isto frequentemente?

475 - E as pessoas que mudam de opinião e resolvem se matar e coisa e tal? Foi o meio que forjou a mudança. Antigamente ela não podia desejar morrer; agora não pode desejar viver.

476 -  Sabemos que Wellington recusaria um suborno, que Nelson não fugiria, que Buonaparte agarrar-se-ia ao poder, que Abraham Lincoln seria leal ao seu país, que Torquemada não pouparia um herético. Porquê? Se a vontade é livre, como podemos estar certos, antes de o teste ocorrer, de como a vontade deve agir? Simplesmente porque sabemos que a hereditariedade e o meio formaram e moldaram de tal modo os homens e as mulheres que em certas circunstâncias a acção das suas vontades é certa.

477 - Os hábitos adquiridos vêm de lições que tiramos do meio. Este é que nos condiciona. O livre-arbítrio nada escolhe.

478 - Disseram-nos que todos os homens têm um livre-arbítrio e uma consciência. Ora, se Williams tivesse sido Robinson, isto é, se a sua hereditariedade e o seu meio tivessem sido exactamente como os de Robinson, ele teria agido exactamente como Robinson agiu.

479 - Como disse antes, cada igreja, cada escola, cada lição de moral é uma prova de que os pregadores e os professores confiam no bom meio, e não no livre-arbítrio, para tornar as crianças melhores.

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