Econ - Textos Variados XXIX (CCE)
Alexandre e Ricardo - Nota Sobre a Atuação do Banco Central no Mercado Cambial:
22 - A atuação do Banco Central (BC) no mercado cambial no dia de hoje (08/10/2008) ajuda a desfazer alguns “mitos”, tais como: a) o regime é de câmbio flutuante, e b) a taxa de câmbio é determinada no mercado futuro, portanto é ineficaz agir no mercado à vista.
23 - Menciona uma pancada de liquidez que parece indicar um teto para a desvalorização, mostrando o quanto o governo intervém e o que os agentes podem esperar.
24 - Auge da crise de 2008: Há um certo consenso entre os economistas de que as variáveis estruturais relevantes para determinar a restrição externa hoje no Brasil são positivas. Reservas em nível recorde, e um saldo de Transações Correntes que embora crescentemente negativo (acumulado de janeiro a agosto um déficit de aproximadamente 20 bilhões) ainda não teve tempo de criar um passivo externo elevado, mantendo bons índices de solvência e liquidez. O Banco Central, por sua vez, vinha atuando em duas pontas. Primeiramente praticando um diferencial positivo e enorme entre nossa taxa de juros e a taxa básica de juros americana (mesmo descontado o risco soberano), o que determinava uma direção de valorização do câmbio, ao mesmo tempo em que atenuava parcialmente esse movimento comprando reservas. (...) Como as condições de crédito e liquidez internacional pioraram muito, e as noticias de redução da oferta de crédito no mercado privado são constantes em meio ao pânico gerado nos mercados financeiros, era de se esperar alguma desvalorização do câmbio. Mas o que se viu nos últimos dias foi o desmoronamento do Real com a polarização do mercado de câmbio: todos queriam comprar dólares e não havia agentes dispostos a vendê-los.
25 - Limites dos swaps cambiais: Com o agravamento da crise, passou a vender o swaps cambiais, que entretanto não surtiram muito efeito. Isso porque resolvem o problema de apenas parte dos demandantes de dólar, aqueles que demandam proteção contra passivos denominados em dólar. Porém, existem dois outros agentes compradores: investidores que querem deixar o país a qualquer custo e empresas exportadoras e importadoras que necessitam efetuar pagamentos. Esses demandam dólar em espécie.
26 - Livre-mercado poderia levar o dólar a patamares altíssimos: A variação de preços apenas acentuava a cautela dos que esperavam para vender e o desespero dos que queriam comprar.
27 - Desde 2003, a melhora do saldo de transações correntes e da liquidez internacional geraram uma tendência à apreciação cambial.
Argentina Atual - Inflação, Salários e Lucro:
28 - É notório que muitas análises supostamente críticas costumam ter “recaídas” neste tipo de diagnóstico ortodoxo, associando pressão inflacionária com suposto esgotamento da capacidade instalada.
29 - Uma hipótese heterodoxa: inflação teria como causa a forte concentração e oligopolização dos mercados. O crescimento dos preços se deveria assim ao fato de que existem grandes grupos empresariais com forte poder de mercado para fixar seus preços, aumentando assim sua margem de lucro sobre os custos (que aumentariam menos). (...) O problema com esta visão é que a oligopolização e os lucros extraordinários são uma regra (sem exceção) na economia argentina nos últimos cinqüenta anos, e a inflação (a elevação generalizada dos preços) não é um fenômeno permanente.
30 - Cenário “atual” (2008): A inflação dos preços internos dos alimentos é o resultado quase direto da alta dos preços internacionais dos grãos, carnes e outras “commodities” que, por ser o tipo de produtos que a Argentina exporta, se transferem ao mercado doméstico por um “efeito de arraste”.
31 - A economia “está” em aceleração e a queda do desemprego possibilita lutar por aumentos salariais. Porém, cedo ou tarde, “estrangula” o lucro e se translada como maior custo aos preços, produzindo inflação.
32 - A inflação que deriva do conflito distributivo conspira logo contra a política cambial do modelo vigente, reduzindo o tipo de câmbio em termos reais e diminuindo a competitividade da produção local. Logo, isto tem efeitos adversos sobre o investimento, a atividade e o emprego. Finalmente, com a queda do emprego, torna-se difícil a recuperação salarial.
33 - Comentador: O problema da explicação da inflação por oligopólio é que no oligopólio apenas o NÍVEL de preços é mais alto. Não há nenhuma razão para que exista variação contínua e elevada deste nível de preços. Ou seja, há confusão entre nível e taxa de variação. (...) Se inflação fosse resultado de conflitos entre trabalhadores e patrões, todo o mundo capitalista viveria em inflação constante.
34 - No caso do artigo ele afirma que o conflito vem à tona devido ao crescimento dos preços dos tradeables que fazem parte da cesta de consumo dos trabalhadores. Isto gera insatisfação dos trabalhadores e demanda por salários nominais, porque o desemprego está relativamente reduzido. Dependendo da capacidade de repasse dos custos aos preços por parte das empresas visando proteger as margens de lucros, poderá haver novas rodadas de aumentos de salários nominais e assim por diante.
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