Econ - Textos Variados XXXVI
Anotações Sobre “Economia Pura” (Antigos II).
Pura entre aspas.
Obs.: Estes textos da pasta NÃO estão organizados por ordem de data. Ordem alfabética.
A Crise do Mercado Imobiliário:
1 – A atual crise global, difundida a partir do mercado imobiliário americano, tem a sua origem mais remota localizada no início dos anos 2000, quando a queda da taxa de juros (que chegou a 1% ao ano para os títulos do governo americano) e o crescimento da economia americana estimularam a expansão do mercado imobiliário (construção e reformas de casas).
2 - O crescimento do consumo e da produção nos Estados Unidos rebateu sobre a dinâmica das economias do “resto do mundo”, através do crescimento vertiginoso das importações americanas de bens e serviços, que vêm implicando crescentes déficits em sua conta de transações correntes do balanço de pagamentos – financiados, sobretudo, pelos países com grandes superávits nas suas relações econômicas internacionais: China e Japão; mas também os chamados “emergentes” em geral, inclusive o Brasil.
3 - Juros saíram de 1% e foram para 5,25%. Com isso, a inadimplência no pagamento dos empréstimos só fez crescer, a oferta de crédito imobiliário se contraiu e, desde julho de 2006, os preços dos imóveis começaram a cair. Segue as taxas nos meses de 2020 (gráfico 1) e no Século XXI inteiro:
4 - O Estado é chamado, sem maiores cerimônias, para socializar os prejuízos de mais uma aventura da especulação financeira globalizada.
5 - Além da fuga de capitais - derretimento de ativos - no curto prazo, o risco para o Brasil seria de outra ordem também: A segunda porta é o comércio internacional, caso a crise persista e se aprofunde. Neste caso, os impactos no balanço de pagamentos serão de médio e longo prazos, através da queda dos preços internacionais das commodities (agrícolas e industriais), que representam parte majoritária da pauta de exportações do país.
6 - Aqueles com menores restrições ao movimento dos fluxos de capitais e dependentes de uma pauta de exportação calcada, sobretudo, em commodities e produtos com baixa intensidade tecnológica, baixo valor agregado e pouco dinâmicos no comércio internacional tendem agora, e tenderão no futuro, a sentirem mais os efeitos da crise – quer ela estanque nas próximas semanas, quer ela venha a se aprofundar.
(...)
A Nova Crise Econômica e o Velho Erro de Conta:
46 - É um texto do Passa Palavra de 2009. Leo Vinícius.
47 - Richard Wolff afirma que o único jeito de vender mais de 70 pra cá nos EUA foi concedendo empréstimos, ou seja, formando bolhas de crédito. A “atual” crise seria um epifenômeno disso. Isso porque a produtividade cresceu paralelamente à quase estagnação de renda do trabalhador. (Discordo, pois como a taxa de poupança não aumentou, isso certamente significa que o consumo dos capitalistas simplesmente aumentou).
48 - O resto do texto, baseado em Proudhon, me pareceu “non-sense”. Nem todo excedente é imediatamente consumido. Há várias razões para tal.
OBSERVAÇÃO MEIO SOLTA E NADA A VER COM A QUESTÃO IMEDIATA AQUI: de alguma maneira cheguei nela com o texto, mas não foi só ele. São as discussões que voltam sempre:
E se o capitalismo ganhar mais crédito do que merece? Evolução da medicina (foi o capitalismo que criou as condições para este avanço ou foi coincidência temporal?) faz com que naturalmente a expectativa de vida cresça. Assim, o custo/oportunidade da reprodução de mão-de-obra vai baixando continuamente e gerando lucro por si só até certo nível. Se um trabalhador vive 35 anos em média, uns quinze anos no mínimo serão de “formação” dele. Nem que seja pra ganhar força física para ser produtivo como um adulto. Ou seja, quase metade da vida sem gerar valor e só uns 20 anos gerando mais-valia. Era esse o início da revolução industrial? Só pesquisando. Quando o cara vive até, sei lá, 55 anos, vale mais a pena. Ele passa uns 35 ou 40 anos gerando valor para um gasto só um pouco maior na reprodução da força de trabalho (higiene, saúde, etc.). Isso explicaria também o refluxo do Estado de Bem-Estar, já que as coisas teriam passado do ponto “ótimo”. O capitalismo teria pegado todo o bônus demográfico da história humana. Sua produtividade “natural” não seria tão maior assim. Enfim, é uma hipótese. Ou no mínimo o seu modelo teria esses limites. Nisso tem também os ganhos pela mera descoberta das vantagens da escolarização.
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