Anarquistas - Textos Diversos XXXIX
Marxismo e Estado Proletário Em Face do Anarquismo:
796 - Mais um marxista. Texto de Vassily Verger. Afirma que com a liquidação das classes, o Estado deixará de existir, mas que antes disso não tem como. Fala inclusive do poderio militar da burguesia internacional. O proletariado deve assumir a condição de classe dominante. (No mais, não se aprofunda muito. O texto é curto)
Max Nettlau - Panarquia, Uma Idéia Esquecida de 1860:
797 - O texto é de 1909. Trata da “panarquia” de De Puydt. O mundo conviveria com várias organizações diferentes. Estado diferentes (inclusive organizações sociais sem Estado).
798 - Consiste em dar aos indivíduos “a liberdade de associar-se com outros, de acordo com seus desejos e simpatias, para trabalhar somente de acordo com suas capacidades, ou seja, o direito absoluto para eleger a sociedade política a qual deseja viver e depender somente dela”. Ou seja, sequer precisariam imigrar ou se mudar. Seria tipo um divórcio, mediado por uma oficina de registro civil..
799 - (A primeira coisa que me vem a cabeça é que a ideia é extremamente ingênua. Pressupõe que cada sistema deixaria o outro em paz e a história dos impérios e colonizações tem muito a dizer contra isso. Pressupõe ainda que é possível proclamar um outro sistema e esperar do atual a boa vontade de não ficar com todos os recursos naturais e de valor, o que teria profundos impactos na viabilidade da nova empreitada. Outra coisa, vai dividir a grande indústria em duas ou três ou mais também? Quem fica com os bens materiais, o proprietário legal? Entre outros problemas que sequer tive tempo de pensar...)
800 - Enfim, é uma ideia de livre concorrência entre sistemas de governo. (O que me parece a maior loucura idealista, pois de “livre concorrência” não tem nada. Quem vai se dar melhor é quem reunir os melhores recursos humanos, materiais e naturais, independentemente de ser um reino, uma ditadura, uma democracia liberal, um califado, uma anarquia ou qualquer desgraça. E este aparente “campeão” sempre tenderá a atrair mais e mais pessoas, afinal, ninguém quer começar do zero, ainda mais quando a humanidade já produziu tanta coisa roubada pelos proprietários)
801 - Só se exige a livre aceitação: Somente requereria uma simples declaração junto aos meios de legitimação de cidadania, ao governo ao qual se dispusesse se submeter, se esse o exigisse. (...) Está insatisfeito com seu governo? Escolha outro.
Maxwell - Esboço Para a Crítica da Vanguarda:
802 - Pesquisei quem é. Texto parece ser de um militante de um grupo autonomista brasileiro que possui um site que era ativo até 2002. Não encontrei maiores informações sobre as atividades.
803 - Considera “Que Fazer?”, de 1902, a “obra-prima da ideologia organizativa dos militantes estatistas”.
804 - A “vanguarda”, termo que Marx sequer usa, seria, para este, a fração mais resoluta do proletariado. Aquela que tem melhor compreensão das condições, marchas e fins gerais do movimento.
805 - Diz que Lassale, Kautsky e Lênin levaram essa mera vantagem ao extremo, separando dirigentes e dirigidos no movimento, colocando a revolução quase como uma obra exclusiva das vanguardas. A emancipação teria deixado, para o autor do texto, aí, de ser obra do proletariado.
806 - E a prática vanguardista dos autores clássicos? Culpa o tempo. Chama-os de homens do seu tempo. “Marx, Blanqui, Bakunin, fabianos etc, ao defenderem a necessidade de partidos, sociedades secretas ou sindicatos para que o conjunto d@s proletarizad@s se contrapusesse à política burguesa e seus partidos, tentavam desvendar a melhor maneira de edificar a revolução social (ou as reformas, para alguns!)”.
807 - Afirma que o vanguardismo também atinge anarquistas: ver o posicionamento dos "Amigos de Durruti" na revolução espanhola e a plataforma organizacional de Nestor Makno.
808 - Critica também os “guetos anti-vanguarda” que não conseguem imersão nas lutas cotidianas e concretas dxs trabalhadorxs.
809 - (o texto é bom, mas às vezes fica num abstracionismo retado, com recomendações pouco específicas. Nos detalhes é onde mora o perigo… Mas é um bom texto introdutório)
810 - As lutas autônomas precisam ser resgatadas e visibilizadas: “A burguesia de tudo faz para apagar a memória histórica de resistência d@s proletarizad@s, pois é uma das principais garantias de manutenção do sistema da passividade imposta”.
811 - Há alguns trechos onde as diretrizes que o texto defende começam a aparecer de forma mais concreta: “Este trabalho deve se revestir de formas horizontais, de modo que procuremos sempre conceber, planejar e executar iniciativas organizativas diretamente a partir dos nossos locais de moradia, trabalho, diversão ou estudo. Podem ser desenvolvidas iniciativas organizativas que anulem toda e qualquer hierarquia, divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual e entre dirigentes e dirigidos.” (...) “centros culturais, restaurantes comunitários, movimentos específicos, grupos de jovens, assembléias de gênero, times de futebol, escolas livres, associações rurais, rádios comunitárias, comissões de fábrica etc.” Não depender de líderes. Assim não são os atuais sindicatos, partidos, grêmios, associações de moradores, etc.
812 - Passo final? “Deverá chegar o momento, por exemplo, de desconhecermos a autoridade dos governos, suas câmaras municipais, congressos nacionais, assembléias legislativas, partidos políticos, centrais sindicais, senados, fóruns de ONG, etc e começarmos a tomar as nossas próprias decisões e executá-las por nossa própria conta. Muito provavelmente isso corresponderá a uma generalização territorial das diversas formas organizativas da comuna.”
813 - Campanhas unificadas são bem vindas, mas o ideal é que sejam temperadas com assembleias gerais e plebiscitos.
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