Libertários - Textos Diversos XI - EZLN - Textos e Documentos
EZLN - Textos e Documentos:
188 - “Só” 46 páginas. Vamos lá… O ano é 2005 e temos como texto inicial a sexta Declaração da selva Lacandona. Balanço dos passos até aqui e perspectivas.
189 - Tudo começou em 94. Os indígenas de Chiapas. Passaram anos conversando e juntado armas. Num ano novo, tomaram as cidades e enfrentaram a repressão que veio logo depois, com corrida e combate.
190 - Os moradores da cidade pediram que se parasse a guerra, o EZLN assim o fez. Acordo de paz, digamos. Volta e meia descumpriam os acordos, mas o exército popular se defendia.
191 - E então começamos a falar com outros povos indígenas do México e com suas organizações e acordamos com eles de que vamos lutar juntos pelo mesmo, ou seja, pelo reconhecimento dos direitos e da cultura indígenas.
192 - De 95 a 01, diversas marchas com milhares (uma ele fala em milhões) reivindicaram que o governo reconhecesse os direitos dos indígenas. A partir daí (2001), com o desapontamento com o governo, passaram à tática dos municípios autônomos. (fiquei meio confuso, pois pensei que estes eram impulsionados desde 94, mas parece que, antes, o EZLN é quem decidia as coisas). Só em agosto de 2003 surgiram as “juntas do bom governo”.
193 - Uma diretriz era não se meter na sociedade civil. “os zapatistas são soldados para que não haja soldados”.
194 - Para completar a autonomia… “E agora estamos passando o trabalho de vigilância do bom governo às bases de apoio zapatistas, com cargos em esquema de rodízio, de tal forma que todos e todas aprendam e realizem este trabalho.”
195 - Se você olha para um desses estudos feitos pelos governos, vai ver que as únicas comunidades indígenas que melhoraram suas condições de vida, ou seja, sua saúde, educação, alimentação, moradia, foram as que estão em território zapatista, que é como nós chamamos o lugar onde estão nossos povoados.
196 - (...) em algumas regiões tem melhorado muito o problema da terra porque as terras recuperadas dos fazendeiros foram distribuídas, mas há regiões que continuam sofrendo por falta de terras para cultivar.
197 - O capitalismo faz sua riqueza com despojo, ou seja com roubo, porque lhes privam de outros o que ambiciona, por exemplo terras e riquezas naturais. Ou seja que o capitalismo é um sistema onde os ladrões estão livres e são admirados e postos como exemplo.
198 - (...) no mercado vemos mercadorias, mas não vemos a exploração com as que se fizeram.
199 - (A parte que fala do “entedimento de mundo” é um tanto nacionalista. Creio que faltou aprofundar. Pouco se entra em “economia” mesmo.)
200 - Manifesta solidariedade a todos os movimentos insurgentes em cada parte do mundo e que, inclusive, pensam maneiras concretas de apoiá-los, especialmente com alimentos e artesanato, que é o que mais produzem.
201 - Horizonte utópico do EZLN, digamos assim: “Então, conforme o acordo da maioria dessas pessoas que vamos ouvir, fazemos uma luta com todos, com indígenas, operários, camponeses, estudantes, professores, funcionários públicos, mulheres, crianças, anciãos, homens, e com todo aquele que tenha coração bom e tenha vontade de lutar”. Pensam algumas medidas concretas para chegar lá. Por exemplo. “Esta delegação zapatista, junto às organizações e pessoas de esquerda que venham a se unir a esta Sexta Declaração da Selva Lacandona, irão aos lugares onde forem expressamente convidadas.”
202 - “Justiça”, “democracia” e “liberdade” continuam sendo palavras caras aos zapatistas, e consideram que apenas a esquerda pode defendê-las sinceramente.
203 - Propõem uma nova constituição, realmente popular.
204 - Não vêem como úteis quaisquer alianças com movimentos eleitorais. Ou com organizações que fazem acordos de cúpula.
205 - Convidamos os indígenas, operários, camponeses, professores, estudantes, donas de casa, colonos, pequenos proprietários, pequenos comerciantes, micro-empresários, aposentados, deficientes físicos, religiosos e religiosas, cientistas, artistas, intelectuais, jovens, mulheres, anciãos, homossexuais e lésbicas, crianças para que, de forma individual ou coletiva, participem diretamente com os zapatistas desta CAMPANHA NACIONAL para a construção de outra forma de fazer política, de um programa de luta nacional e de esquerda, e por uma nova Constituição.
206 - Um segundo/terceiro texto estima em dez milhões de índios os “representados” pelas falas do subcomandante Marcos.
