Libertários - Textos Diversos V
Comentários Acerca do Cambiar el Mundo Sin Tomar el Poder:
68 - Texto, em espanhol, de 2002. Retoma Marx em várias coisas (rompe na ideia de tomar o Estado, claro). A fetichização e alienação são fundamentais para as explicações de Holloway. O mundo que imaginamos é falso, está fetichizado. Não há nada de mágico e/ou incontrolável no dinheiro e na mercadoria. O que está por trás de tudo isso são relações sociais. Assim como construímos, podemos desconstruir. A alienação está em criar criaturas e deixar de se reconhecer como criador. As criaturas ganham vida própria e se tornam “deuses”, digamos assim.
69 - O autor acha que o abstenseísmo eleitoral pregado por John deixa espaço livre para a direita ocupar postos de poder...
70 - Também parece ver um desprezo de Holloway quanto à democracia liberal. Ocorre que é nestas que se vê com mais força os movimentos de resistência global. Não na China ou Arábia. Ou seja, talvez tenham grande importância tática.
Composição de Classe:
71 - O texto afirma que os leninistas teorizaram a união dos explorados por uma entidade externa que funcionasse como direção estratégica por terem se deparado com o atrasado quadro russo, de aldeias dispersas e isoladas e baixa taxa de industrialização. Já a Alemanha do período 18-23 tinha fábricas efervescentes, que já haviam, na prática, unido os trabalhadores. Os conselhos operários seriam a forma lógica de organização, criadas por eles próprios. Por isso, ali, os comunistas de conselho é quem tinham razão.
72 - Cada modo de exploração exige uma luta (tática) diferente. Uma greve de caminhoneiro não tem as mesmas condições, consequencias e impactos de uma nos “call centers”, por exemplo. Exemplifica: “Quando o trabalho é baseado principalmente em desempenhos e habilidades individuais (por exemplo, o artesanal) o tratamento dos conflitos numa base individual é mais provável. Quando a divisão do trabalho cria uma dependência mútua entre os proletários, a necessidade de uma ação coletiva é mais evidente. O potencial para a auto-organização, além disso, depende do grau em que o processo de trabalho permite aos proletários se comunicarem entre si (intensa cooperação, concentração de operários num local de trabalho ou moradia etc.).”
73 - Outros fatores importantes: se os proletários estão concentrados em pontos de importância significativa para o processo de produção e acumulação; se a luta ocorre numa situação econômica específica (crescimento da demanda) ou numa composição particular do capital (um alto padrão de maquinário requer produção ininterrupta) que aumentam a dependência da força de trabalho.
74 - Afirma que quanto mais abstrato o trabalho, menos o trabalhador tenderá a ver como importante a tarefa de auto-organiza-lo, digamos. Assim, o especializado sai na “vantagem” aqui, quanto à possibilidade de se rebelar. (Será? De qualquer forma, tem certo sentido)
75 - No que tange à expansão de uma greve ou revolta, deve-se notar se esta afeta de alguma forma o cotidiano dos demais proletários. Não apenas notícias da imprensa, mas se faltará algo a estes.
76 - Afirma que sempre são ramos do proletariado que iniciam uma agitação. A coisa nunca se dá de modo uniforme. Cita exemplo: Nos anos 60/70, foram principalmente os proletários nas fábricas de automóveis que fizeram esse papel.
77 - Crê que a generalização depende de atingir o capital nos pontos centrais. Os lugares onde estão as sedes das fronteiras tecnológicas e tal… (interessante que isso implica que a questão nacional pode ficar em segundo plano, tipo um critério “b”. Na prática, boa parte deles estão nos EUA e Europa, mas seria mais interessante que todas os “centros de desenvolvimento" do mundo se rebelassem do que a revolta de todas as indústrias dos EUA, por exemplo)
78 - Afirma que “As revoltas nas sociedades agrárias tiveram menos uma "utopia social" do que a reivindicação de cultivar a terra na sua própria maneira "anárquica".”
79 - A análise do fundamento material das lutas operárias também determina onde devemos intervir. Não é suficiente apenas seguir os padrões "espontâneos" das lutas e documentá-los. Devemos observar os pontos que podem ter importância estratégica para o futuro. Essas áreas não precisam ser a "mais desenvolvida" ou os "centros de acumulação". Com frequência, os setores que conectam diferentes níveis de desenvolvimento (transporte entre diferentes fábricas, "trabalho de informação" entre produção e distribuição) são significativos para a generalização das lutas. Por isso, precisamos de mais do que uma troca informal entre nossos grupos, necessitamos de discussão e intervenção organizadas.
80 - Alguma pessoas discutiram o texto e fizeram críticas. Algumas, a meu ver, são malucas, a depender da interpretação: “Nos últimos 20 ou 30 anos, o capitalismo se desenvolveu de tal forma que não existe mais nenhum setor central de acumulação”. (Que querem dizer?). Aliás, todas as “respostas” que trouxeram ao texto (tão bom e concreto) foram lamentavelmente meio abstratas.
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