'Ilana - Teses Pelo Fim do Sistema de Gênero' e 'João Bernardo - Classe'
Ilana - Teses Pelo Fim do Sistema de Gênero:
175 - O mercado é a supressão radical do indivíduo. A característica fundamental do sistema produtor de mercadorias é a submissão da individualidade à universalidade do trabalho abstrato.
176 - Redução das diferenças à identidade de consumidores: O "politicamente correto" é a expressão mais visível, na esfera dos direitos, da tentativa de captura, pela lógica mercantil, da explosão da diferença: todas as formas de discriminação são passíveis da intervenção de um advogado litigante em busca de indenizações.
177 - Abolir gênero, para Ilana, parece ter a ver com a libertação progressiva das amarras da natureza (que parece reconhecer existir): Assim, o desligamento da sexualidade da função puramente reprodutiva, a construção do desejo - esse outro do instinto - a invenção dos laços amorosos, são, todos eles, obra aberta pelo agir próprio do homem.
178 - (Uma hipótese que a ciência poderia pesquisar, creio, é a de que o determinismo biológico é menor - tipo o percentual genético da inteligência - nas sociedades/países menos desenvolvidos social e culturalmente).
179 - O gênero é uma invenção histórica da humanidade, um modo de identidade, de supressão da diferença que se origina numa dada diferença/identidade naturais, a amplifica e institui a partir dela todo um sistema hierárquico e classificatório. O gênero é um dos modos, modo primeiro, do ponto de vista histórico, do sistema e no sistema não há diferença. Não há, na natureza, homens e mulheres. (...) Nada impede, por exemplo, que fossem outras as determinações biológicas que tivessem dado origem a outros sistemas classificatórios possíveis.
180 - Se a tradição , se a herança patriarcal é já um fundamento de tal naturalização do sistema de gêneros, a introdução das relações mercantis, mais que reforçar a naturalização, aprofunda, amplia e universaliza tal naturalização à medida em que submete a naturalidade do sistema de gêneros à naturalização das relações sociais em sua totalidade. (...) . Foi, do ponto de vista de sua gênese histórica, o patriarcado que inaugurou o poder nas relações humanas.
181 - Os sistemas de gêneros não foram, historicamente, todos iguais: Entre os gregos, por exemplo, o sistema de gêneros não implicava homofobia, antes valorava positivamente, em função da absoluta misoginia, as relações entre "iguais".
João Bernardo - Classe:
182 - Coloca que classe não são apenas aqueles níveis de renda que permitem as políticas burguesas voltadas para consumidores ou distribuição ou redistribuição da riqueza.
183 - O critério utilizado pela maioria dos marxistas é a propriedade dos meios de produção. Este é o ponto de vista teórico de uma política que transformou as relações jurídicas ao nível da propriedade, enquanto manteve as velhas relações sociais ao nível econômico. Para o marxismo ortodoxo, manter as velhas formas do processo produtivo é tão importante que a disciplina da fábrica sempre foi louvada como o modelo da nova sociedade. E o socialismo foi mal-interpretado como uma política de nacionalizações, de forma moderada, ou, em forma mais extrema, como capitalismo de estado.
184 - Para outros, a luta do chão de fábrica seriam a base para o socialismo. O autocontrole sobre elas. Seriam os marxistas radicais. Para eles, o controle também é uma forma de apropriação. Ainda que estes controladores não possuam direito de herança.
185 - As derrotas revolucionárias sempre tiveram a ver, então, com a perda do controle para os gestores. Em seguida, e muito rapidamente, muitos ou mesmo a maioria dos gestores que estavam no lado errado descobriram as belezas do lado vencedor.
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