Libertários - Textos Diversos III
Autonomia Operária Em Barcelona:
34 - Texto de 1979. Critica os que abandonaram a preocupação com a revolução comunista para enaltecer qualquer experiência que pareça “anti-opressão”, digamos. O reformismo da vida cotidiana substitui outras perspectivas.
35 - Critica autonomistas que não ligam para o “conteúdo”. Uma luta levada a cabo fora dos sindicatos pode ser tão sindicalista, tão reformista, como a mais enquadrada, se já não aponta, juntamente com as novas formas de auto-organização, conteúdos que visem a destruição do trabalho assalariado. (Mas não desenvolve tal tese) Afinal, o comunismo não é a gestão do capital pelos trabalhadores, mas sim a destruição deste.
36 - Defende que não falta consciência da exploração à classe operária. Falta força. Ousadia...
Bruno Miranda (PP) - Diálogo Entre John Holloway e Enrique Dussel:
37 - Foi um debate/diálogo entre ambos num “Encontro do Bom Viver”. Dussel defende uma revolução cultural, não-violenta, que estaria em curso na América Latina. Diz que o Estado não é essencialmente burguês e que o poder não é algo que se tem, mas sim que se exerce, delegado pelo povo. Não é algo que se fortalece ou debilita, defende. (Fiquei esperando inutilmente o texto me dar alguma evidência dessa última colocação…)
38 - Dussel: o Estado não é necessariamente burguês porque estados antigos - Inca e Egito, por exemplo - eram essencialmente tributários.
39 - Quanto a tensão “direta ou representativa”, afirma o seguinte: quando passamos ao município, já tem que haver uma organização participativa-representativa. Se necessita certa profissionalização do político. O perigo é a burocracia, pior que isso, é inevitável.
40 - Holloway diz que não cabe “Estado comunal”, pois este é feito para excluir/reprimir. A comuna, para incluir. “No caso da URSS, tratou-se de ocultar a supressão dos soviets, dos conselhos, das comunas”. Apesar disso, prega o respeito às experiências de bom viver, que seriam fendas no capitalismo.
41 - Dussel acredita que a política também pode determinar a economia. E diz que a única forma de impedir a burocratização do Estado (ou seja, que este sirva apenas para excluir) é uma inédita combinação de democracia direta com a representativa. Diz que entregar a política “aos corruptos” é ter uma “visão negativa de política” que ele não aceita.
42 - Quanto a “Evo”, outro debatedor coloca: “Por isso, tinha uma identidade mais camponesa, que também nunca assumiu, inclusive antes de ganhar as eleições presidenciais no país. Quando chegou ao poder, isso mudou, porque no exterior foi criada a percepção de que era o primeiro presidente indígena, mas isso foi midiatizado porque convinha, apesar de Evo Morales nunca ter organizado assembleias indígenas; ele pertence a uma mestiçagem relacionada com o mercantilismo, não com a cosmovisão dos povos originários desse país.” Seria tudo mais simbólico que real.
43 - Uma comentadora lembra uma palestra de Dussel: “ele invocava Nietzsche para pensar em uma definição afirmativa de poder, como atividade criadora”. (Achava eu que a fonte era Foucault)
44 - Léo Vinícius invoca a história do PT e dos sovietes para argumentar: “a prática política que visa intervenção através do Estado tende a debilitar, não a fortalecer, o poder dos debaixo. Não sou purista no sentido de que movimentos ou grupos não devem dialogar com o Estado e tentar jogar com suas contradições. Comentei apenas no sentido de analisar esse discurso do Dussel.” E mais: “Lembro de um fala de um membro do PT do RS numa mesa do Fórum Social Mundial de 2002, em que ele mesmo fazia a crítica da burocratização da militância após o PT virar governo no RS. (...) Quando um partido (de esquerda) ganha eleições, de onde vem os quadros que preenchem os cargos do Estado?”
45 - Um último comentador acusou Dussel de ignorar a economia (ou seja, separá-la da política) e Holloway de ignorar a política (ou seja…), idealizando o poder de pequenas experiências autônomas contra um mundo com gigantes transnacionais. Ambos estariam errados. É preciso tomar o Estado e tudo mais.
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