Econ - CCE - Alexandre - Sistema de Metas 1999 a 2006
Alexandre - Sistema de Metas 1999 a 2006:
10 - A tese parece ser de que o controle da inflação (SMI é sistema de metas de inflação) tem se dado mais por apreciação cambial que por taxas de juros (desnecessariamente) altas no período do texto. A taxa de câmbio, na verdade, não seria flutuante, mas sim controlada de modo a frear a inflação.
11 - Para o caso brasileiro supor-se-á que a taxa de juros determinada pelo Banco Central do Brasil (doravante BCB) independe do risco de “default” da dívida interna percebida pelos agentes, ou, pelo menos, que a taxa de juros manteve-se acima do patamar em que os agentes prefeririam papel moeda aos títulos públicos.
12 - Os dados para o Brasil no período 1999-2006 demonstram que houve i) uma elevada correlação com alterações na taxa de juros e mudanças na taxa de câmbio, e ii) uma interferência permanente do BCB comprando e vendendo reservas. (O outro gráfico do texto - o que não colei abaixo - mostra a imensa correlação dita)
13 - OS fluxos da balança de pagamentos se dividem em dois grandes grupos: os que são afetados pela taxa de juros de curto prazo e aqueles não afetados. (...) Isto implica dizer que o ajuste pelo lado real da Balança de Pagamentos (BP), caso ocorra, demora “n” períodos. No caso brasileiro, por exemplo, após a desvalorização de janeiro de 1999 demorou aproximadamente 2,5 anos para que as exportações começassem a crescer de forma rápida sendo que a eliminação do déficit de transações correntes no acumulado dos últimos 12 meses ocorreu apenas em meados de 2003.
14 - Real isso: E diferentemente do usual, supor-se-á que a taxa de câmbio esperada para o próximo período é formada a partir de expectativas adaptativas. As razões teóricas para se defender tal tipo de expectativa decorre do fato de ser o mercado de câmbio, como já havia sido assinalado, extremamente complexo - em que atuam agentes diversos e heterogêneos e influenciado por fatores de difícil previsão (taxas de crescimento externo e interno, aversão ao risco dos investidores internacionais, política monetária dos países centrais, política monetária interna para citar alguns).
15 - Ao que entendi, o artigo coloca que o governo não se vê livre para baixar os juros, por temer uma desvalorização cambial (fuga de capitais) e perda do controle da inflação. O ponto a ser levantado é que dada uma mudança da taxa de câmbio, esta não é capaz de re-equilibrar os fluxos do BP, nem do ponto de vista dos fluxos financeiros, nem do ponto de vista dos “fluxos reais”, pois tal ajuste pode demorar anos e nada garante que ocorra na magnitude necessária para compensar uma eventual fuga de capitais. (...) Isso posto, volte-se a atenção para a taxa de juros, que passa a ser o único elemento capaz de estabilizar o BP no curto prazo, e sua relação com a taxa de câmbio.
16 - Os agentes financeiros lucram ao saber qual será a decisão dos outros agentes. Se devido a uma mudança externa de liquidez, os agentes acham que o câmbio irá se desvalorizar, eles tirarão seus recursos e a desvalorização de fato ocorrerá. O problema brasileiro era que, para o período 1999-2002, não havia nenhum fator objetivo capaz de conter esta desvalorização, a não ser o diferencial de rentabilidade. (Spread entre juros do Brasil e juros dos EUA). Na época, pouco podia vender reserva para manter cotação pois ainda eram bastante baixas.
17 - O período 2003-2006 apresentou uma dinâmica diametralmente oposta, que pode ser resumida por dois fatores principais: i) o saldo da conta K (é a conta que não é afetada pelo juros de curto prazo… entradas e saídas mais estáveis) torna-se constantemente positivo, e ii) o risco país é declinante em todo o período, atingindo níveis historicamente baixos.
18 - A taxa de juros é, portanto, uma variável capaz de influenciar a taxa de câmbio de maneira duradoura, uma vez que a taxa de câmbio esperada segue a taxa de câmbio spot. Conseqüentemente a taxa de juros pode ser utilizada para interromper, aprofundar ou até criar trajetórias de apreciação/depreciação cambial (dependendo também do comportamento de K).
19 - O processo de abertura da economia brasileira ampliou o alcance do impacto direto das alterações cambiais, uma vez que aumentou a participação das importações e exportações no PIB. Mas é importante destacar também o efeito indireto que é fruto da alteração na concorrência potencial com o setor externo para aquelas mercadorias produzidas para atender ao mercado interno. Quanto mais homogênea a mercadoria, maior seria o impacto do câmbio em seu preço, pois ela seria mais facilmente vendida no mercado internacional. O Gráfico 6 – Câmbio e Comercializáveis evidencia a correlação positiva no Brasil entre alterações do patamar do câmbio e alterações nos preços dos bens comercializáveis. (...) Nota-se, pela linha de tendência do Gráfico 7, que o preço dos bens não-comercializáveis segue também o patamar de câmbio, embora de forma muito mais amortecida.
20 - Pelo menos na época: Cerca de 30% dos preços que compõem o IPCA – índice utilizado para apurar a inflação no sistema de metas – são controlados pelo Estado.
21 - Conclusões: Mostrou-se que a taxa de juros interna, ao determinar o diferencial de rentabilidade em relação à taxa de juros externa, é o único elemento capaz de ajustar o BP, já que a variação esperada da taxa de câmbio cria um diferencial de rentabilidade entre ativos internos e externos apenas no curto prazo. Por outro lado, o hiato do produto não mostrou nenhum indício de impacto nos preços, enquanto que a taxa de câmbio tem uma forte influência na inflação.
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