Regis de Castro Andrade - Brasil, a Economia do Capitalismo Selvagem (e outro) I
Regis de Castro Andrade - Brasil, a Economia do Capitalismo Selvagem:
270 - É um texto de 1981. Ainda com certo otimismo.
271 - A repentina contração do comércio exterior que se seguiu ao crack de 1929 foi parcialmente controlada pela compra dos estoques cafeeiros pelo Governo. Essa política, e as condições favoráveis criadas pelas dificuldades de importação, estimularam investimentos industriais e sustentaram a economia durante os anos críticos. O produto total caiu menos de 10% nos anos iniciais da depressão, e por volta de 1933 restabelecia os níveis de 1929.
272 - Em 1947 foi estabelecido forte controle cambial com taxas de câmbio múltiplas. Os ingressos do café, inflados pelos preços internacionais ascendentes, foram parcialmente apropriados pelo Estado e transferidos para a indústria.
273 - JK: Os investimentos públicos saltaram de 25.8%, em média, do total de investimentos em 1952-1956 para 35.6% em 1956-1960, em virtude sobretudo de investimentos estatais em programas de energia elétrica e infra-estrutura de transportes. Além da automobilística, os investimentos estrangeiros se concentraram em “estaleiros, mecânica pesada, e siderúrgicas”. (...) Os salários cresceram até 1959, embora em proporção menor que a produtividade.
274 - Crise de 1962/63: Os déficits orçamentários já tinham alcançado a elevada taxa de 4.2% do PNB em 1963. O crédito externo, necessário em grande escala em virtude dos elevados coeficientes de importação dos investimentos estatais, também não era suficiente. Isso se devia à má vontade ou ceticismo das agências internacionais durante esses anos de inflação alta, de política nacionalista e de agitação política geral no país (Belluzzo e Cardoso de Mello, 1977).
275 - Coloca o problema atual (1980): Mais especificamente, essa instabilidade é explicada pela dimensão relativamente pequena das indústrias de bens de capital e bens duráveis. Essas indústrias se caracterizam por altas taxas de crescimento em períodos de expansão geral, seguidas por recessões graves. Nessa ótica, desequilíbrios externos e inflação não são fatores primários das crises. Eles são apenas sintomas de taxas decrescentes de expansão. Quando o ritmo da atividade econômica se desacelera, a luta pela massa decrescente de lucros inflaciona os preços. Recursos não investidos são transferidos ao circuito financeiro. O crédito estrangeiro necessário ao equilíbrio externo torna-se caro.
276 - Anos 70: A participação estatal no total dos investimentos fixos é substancial, crescendo 38% em 1970 para 43% em 1978. Estima-se que 35% da demanda total de bens de capital produzidos localmente em 1975 foi gerada por investimentos públicos (Suzigan, W., 1976). Em 1974, o Estado controlava 68.5% das ações na mineração, 72% na siderúrgica, 96.4% na produção de petróleo e 34.8% na química e petroquímica. O Estado monopoliza o transporte ferroviário, o serviço de telecomunicações, geração e distribuição da energia elétrica e nuclear e outros serviços públicos. (...) Uma pesquisa de 1977, sobre uma amostra de 1261 importantes empresas nos mais variados setores, revelou que os setores produtivos estatais contribuíram com 70% da produção industrial total. (...) as escalas de produção e a intensidade de capital eram mais elevadas no setor público do que no setor privado, mas os lucros no setor produtivo estatal foram bem menores que a média, devido à sua política de preços baixos.
(continua...)
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