Regis de Castro Andrade - Brasil, a Economia do Capitalismo Selvagem (e outro) II
(continuação...)
277 - … Em segundo lugar, o Estado atenuou as oscilações do setor de bens de capital através da manutenção da demanda durante os anos de dificuldades. Em terceiro lugar, o Estado teve papel decisivo no emprego e na demanda de bens de consumo, através do seu controle sobre as indústrias de construção. Grandes obras públicas e programas de habitação realizados pelo Estado são instrumentos estratégicos das políticas estabilizadoras do Governo. Em quarto lugar, as transações financeiras estatais remuneram o setor privado e ajudam a manutenção dos retornos privados globais nos anos de crise.
278 - O bolo: o salário mínimo oficial caiu uniformemente, em termos reais, do índice 100 em 1960 para 52 em 1979 (DIEESE, 1979). Cerca de 60% da força de trabalho assalariada foi diretamente atingida. Os salários médios reais permaneceram constantes de 1963 a 1970 (Wells, 1975); aumentaram um pouco durante o boom e parecem ter decrescido nos últimos anos. De qualquer forma, os salários não incorporaram os enormes ganhos de produtividade gerados nos últimos anos.
279 - Dessa forma, a concentração de renda foi agravada pela escassez de certos profissionais altamente qualificados e pela capacidade quase ilimitada do Governo de comprimir os salários básicos; pelos esforços do Governo em assegurar a lealdade da burocracia pública, das Forças Armadas e dos serviços de segurança, e pela extensa corrupção; pela concentração de capital e propriedade bem como pela exacerbação de uma “ética da selva” nas classes dirigentes, empresariais e na classe média alta.
280 - Dados bem tensos de concentração. Tem tabela lá.
281 - Texto critica mais medidas dos últimos anos: Controles administrativos do câmbio, altos subsídios e crédito a taxas de juros negativas, períodos de deliberados desequilíbrios monetários e financeiros, controle salarial estrito: esses são alguns dos instrumentos criados para remover as barreiras à acumulação, contra a sabedoria do mercado e os conselhos dos economistas ortodoxos.
282 - Um déficit substancial na balança comercial foi causado pela tentativa deliberada do Governo de não compensar os vertiginosos aumentos do custo do petróleo pelo corte de outras importações, especialmente de bens de capital. (...) Os efeitos dolorosos da carga financeira logo se fariam sentir. A dívida externa total saltou de cerca de 12 bilhões de dólares em dezembro de 1973 para 43 bilhões em 1978 e para perto de 60 bilhões em 1980.
283 - Estimulados pelas políticas de taxação, preços mínimos e créditos subsidiados do Governo, as exportações primárias retomaram o fôlego.
284 - Coloca a industrialização brasileira como insuficiente e dependente de tecnologia de fora e de petróleo. Exporta bens baratos e importa caros.
285 - Reformas de 64 a 66: o crédito ao setor privado declinou em termos reais. O equilíbrio orçamentário foi restabelecido. O capital “em excesso” foi eliminado. Muitas firmas de pequeno e médio porte faliram, muitas foram incorporadas por firmas maiores. (...) Greves foram praticamente proibidas, 425 sindicatos sofreram intervenção, a militância sindical foi reprimida. Os salários mínimos foram fixados substancialmente abaixo dos níveis de inflação.
286 - As exportações receberam incentivos fiscais, creditícios e cambiais.
287 - A poupança institucional forçada também foi aumentada pela criação de grandes fundos sociais, financiados por deduções sobre salários na fonte.
288 - Afirma que o milagre de JK teve ganhos reais de renda. O da ditadura propositalmente não.
289 - Muitos já falavam desde então em crise, no entanto, o PND continuou crescendo a uma taxa de 6 a 7% ao ano de 1974 a 1980.
290 - Primeiramente, a especulação e o investimento entram em competição; mecanismos financeiros, concebidos para estimular a produção gradualmente transformam-se em obstáculos à recuperação econômica. (...) A dívida interna, aumentada por correções monetárias, subsídios e juros a pagar, absorve uma proporção cada vez maior dos recursos estatais. Vem a dívida externa para fechar as contas. (...) Pelos padrões brasileiros, a economia correu livre nos últimos anos, como se as dívidas interna e externa pudessem crescer indefinidamente contanto que o produto crescesse. (...) A “confiança” no governo – medida em termos de investimentos privados e empréstimos – tornou-se cada vez mais cara.
291 - Medidas de 1980: As importações foram submetidas ao imposto sobre operações financeiras, e as alíquotas do imposto de renda sobre os extratos mais altos foi elevada. Em segundo lugar, reforçaram-se os controles sobre os preços. Em terceiro lugar, foram eliminados subsídios às exportações e decretada uma maxi-desvalorização do cruzeiro de 30%. Finalmente, adotou-se uma política de liberação dos serviços públicos. Essas duas últimas medidas, admitiu-se, provocariam uma “inflação corretiva”: seu impacto inflacionário a curto prazo seria compensado favoravelmente no médio prazo por efeitos benéficos sobre a posição financeira do governo e sobre o balanço de pagamentos. (...) Os serviços públicos têm sido reajustados segundo taxas bastante superiores às da inflação; os salários do funcionalismo público foram drasticamente cortados; e os lucros têm sido protegidos mediante um forte arrocho salarial sobre os extratos médios de salários.
292 - A recessão parece inevitável. Resta saber quão profunda e quão longa será.
Sérgio Adorno - Exclusão Socioeconômica e Violência Urbana:
293 - Texto de 2002. Homicídios por cem mil habitantes: Para melhor compreender essas taxas, convém reportar-se aos dados internacionais para o ano de 1995: enquanto, no Brasil, a taxa alcançou 23,83/100000 habitantes, nos Estados Unidos acusou 8,22; na Grã-Bretanha, 2,43; na Itália, 4,90; na Bélgica, 4,11; em Portugal, 3,99; na França, 4,11.
294 - Ao contrário do que indicam expectativas no interior da opinião pública, é baixa a proporção de jovens que cometem homicídios. Representou, no segundo período, 1,3% de todas as infrações cometidas.
295 - Muitos números desatualizados. E é um texto basicamente de números. Não que a situação deva ter mudado muito.
296 - Pesquisas mostram baixo índice de confiança na justiça e elevada porcentagem de pessoas resolvendo conflitos por conta própria.
297 - Parte final do texto traz muitos números da situação social, já desatualizados também (pero no mucho).
.
Comentários
Postar um comentário