Econ - Ricardo - Curva de Phillips Aceleracionista, Conflito Distributivo e Inflação (CCE) II
(continuação...)
210 - Difícil de entender sem ler sobre, mas dá pra ter uma ideia: Nesse sentido, artigo de Barnes e Olivei (2004) vai além do artigo de Filardo (1998). Introduz, além da curva de Phillips horizontal, uma NAIRU variável, e obtém melhor relação entre demanda e aceleração inflacionária. Com TV-NAIRU, o intervalo horizontal da curva de Phillips varia entre -1,40 e 1,30 em relação a NAIRU variável, com o intervalo de confiança chegando a (-1,60 a 1,60). (...) Nesse último texto, os autores concluem que somando a lei de Okun (ciclo) com a lei de Verdoon (que diz que o crescimento da produtividade do trabalho segue o crescimento do produto como tendência) explicam 87% do crescimento da produtividade do trabalho. (...) Dessa forma, o aumento da demanda pode sim gerar inflação em um primeiro momento, mas a presença da histerese (traduzindo: 1. INFORMÁTICA: retardo na resposta de uma unidade do sistema quando existe um acréscimo ou decréscimo no valor do sinal. 2. FÍSICA: fenômeno apresentado por determinados sistemas físicos cujas propriedades dependem de sua história precedente) e do produto puxado pela demanda, e do produto potencial puxado pelo produto, ainda que de maneira não automática, no longo prazo suprimirá as pressões inflacionárias de demanda (ainda que o nível de preços se aumente).
211 - O parâmetro de memória inflacionária é menor que 1 no período recente, e isso ocorre porque esse parâmetro capta além da inércia (mecanismos formais e informais de indexação), o efeito do conflito distributivo (quando não está explicitamente na equação), que amenizou bastante nos E.U.A..
212 - Períodos de Serrano (2004): 1949-1967 é marcado por compromisso entre governo e sindicatos; 1968-1979: período de contestação dos trabalhadores e acirramento do conflito; 1979-1984: restauração da hierarquia capital-trabalho; 1985-…: estabelecimento do padrão dólar flexível, com possibilidade de política monetária expansionista sem aceleração da inflação.
213 - Um comentador crítico do texto: Diferentes trabalhos estimam o nível de inflação que causa uma relação negativa entre inflação e crescimento numa faixa de uns 8 por cento a uns 20 por cento por ano. (...) Outro fato robusto eh que abaixo desse nível H (isto eh, abaixo de 8-20 por cento, dependendo do trabalho, metodologia, amostra etc), não existe nenhuma evidência de trade-off entre inflação e crescimento. Em outras palavras, a evidência empírica documenta que aumentar a inflação média de, digamos 4 para 7 por cento, traz nenhum ganho de crescimento no longo prazo.
214 - Krugman em junho de 2008 (um mês após o lento início da crise): Mas, desta vez, não há nenhum sinal da espiral de salários e preços que, na década de 1970, transformou um choque temporário dos preços mais altos do petróleo em uma taxa de inflação persistentemente alta. … Aqui está um exemplo de como as coisas costumavam ser: Em maio de 1981, a United Mine Workers assinou um contrato com os operadores de minas de carvão garantindo aumentos salariais em média 11 por cento ao ano nos próximos três anos. O sindicato exigiu um grande aumento salarial porque esperava que a inflação de dois dígitos do final dos anos 1970 continuasse. (...) Uma vez que esse tipo de processo inflacionário autossustentável comece, é muito difícil parar. Na verdade, foi necessária uma recessão muito severa, a pior recessão desde os anos 1930, para livrar-se do legado inflacionário dos anos 1970.
215 - Esta notícia dá ideia dos dilemas de 2008 do FED, baixando juros sem temer inflação: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL924851-9356,00-BC+DOS+EUA+REDUZ+TAXA+DE+JUROS+PARA+MENOR+NIVEL+HISTORICO.html
216 - Palley comentando o texto de Krugman: Reconhecer que a inflação da década de 1970 foi o resultado de uma espiral de preços - salários desencadeada pelo conflito com os sindicatos sobre a distribuição de renda obriga a rejeitar a teoria da taxa natural de desemprego. Esta teoria dominou o pensamento dos economistas sobre a inflação por mais de uma geração e distorceu o pensamento público.
(continua...)
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