Libertários - Textos Diversos VI

 

Comunismo Contra a Democracia:

81 - Breves teses do GCI - "Grupo Comunista Internacionalista" (francês).

82 - Interessante a definição de Estado deles: organização ditatorial e terrorista da classe dominante e organização de todos os indivíduos livres, iguais e proprietários, organizados no seio duma comunidade não-humana (e, neste sentido, fictícia) - a democracia - no interesse exclusivo da classe dominante. Por isso, “a revolução comunista será antidemocrática ou não será”.

83 - Estranho que propõe a abolição do trabalho assalariado já na primeira fase, que se destinaria também a ir destruindo o valor. “afirma a ditadura do proletariado para a abolição do trabalho assalariado, destrói o Estado e a democracia, superando a atomização dos indivíduos”. Enfim, parece ver tudo em “duas fases”, não se tratando de um texto “libertário”.

84 - Não se trata de uma democracia operária, que seria o culto aos sovietes e operários atomizados.. É um processo ditatorial e terrorista também, só que “do proletariado”.

 

Contra o Mito dos Direitos e das Liberdades Democráticas:

85 - Já fichei em “dados… (mundo)”.

 

Cornelius Castoriadis - Socialismo ou Barbárie - Conteúdo do Socialismo:

86 - Texto de 1974. Hoje não decidimos nada. Apenas alienamos nosso poder de decisão a terceiros.

87 - Representantes “inamovíveis’, mesmo que por períodos bem curtos, nada tem a ver com autogestão. Também para que esta exista de fato, aqueles que decidem devem dispor de todas as informações pertinentes. Devem, ainda, dominar os critérios de tal decisão. Nota-se que tudo isso exige uma formação ampla.

88 - ...O oposto da autogestão tem a ver, também, com domínio de informações: a cúpula coleta e absorve todas as informações que sobem para ela, e aos executantes só retransmite o mínimo necessário à execução das ordens que lhes dá e que procedem somente dela.

89 - Organizar a coerção toma boa parte do tempo/energia de uma organização. “uma parte essencial da "atividade" do aparelho hierárquico, desde os chefes de equipe até a direção, consiste em vigiar, controlar, sancionar, impor direta ou indiretamente a "disciplina" e a execução correta das ordens recebidas por aqueles que devem executá-las.” Tudo isso seria dispensável se existisse autogestão. Se fossem os próprios trabalhadores a decidir o que e como produzir. De forma mais geral, apresenta-se a hierarquia como se ela estivesse ali para resolver conflitos, mascarando-se o fato de que a própria existência da hierarquia é causa de um conflito perpétuo.

90 - Castoriadis aponta que uma disciplina estabelecida autonomamente seria totalmente diferente e exigiria muito menos. Ou seja, não é que seja contra sanções, por exemplo.

91 - Afirma que a decisão “coletivizada” seria mais sábia que a de um dirigente só. Mesmo este se cerca de técnicos para decidir e coletar informações. A coletividade poderia unir conhecimentos e fazer o mesmo. Talvez até fazendo menor uso dos especialistas quando a experiência “de chão” já tiver respostas.

92 - Se as classes sociais possuem privilégios, seus membros farão tudo o que puderem — e seus privilégios significam precisamente que eles possuem um poder enorme a esse respeito — para transmiti-los a seus descendentes. Os que demonstrarem, porém, maior capacidade para servir serão cooptados (no mínimo haverá boa tentativa).

93 - Diz que um indivíduo que resolver ser médico não deve ser duplamente recompensado por isso. A sociedade já arca com seus estudos mais longos que o normal e, depois, ainda tem que lhe pagar um salário bastante superior? Qual seria a justificativa?

94 - … “Há certos indivíduos que nascem ou se tornam mais bem dotados do que outros no que se refere a certas atividades. Estas diferenças em geral são reduzidas, e o seu desenvolvimento depende sobretudo do meio familiar, social e educativo. Mas, em todo caso, na medida em que alguém possua um "dom", o exercício desse "dom" é em si mesmo uma fonte de prazer se não for contrariado. E, para os raros indivíduos que são excepcionalmente dotados, o que importa não é uma "recompensa" financeira, mas criar o que eles são levados irresistivelmente a criar.” Einstein não queria rios de dinheiro.

95 - Funções ingratas e que por isso são bem remuneradas? Claro que não. Assim fosse, recolhedor de lixo deveria ganhar bem mais. “nos países como a Suécia, onde as diferenças de salário tornaram-se muito menores do que na França, as empresas não funcionam pior do que na França, e não se vêem executivos se lançarem sobre as vassouras.” Se for pra ir por aí, os trabalhos mais atraentes é que deveriam ser os menos remunerados. Ator, jogador da seleção… Aí sim seria uma diferenciação que a sociedade poderia aceitar sem “chiar”.

96 - A hierarquia estabelece uma competição, lei da selva, tão implacável que só encontramos a cooperação na base, onde as possibilidades de "promoção" são reduzidas ou inexistentes.

97 - Defende, portanto, que o mercado de consumo só possa se dar com “células iguais”. É tipo a eleição. O voto de cada um (no que deve ser produzido) valerá a mesma coisa. As “necessidades” serão preenchidas de modo qualitativamente diferente, mas o quantitativo (seja em horas de trabalho ou sei lá qual medida for adotada…) deve ser igual.

98 - …. (Não sei se essa rigidez é tão necessária, afinal, as necessidades humanas são diferentes. Ademais, nem tudo se produz rapidamente, o que requer, a meu ver, três ou mais níveis de planejamento de demanda social, talvez divididas em um ano, três, dez e vinte, no que tange ao tempo para completar a produção do bem ou serviço)

99 - Hoje, em dia, devido aos rendimentos desiguais, boa parte do trabalho da população mundial consiste em produzir bens e serviços não-essenciais (tanto o são que não são usufruídos pela maioria) para o consumo de uma parte pequena dessa mesma população.

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