Luis Felipe Miguel - Elementos Para Uma Teoria Ampliada da Representação Política I

 

Luis Felipe Miguel - Elementos Para Uma Teoria Ampliada da Representação Política:

237 - Cada vez menos pessoas votam a cada década.

238 - As confianças nas instituições democráticas também são baixíssimas nos EUA e aqui e baixas na Europa em geral. O texto é de 2003, mas usa dados da década de 90. O paradoxo é que o apoio ao autoritarismo não cresce. A adesão à democracia é firme.

239 - Em 1956, o sociólogo C. Wright Mills publicou aquele que seria seu livro mais influente, A elite do poder (Mills, 1981 [1956]). Analisando a história política dos Estados Unidos, ele chegou à conclusão de que, por trás da fachada democrática e dos reclamos rituais de obediência à vontade popular, cristalizara-se o domínio de uma minoria, que monopolizava todas as decisões- chave. Os três pilares da “elite do poder” eram os grandes capitalistas, os principais líderes políticos e os chefes militares.

240 - Seus membros circulavam por esses três grupos muitas vezes. Ademais, os integrantes da elites vinham das mesmas escolas e faculdades, freqüentavam as mesmas festas, clubes e restaurantes, casavam seus filhos entre si. Tudo isso reforçava a solidariedade.

241 - Assim, concordava com os marxistas de que a democracia burguesa era mais formal que qualquer outra coisa, mas discordava de que os capitalistas eram “o grupo dominante”. Era uma espécie de triunvirato. A elite do poder. Nada de classe dominante.

242 - Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels: Pareto indicava a circulação das elites como cerne de qualquer transformação social, isto é, no fundo manifestava-se a eterna permanência da dominação sobre a massa. Mosca estabelecia que o domínio da minoria sobre a maioria consistia em regra sociológica invariável. E Michels ditava a “lei de ferro das oligarquias” para provar que a perseguição de qualquer interesse coletivo gera inevitavelmente uma elite independente.

243 - Dahl critica “Mills” e diz que tudo é muito mais uma poliarquia que uma elite. Minorias sim, mas plurais/rachadas. É criticado em artigos de terceiros que “treplicam” o seguinte: É possível chamar a segunda face do poder de “controle sobre a agenda pública”. Ao ignorá-la, acreditando que o poder se reflete sempre em decisões concretas, Dahl não percebe que as verdadeiras “questões políticas chave”, nas quais a influência da pretensa elite política deve ser testada, podem estar invisíveis. … é um erro “descartar ‘elementos imensuráveis’ como irreais” (Bachrach e Baratz, 1962, p. 952)

244 - Steven Lukes vai adicionar um fator crítico: Faz-se necessário acrescentar um novo elemento, a manipulação das vontades alheias. Volta a questão da ideologia.

(continua...)

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