Econ - Ricardo - Curva de Phillips Aceleracionista, Conflito Distributivo e Inflação (CCE) I
Ricardo - Curva de Phillips Aceleracionista, Conflito Distributivo e Inflação:
204 - A macroeconomia do novo consenso (Blinder(1997)), pode ser representada por três equações: uma curva IS, uma regra de Taylor (função resposta do Banco Central via taxa de juros para colocar a inflação na meta) e uma curva de Phillips aceleracionista, como resume Lavoie et alli (2006). (...) Utilizando este modelo, muitos economistas nos E.U.A. previam no fim da década de 90 uma forte aceleração da inflação quando a taxa de desemprego estava caindo, mas o que se observou (ver gráfico 1) foi que a inflação e o desemprego caíram juntos.
205 - Alguns autores (Serrano(1986), Ros(1989), Lara (2008)) mostram que a inflação, quando entendida apenas como inercial, apresenta problemas. Um modelo mais geral para entender a inflação deve levar em conta uma inércia parcial (mecanismos formais e informais de indexação) e a existência de conflito distributivo. O conflito, por sua vez, é visto não só do ponto de vista dos trabalhadores que buscam metas de salários reais via negociação do salário nominal, mas também por parte dos capitalistas que buscam ajustar a margem de lucro em relação ao piso da taxa de juros de longo prazo (Serrano, 1993, Stirati, 2001, Lara, 2008).
206 - Esses dois resultados, de que houve uma mudança estrutural na inflação e que os fatores de poder de barganha mudaram ao longo do tempo e influenciaram bastante a dinâmica inflacionária, foi sintetizado por Alan Greenspan ao cunhar o termo “Trabalhadores traumatizados”. Como bem já concluiu Nick Trebat: “Com os aumentos da produtividade, a crescente “globalização” das empresas americanas e o enfraquecimento dos sindicatos de trabalhadores promovido pelos governos Reagan, Bush e Clinton nos anos 80 e 90 (Greenspan não cita este último fator), a maioria dos norte-americanos não se sentia segura o suficiente no seu emprego para reivindicar aumentos salariais. “Criamos um nível de insegurança no trabalho que tem superado as pressões para aumentar os salários”, disse Greenspan em 1997. Destacando o clima de medo que foi se instalando ao longo da década, Greenspan observou: “Em 1991, no fundo de uma recessão econômica, uma pesquisa sobre trabalhadores em grandes empresas americanas indicou que 25% temiam demissão. Em 1996, embora a taxa de desemprego estivesse nitidamente menor, este mesmo grupo de pesquisa descobriu que 46% temiam ser demitidos.”(Trebat, 2007)
207 - Ao que entendi, o autor discorda da curva de Phillips aceleracionista no seguinte sentido: a inércia é parcial, portanto um choque de custo ou de demanda tende não persistir no longo prazo.
208 - Taxas de crescimento só geram aceleração inflacionária se estiverem um ponto acima ou abaixo do produto potencial. Levando em conta que a volatilidade de produto não é muito alta nos E.U.A., Filardo considera que é amplo o intervalo encontrado: “The estimate a=0.9 implies the size of the balanced economy regime is fairly wide. The balanced economy regime occurs when output is roughly a percentage point above or below trend; the weak-economy regime occurs when output is less than a percentage point below trend; and the overheated-regime occurs when output is more than a percentage point above trend. By way of comparison, in recessions output typically falls from 2 to 4 percent below trend, and in exceptionally robust expansions output typically rises from 2 to 4 percent above trend” (Filardo, p. 42).
209 - NAIRU - taxa de desemprego que não acelera a inflação. Assim como Filardo(1998 ), Barnes e Olivei (2004) também estimam o parâmetro de demanda para três intervalos, escolhendo a variável taxa de desemprego ao invés do hiato do produto como Proxy da demanda. No primeiro caso, a estimativa é feita supondo uma NAIRU constante, a curva fica horizontal para taxas de desemprego entre 3,95% e 7,40%. Considerando o intervalo de confiança, a parte horizontal chega a ser entre 3,90% a 7,60%. Assim, a inflação acelera quando a taxa de desemprego se situa em 3,8% ou abaixo, ao passo que para causar uma deflação é necessário derrubar e manter a economia em algum ponto com desemprego igual ou acima de 7,70%.
(continua...)
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