Libertários - Textos Diversos VII

 

Crítica a John Holloway:

100 - Afirma que Holloway tem como condição necessária à revolução a existência de pessoas puras, boas e conscientizadas que, previamente a qualquer coisa, criarão um mundo novo. Seria um conto de fadas.

101 - Seriam ilhas de “novos homens” dentro do capitalismo.

 

Crítica ao Anarco-Marxismo e Réplica de Nildo Viana:

102 - Primeiro a crítica de Carlos Moreira. Texto de 1992. Afirma que o representante clássico do que critica como “anarco-marxismo” é Daniel Guérin, além de Pierre Ansart.

103 - Afirma que os fundamentos do anarco-marxismo são os seguintes: “a) união de concepções anarquistas e marxistasb) espontaneísmo fundado no economicismoc) negação do papel da vanguarda, seja expressa no partido ou no sindicatod) negação das experiências socialistas e da experiência da revolução bolcheviquee) identificação do comunismo com a autogestãof) negação da necessidade de um "período de transição" entre capitalismo e comunismog) negação de um "estado de transição" e defesa da "destruição do estado" de forma imediatah) negação de qualquer forma de participação na "democracia burguesa"; i) seleção de obras de Marx e Engels e de teóricos marxistas "aceitáveis" pela doutrina.”

104 - “Destruir a democracia burguesa através da autogestão”, diz que essa é a proposta de Nildo.

105 - Afirma que os “anarco” gostam dos escritos da “juventude” de Marx, afirmando que “os da maturidade mesmo” só são adotados quanto ao aspecto “econômico”.

106 - Afirma que Guerín e Fromm foram quem começaram essa história de que não havia uma ruptura (mas complementariedade) entre o jovem e o velho Marx.

107 - Afirma que todo marxista até 1924 sabia que a URSS não estava pronta para o socialismo, embora o mundo estivesse já maduro (desde o “Anti-duhring” de Engels, 1877). Não teria sido culpa do “bolchevismo” tudo que ocorreu.

108 - Diz que a URSS não era capitalista, pois inexistia a “lei do valor” por lá.

109 - Mandel no seu “introdução ao marxismo” mostra, no entender do autor do texto, que não foi sem motivo a luta do proletariado pelas liberdades democráticas no século XIX: “A classe operária é a classe mais numerosa da sociedade contemporânea. A conquistas das liberdades democráticas permite-lhe organizar-se, adquirir a garantia do grande número, exercer um peso cada vez maior na balança das relações de força”. Toda forma, elogia Nildo em relação aos reformistas (cita Carlos Nelson Coutinho) que pregam a democracia como valor universal e delimitam tudo à arena democrática.

110 - Resume seu problema com o anarco-marxismo, que seria “uma tendência sectária-utópica que tinha sua força na crítica, mas era incapaz de oferecer uma correta alternativa política”.

111 - Agora a réplica de Nildo. Creio que é de 2003. Começa lembrando que Lukács fez uma autocrítica após os soviéticos o acusarem de idealista e hegeliano. Nildo diz que, a exemplo de Karl Korsch quando foi acusada do mesma coisa, vai realizar é uma “anticrítica”.

112 - Segue fazendo uma verdadeira problematização do que seria o “verdadeiro marxismo” e uma “deformação”. Basta se dizer marxista? Se, sei lá, Temer se disser, tá valendo? Tem que seguir literalmente tudo que Marx escreveu? Pode desviar em alguns pontos só? Mas quais? Como funciona o “marxômetro”? Lênin queria que fosse a fidelidade à ditadura do proletariado, mas o que é esta? A ditadura do proletariado é a autogestão ocorrida na Comuna de Paris e defendida por Marx em A Guerra Civil na França ou a ditadura do partido sobre o proletariado ocorrida na Rússia e defendida por Lênin? Outros autores e autoras, que não Lênin, deram interpretações diferentes a tal termo. Quem seria o real marxista? O proprio Marx já não se dizia marxista num certo ponto (ou seja, já tava rolando a “deformação”...)

113 - Como pode o anarquismo ser a ideologia do “lumpem”? Os anarcossindicalistas devem achar até engraçado isso.

114 - Lembra os elogios de Marx a Proudhon.

115 - Nildo repele a ideia de que seja economicista, um separador de realidades que resumiria o caráter revolucionário do proletariado à sua condição econômica. “Dizer que uma classe é revolucionária por razões econômicas é dar a impressão de que o problema é o salário, o nível de renda. Esta é uma concepção burguesa. A luta operária é contra o trabalho assalariado, contra a organização capitalista do trabalho, contra o estado capitalista, contra a ideologia dominante, etc. e isto dentro e fora das fábricas”.

116 - … Assim, também se luta pela saúde psíquica, cultura e contra a exploração.

117- Diz que a justificativa do seu crítico (e do mandelismo em geral) para a “deformação” do socialismo é economicista. Como se só os fatores econômicos (o atraso da Rússia) importassem.

118 - Enfim... Nildo critica a isenção de culpa que Carlos quer dar ao bolchevismo. Afirma que nem gosta de usar essa separação leninista, mas lançou mão dela: Foi a união das “condições subjetivas” (bolchevismo) e das “condições objetivas” (atraso da Rússia) que, juntamente com outras determinações menos importantes, provocou a formação do capitalismo de estado russo, pois “o concreto é o resultado de suas múltiplas determinações”

119 - Cita obras que comprovariam a existência da lei do valor na URSS: BETELHEIM, Charles. As Lutas de Classes na URSS. 2 vols. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979; BERNARDO, João. Para Uma Teoria do Modo de Produção Comunista. Porto, Afrontamento, 1975; cf. também: VIANA, Nildo. O Capitalismo de Estado da URSS. Revista Ruptura. Ano 01, nº 01, maio de 1993. Mas para que não se pense que apenas os críticos do capitalismo estatal afirmam a existência da “lei do valor” nos países que vivem sob este regime, basta olhar na produção dos seus ideólogos para ver isto (cf. entre outros: SUNG, Kim Il. Teoria da Construção Econômica do Socialismo. Lisboa, Edições Maria da Fonte, 1976), pois em suas ideologias eles colocam isto explicitamente, buscando justificar a permanência da “lei do valor” no “socialismo”.

120 - Afirma que o crítico está certo em dizer que a autogestão não pode se impor sem sua generalização. Porém, Nildo entende que ela pode ser iniciada. O período revolucionário seria uma dualidade de poderes. Uma autogestão parcial lutando para se generalizar.

121 - Nildo defendia participação na democracia burguesa apenas em casos e condições bem específicas. Hoje, não crê ser mais necessária qualquer tipo de participação.

122 - Afirma que é Carlos Moreira que seleciona apenas os textos de “um dos Marx”. A sua tese (de Nildo) é de que sequer há “dois Marx”, logo utiliza escritos das duas “fases”.

123 - Nildo acusa: “Se os nossos não-leitores (ou mal-leitores como Mandel) de Marx tivessem lido os Manuscritos de Paris, saberiam que ele separava o trabalho enquanto objetivação do trabalho enquanto alienação”.

 

Crítica da Ideologia da Autonomia (Texto Coletivo):

124 - Já fichei em “dados... (mundo)”.

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