Maurício Tragtenberg - Textos Diversos I

 

SEÇÃO MAURÍCIO TRAGTENBERG

 

A Censura e o Complô das Belas Almas:

298 - Critica que possa haver uma boa censura. Esta pressupõe sempre minoria dominante e maioria dominada. Não aborda as exceções que dificultam a discussão (18 anos para pornô, sei lá). No geral, está certo.

 

A Democratização e a Representação Discente:

299 - A reformulação do âmbito de representação de setores da comunidade acadêmica com a passagem de 1/10 a 1/3 da representação caminha paralela ao desgaste do atual regime político-militar que, através de uma auto-reformulação procura manter-se. Um décimo é na representação nos órgãos. Um terço é nos votos.

300 - Eis que parece-nos limitada a luta pela simples suplementação de verbas, sem que o controle sobre as mesmas seja exercido pelos legítimos representantes da comunidade acadêmica. Quem sabe se a exigência de prestação de contas da burocracia universitária à comunidade acadêmica das verbas estatais que manipula, não possa se constituir na contribuição universitária à luta contra a corrupção administrativa praticada pela alta burocracia que, como toda tirania foge à publicidade de seus atos.

 

A Educação de Maurício Tragtenberg:

301 - Interessante que é um relato extenso, quase biográfico de um ex-aluno claramente fã de Tragtenberg e que, no entanto, se tornou um antipetista liberal! Do tipo fã de FHC. Foi um dos primeiros direitistas de alguma produção com pé e cabeça que conheci na internet. Surpreso de ele ainda se dizer marxista aí nesse texto de 2002. Claramente deixou de ser anos depois. Enfim, o texto é interessante só para conhecer Maurício.

302 - Narra inclusive que ele foi alargando seu marxismo já em 1976 (poulantziano, virou) e resolveu tentar o Itamaraty do nada, no que chamou de “entrismo”.

303 - Conversa de 1985 sobre a Iugoslávia: MT deve ter ficado um pouco decepcionado quando lhe informei sobre a realidade do sistema auto-gestionário, uma farsa que também tinha decaído na corrupção burocrática e na deriva alienante das velhas estruturas de poder que Milovan Djilas já tinha denunciado, desde os anos 50, na sua análise da “nova classe”, uma primeira versão do fenômeno da nomenklatura, que MT conhecia muito bem. (...) MT mantinha um quadro analítico basicamente marxista – que continua a ser também o meu, ainda que de maneira não totalmente definido.

 

A Escola Como Organização Complexa:

304 - Um observador mais atento que viveu em escolas/universidades pode observar quase todos os pontos resumidos desse texto tão abrangente, logo, não vou destacar muita coisa. Só alguns trechos ótimos: inculcação não se dá pelo discurso mas através de práticas de exercícios escolares onde a nota equivale ao salário, recompensa pelo trabalho realizado. Da mesma maneira que o mercado do trabalho é regulado pela competição, no interior da escola ela é cultuada nos sistemas de promoção seletivos.

305 - Sobre escola e afins: Os Aparelhos Ideológicos não criam a ideologia, mas inculcam a ideologia dominante. Não é a Igreja que cria a perpetuação da religião, é esta que cria e perpetua a Igreja, diferente do que pensava Max Weber.

306 - Texto necessário, mas um tanto superficial. Por mais que eu concorde, funciona mais como provocação. Muitas hipóteses, poucos desenvolvimentos.

 

A Importância da Literatura Para o Homem de Cultura Universitária:

307 - Coloca que a literatura - suas tendências literárias - , do seu modo assistemático, antecipam, m relação ao pessoal da política e da economia, por exemplo, os processos de mudança, os novos sentidos da vida que surgirão em cada época.

308 - Se as profissões diferenciam o homem, cabe à arte uní-lo em torno de ideais comuns. Isso ela pode fazê-lo, pois sua linguagem é universal e a condição humana idêntica em toda a face da terra.

309 - Assunto que conheço pouco.

 

A Inteligência do Orientador:

310 - Tragtenberg orientou o autor do texto. Anteriormente, perdera cargos da rede pública, vítima da “redentora”, e fora boicotado em vários concursos da Unesp, mesmo tendo sido aprovado em primeiro lugar em todos eles.

311 - Fez várias indicações filosóficas de autores libertários que desconheço (não todos).

312 - Marx: todos os mistérios, que induzem às doutrinas do misticismo, encontram sua solução racional na praxis humana e no compreender dessa praxis”.

313 - É mais um relato meio que biográfico, enfatizando o profundo autodidatismo e autonomia de vida de Tragtenberg e suas múltiplas referências teóricas e flancos de pesquisa.

314 - Texto dois do mesmo arquivo. Ideologia e burocracia é um livro de Maurício de 1974. O livro trata das teorias administrativas como ideologias da burocracia e funda esta última no modo de produção asiático. Mistura, hereticamente, Marx (na análise da estrutura) e Weber (na análise da superestrutura).

315 - É a partir de tais teses que procura demonstrar que tanto o “fordismo” quanto o “toyotismo” refletem interesses socioeconômicos dominantes, além de possuírem caráter ideológico – já que suas idéias e práticas endossam tais interesses –, ao mesmo tempo em que amenizam as tensões entre capital e trabalho, perpetuando o que Maurício chama de ideologia da “harmonia administrativa”, que ele vê nascer em Saint-Simon, no século XIX.

316 - Paes de Paula sublinha o fato de as idéias “toyotistas” serem um desenvolvimento de teorias administrativas antigas, sendo inadequado para elas o adjetivo “pósfordistas”.

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