Anarquistas - Textos Diversos XLVII

 

São Paulo 17, A Primeira Grande Greve do Brasil:

962 - Já fichei em “dados…”.

 

Sébastien Faure - A Síntese Anarquista:

963 - Texto de 1928. Diz que os métodos de todas as três correntes - anarquismos individualista, libertários e sindicalistas - se somam (ou devem se somar) para conseguir a revolução social. Não são opostos. Deve haver propaganda e ação comum. (A meu ver, o texto entra pouco nas divergências, por isso que parece fácil a união).

964 - A fórmula pode alcançar proporções variáveis; local, regional, nacional ou internacionalmente. Mas sempre esses três elementos – anarco-sindicalista, comunista libertário e anarco-individualista – estão feitos para combinarem-se e constituir o que eu chamo de “síntese anarquista.

965 - Diz que a guerra entre essas facções tem enfraquecido o anarquismo atual na França (1928).

966 - Na França existem, como um pouco por todas as partes, numerosos grupos que já aplicaram e aplicam correntemente os fundamentos da síntese anarquista (não vou citar nenhum para não esquecer de ninguém), grupos em que os anarco-sindicalistas, comunistas libertários e anarco-individualistas trabalham em harmonia, e estes grupos não são os menos numerosos nem os menos ativos.

 

Sílvio Gallo - O Paradigma Anarquista em Educação:

972 - A principal acusação libertária diz respeito ao caráter ideológico da educação: procuram mostrar que as escolas dedicam-se a reproduzir a estrutura da sociedade de exploração e dominação, ensinando os alunos a ocuparem seus lugares sociais pré-determinados.

973 - (Acho até que já fichei esse texto no arquivo da pasta “Educação Popular…”.)

 

Silvio Gallo - Porque Matamos o Barbeiro:

974 - O rodapé sete explica o interessante paradoxo do barbeiro (Bertrand Russel quem criou, me parece). A antinomia de Russell traz implícita a possibilidade lógica da existência, em uma população, de elementos que, apesar de pertencerem a ela, não fazem parte, paradoxalmente, dela mesma.

975 - O que é o tal “biopoder” de que fala Foucault: mecanismos de se acompanhar e controlar a proporção de nascimentos e óbitos, a taxa de reprodução, de se efetuar o controle de endemias e epidemias que se abatem sobre uma dada população etc. Como se trata de “fazer viver” e, em determinados casos, “deixar morrer”, a biopolítica faz nascer sistemas de seguridade social, de previdências públicas e privadas, de poupanças.

976 - Biopoder, racismo e Estado em Foucault: Aquele que deve viver não é o mais corajoso, mais forte, ou mais politicamente hábil; o que deve viver é o mais puro, o “mais superior”, o mais sadio. É uma guerra interna mesmo, não contra os “de fora”. Tipo a do Estado alemão contra os judeus. Eliminar o “degenerado”, o “inferior”. Apagar os diferentes.

977 - Sobre o paradoxo do barbeiro, “Conviver com esse outro estranho – ao mesmo tempo tão familiar – não era tarefa fácil para os habitantes de A.” Quando este morre, é interessante para o Estado não investigar. Deixar pra lá. Apagou essa incômoda diferença de alguém que era também igual.

978 - O barbeiro, neste texto de Gallo, vale esclarecer, nunca se narrava, nunca informava nada dele. Era um “só observo”. Um Ele silencioso que relutava em compartilhar dessa entrega. Em outras palavras, insistia em não se tornar familiar; um amigo, um duplo, um fraterno ao qual se pudesse oferecer como uma imagem de identificação. Ao se opor à própria assimilação, tornou-se unheimlich. Insistia em viver o presente, no aqui-e-agora desses pequenos momentos de (re)encontro. O barbeiro satisfazia-se, pois, Educação & Sociedade, ano XXIII, no 79, Agosto/2002 53 de modo diferente: tinha lá outras formas de gozo e elas ameaçavam a forma como cada um sabia ser feliz.

979 - Na psicanálise, a busca pelo prazer/gozo não é algo necessariamente sexual. Até pela “plasticidade” e “adiabilidade” (digamos) que o instinto sexual tem. Busca essa que está inscrita na tensão permanente do conhecimento de sua própria finitude.

980 - O fenômeno racista só surge quando o “estrangeiro” está na cidade. (...) O racismo encontra suas fontes na oposição entre próprio e estrangeiro (...) mas para expulsar é preciso antes ter ingerido. (...) Depois, já não há no racista oscilação entre atração e medo, essa fascinação confusa pelo estranho e estrangeiro. (...) O racista separa, cliva, há nele um amor pelo seu ódio.

981 - O gozo estranho assusta por mostrar que a felicidade pode ser mais simples, teoriza. As lésbicas (exemplo do texto) e seus conjuntos de regras menos complexos (na busca de todos) jogariam na nossa cara a nossa “ineficiência”, digamos assim.

982 - Para a psicanálise, o racismo advém de um extremo ódio e fascínio pela forma do gozo alheio – pelos modos como o outro quer/sabe ser feliz; formas de vidas outras que nos fazem ter a incômoda sensação de que talvez pudéssemos ser felizes de outros jeitos. Unheimlich.

 


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