Anarquistas - Textos Diversos XXXVIII
Marcelo Lopes de Souza (PP) - Tabuleiros da Esperança, Sobre o Papel Político-Pedagógico do Jogo de Xadrez:
772 - Mais um texto de 2012. Começa observando que diferentes tipos profissionais, de juristas a engenheiros e matemáticos foram campeões mundiais de xadrez. Machado de Assis chegou a ser número 1 do Rio.
773 - Estratégias como os “gambitos”, que é dar uma peça, às vezes até uma dama, para garantir movimentos posteriores letais, mostram que o xadrez pode ter muito a ver com a política. A luta política.
774 - Napoleão era, porém, enxadrista medíocre.
775 - Contra o machismo da maioria dos enxadristas, uma Judit Polgár já conseguiu vitórias sobre Kasparov e outros campeões mundiais.
776 - Da mesma forma que Yves Lacoste disse que a geografia serve pra fazer a guerra, o xadrez também poderia ser ensinado aos oprimidos, para que possam se acostumar a pensar estratégias e táticas.
777 - A URSS promoveu o xadrez como forma de provar que a cultura “socialista” era superior à decadente cultura capitalista, digamos. Produziu um campeão mundial atrás do outro. Portanto, o xadrez na URSS não tinha função pedagógica coletiva. Tratava-se da mesma lógica individualista, de certa forma. A afirmação do homem soviético como “o melhor”.
778 - Propõe um xadrez da cooperação. Ganhar quando se perde, pois se está aprendendo. Trata-se não de um adversário, mas de um parceiro que está aprendendo a exercitar a mente, digamos.
779 - Coloca o perigo do xadrez se tornar uma obsessão, única atividade da vida de alguém. O meio vira um fim. Isso é típico de nossa sociedade. Considera algo não muito saudável. Portanto, o “ethos libertário” no xadrez é essencial, pra não por tudo a perder. Cooperação e solidariedade.
780 - Um comentador traz um caso de um rapper de 35 anos que leva xadrez às praças, com apresentações musicais. Rap e xadrez para desenvolver certas habilidades: memorização, concentração, planejamento, avaliação de risco etc.
Margareth Rago - O Anarquismo e a História:
781 - Foucault chegou a se dizer um anarquista de esquerda, em resposta a Jules Vuillemin.
782 - Foucault, após elogiar o pioneirismo de Fourier, irá fazer a seguinte consideração sobre o crime: “Não há, portanto, uma natureza criminal mas jogos de força que, segundo a classe a que pertencem os indivíduos, os levarão ao poder ou à prisão”.
783 - A anarquista Luce Fabbri, a quem a autora compara com Foucault, considerava a revolução um desenvolvimento gradual, e não a imposição de um programa abstrato, que só poderia resultar numa ditadura pretensamente provisória, criticava. Acusa Marx e Engels de quererem romper com o passado sem qualquer continuidade. Seria renunicar ao que a liberdade já conquistou e valorizar, talvez ingenuamente, o Estado. (é uma crítica que pode acabar se tornando muito abstrata/inútil, caso não se entre em maiores detalhes, penso)
Marxismo e Anarquismo - Atalho:
782 - Texto de novembro de 68. Muito mais marxista que anarquista. Inclusive diz que anarquismo é coisa de pequeno burguês. Não sei por qual motivo está nessa pasta. Na verdade, é uma palestra do militante Gérard Bloch em Paris.
783 - Bakunin passou anos preso na Rússia czarista. Bakunin, de volta à Europa em 1862, instalara-se na Itália em 1863 e constituíra aí a primeira das sociedades secretas, a Fraternidade Internacional. Em 67 ele tenta influenciar a “Liga da Paz e da Liberdade” - democratas burgueses - e não consegue. É aí que passa a disputar mais incisivamente a AIT.
784 - Bakunin criticava a ideia de alguns suspeitos “sujeitos revolucionários”: “Na Itália não há, como em muitos outros países da Europa, um estrato operário separado, em parte já privilegiado, graças a altos salários, gabando-se mesmo de certos conhecimentos literários”. Assim, o texto acusa “Bakunin” de defender que somente o “lumpemproletariado” é revolucionário
785 - Critica Cohn-Bendit por este considerar os estudantes a vanguarda revolucionária. Seria Sorbonne e não os dez milhões de grevistas os responsáveis pelo movimento de 68… (isso porque Cohn-Bendit chamou os operários de pesada retaguarda da revolução…)
786 - (Não sei se é a tradução, mas o debate sobre economia é muito confuso, dos dois lados inclusive. Se houver uma polêmica real, espero vê-la em outros textos).
787 - Há um “diálogo” (em verdade, glosas de Marx) entre Marx (M.) e Bakunin (B.) que torna bem difícil falar em “Estado Socialistas” nas URSS e afins:
“B.- Há por volta de 40 milhões de Alemães. Todos eles serão membros do governo?
M. - Certamente. Pois todo o assunto começa com o governo autônomo da Comuna".”
788 - Afirma que a URSS era uma coalizão no inicio e que esta não foi rompida pelos bolcheviques. Não se tornou “partido único” por vontade deles...
789 - Afirma que Lênin tomou medidas para evitar burocratização: “revogabilidade a todo momento dos eleitos por seus eleitores, limitação do salário dos funcionários, os do governo inclusive, ao salário de um operário”.
790 - Coloca que a revolução socialista só pode se dar tomando o Estado. Não dá para abolir o Estado por decreto, afirma. Parece focar essa conclusão no argumento de ter que enfrentar a burguesia (não sei se apenas militarmente e em todos os aspectos).
791 - Atribui a “degenerescência” ao fato de a revolução ter se limitado a um país atrasado, com poucos operários e de baixa tradição organizativa.
792 - Quatro condições de Lênin para que seja caracterizada uma “situação revolucionária”: que os do alto não possam mais governar como antigamente; - que os de baixo não queiram mais viver como antigamente; - que os do meio inclinem-se para o lado do proletariado; - que exista uma força organizada capaz de resolver a crise no sentido de uma revolução
793 - O autor acrescenta que, mesmo assim, só cairá o governo se alguém o fizer cair.
794 - Acha que Bensaid e companhia foram omissos. Ficaram num confortável empirismo. “Sim, a situação era revolucionária em maio de 68. Eis porque teria sido necessário definir as palavras de ordem e uma estratégia de luta das massas pelo poder.”
795 - Afirma que "No 2º Congresso da Internacional comunista, estavam presentes os representantes da C.N.T. espanhola. Lenin e Trotsky desejavam sua adesão à Internacional, sem lhe colocar nenhuma condição quanto à sua ideologia anarquista. Ainda uma vez aqui foram os anarquistas que romperam com os "sectários" marxistas, e não o inverso".
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