207 - A Marcha até “Cidade do México” teve o seguinte objetivo: “A Constituição do México não reconhece o índio. Queremos que o Estado admita que o México é constituído por povos diferentes. Que esses povos indígenas possuem sua própria organização política, social e econômica. E que mantêm uma relação forte com a terra, com sua comunidade, suas raízes e sua história”.
208 - A marcha foi em dezembro de 2000, iniciada no dia seguinte á posse do direitista Vicente Fox, que derrotou o PRI.
209 - A carta de Marcos reconheceu a legitimidade do governo eleito em razão da raiva acumulada ao PRI, logo, tomou o passo inicial nas negociações. Fox, habilidoso, logo se disse a favor da marcha.
210 - Marcos “responderam” a Fox: “Trata-se de uma espécie de chantagem. Ele busca a rendição incondicional do EZLN. Enquanto sabe perfeitamente que reivindicamos, antes mesmo de iniciar as negociações propriamente ditas, três modestos sinais de boa vontade de sua parte: libertação de todos os presos zapatistas, retirada do exército de sete posições militares e ratificação dos Acordos de San Andrés sobre os direitos dos indígenas, assinados pelo governo em 1996, e que permaneceram letra morta até hoje”. Essas reivindicações foram atendidas bem parcialmente.
211 - Na verdade, a Constituição não reconhece a existência dos povos indígenas (10% da população). Sob pretexto de que a maioria é mestiça, o México exalta oficialmente a figura do mestiço, mas ignora, e até despreza, seus índios.
212 - No Chiapas, um terço da população é indígena, ou seja, mais de um milhão de pessoas... (...) Calcula-se que pelo menos 200 mil indígenas de etnias diferentes apóiam, de uma maneira ou de outra, no Chiapas, o EZLN.
213 - Chiapas é um estado rico e com jazidas de petróleo e gás. Sem contar as hidrelétricas (40% das do país). (...) Apesar de sua enorme riqueza, no Chiapas, um terço das crianças jamais é escolarizado e apenas um em cada cem alunos chega à universidade. Entre os indígenas, o analfabetismo ultrapassa 50% e sua taxa de mortalidade é 40% superior à dos habitantes da capital.
214 - Marcos e o EZLN insurgiram-se, então, no dia 1º de janeiro de 1994. Após combates que terminaram com dezenas de mortos, os zapatistas ocuparam naquele dia quatro cidades importantes do Chiapas, entre elas San Cristóbal de las Casas (50 mil habitantes). (...) Desde o dia 12 de janeiro de 1994, ou seja, apenas onze dias após o início da insurreição, Marcos abandonou a opção pelas armas.
215 - Marcos afirma que só tira o capuz se os direitos indígenas forem reconhecidos. Que o EZLN é pacífico e, se a identidade étnica não for tratada como merece, vão surgir grupos intolerantes e violentos utilizando esse ideal.
216 - Pesquisa google: vi que Marcos era acusado de dezenas de crimes - terrorismo (e seus 40 anos de pena); uso de armas do exército; motim… Enfim, um monte de patacoadas. Em 2016, a magistratura federal declarou todos prescritos. As autoridades não podem mais prendê-lo. (Nunca puderam…)
217 - O EZLN entende como importante, em 2001, ir ao DF discutir com os parlamentares (e não com o governo federal, já que este nunca deu os famosos “três sinais” de boa-fé) o "projeto de lei da COCOPA" que, elevado a nível constitucional, significaria o cumprimento dos acordos da mesa 1 do Diálogo de San Andrés. ‘Irão’ sem armas. “a chamada "Lei para o Diálogo, a Reconciliação e a Paz Digna em Chiapas" protege os zapatistas de qualquer ação penal contra eles. A lei diz que a suspensão das ações penais se mantém enquanto perdura o diálogo. A lei diz que não se deve portar armas nos espaços de diálogo e de negociação. “
218 - Deixa claro que combate e não tem nada a ver com narcotráfico.
219 - As mulheres estão presentes em todos os níveis. As crianças são base de apoio, nunca combatentes.
220 - A Lei COCOPA foi elaborada em dezembro de 1996 pelos legisladores da Comissão de Concórdia e Pacificação (COCOPA). Os legisladores integravam os 4 partidos políticos mais importantes: o PRI, o PAN, o PRD e o PT.
221 - A agenda prevê atos com os 24 delegados zapatistas em várias cidades até chegar em Cidade do México. A sociedade civil nacional e internacional ajudará a financiar essa espécie de “marcha/caravana”. Preferencialmente será tudo de ônibus.
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