Maurício Tragtenberg - Textos Diversos II - A Teoria Geral da Administração é Uma Ideologia
A Teoria Geral da Administração é Uma Ideologia:
317 - Texto de 1971. Na verdade, acho que é um capítulo do famoso livro “Ideologia e Burocracia”. O modo de produção asiático foi mencionado por Mills e Montesquieu. Só depois que Marx sistematizou. São áreas com grande extensão desértica que pedem, necessariamente, maior organização da produção em razão da necessidade de irrigação. Surge a burocracia, com supervisão e monopólio do poder político.
318 - Na China uma classe letrada de funcionários faziam o plano de controle das águas a ser executado pela classe de cultivadores passivos e ignaros. Surgem governos e líderes teocráticos.
319 - A própria Rússia, sob influência dos mongóis em 1200 e algo, passam por tal autoritarismo. Vale lembrar que Genghis Khan possuía um conselheiro chinês.
320 - A tecnoburocracia dirige coletivamente os meios de produção na URSS.
321 - As bonificações - pelo atingimento das metas - faziam com que os salários dos diretores das empresas pudesse ser bem superior ao do pessoal do chão de fábrica. O sistema era irracional, por focar na quantidade, e Marx e Taylor já falavam sobre isso. Trabalho por tarefa tende a dissimular a produção. Chegavam a produzir bens sem uso prático só para bater as metas. Inovações não eram incentivadas, já que o que importava era a quantidade e não os caracteres específicos do produto. Ademais, inovação poderia levar a aumentar a meta (Chegou na meta, dobra a meta), tornando a coisa mais difícil. Mais fácil é produzir mais tranqueira.
322 - A coordenação horizontal entre as empresas/indústrias locais também era pouco eficiente e o transporte era caro.
323 - O texto trata de uma série de inovações tecnológicas entre 1790 e 1800 que possibilitaram o surgimento da máquina a vapor e indústria têxtil.
324 - Saint-Simon parece, pelo texto (nunca o estudei) sonhar com um governo de banqueiros, capitalistas e industriais que harmonizassem a produção com o bem comum. Socialismo esquisito.
325 - Fourier também sonhava com uma harmonia universal. Uma pedagogia não-individualista. Dizia que a carta de Direitos do Homem e do Cidadão era uma farsa, pois sem os direitos do trabalho todos os outros eram impossíveis. Seriam jornadas curtas e baseadas na afeição por um trabalho, associação conjunta e solidariedade social.
326 - Tem, num rodapé, a famosa passagem de Marx dizendo que a história não faz nada e sim os homens perseguindo seus objetivos. Que a história não tem vontade própria. Não é uma pessoa. Isso desautorizaria falar em “leis da história”? Jogo logo essa pergunta.
327 - Taylor era um religioso quaker (puritanismo e asceticismo entram aqui) entusiasta da administração científica a fim de decompor os tempos de cada processo de maneira a analisá-los e evitar o pecado do possível desperdício de tempo em cada etapa. Era a favor ao aumento de salário, que via como único componente da motivação, mas só se fosse bem lento, para que seja valorizado. Do contrário, afirma que o trabalhador se torna relapso. Prezava pela intensidade e velocidade. Cronômetro. Enfim, basta ver o filme de Chaplin.
328 - MT afirma que Taylor subestimou a importância do “tempo morto” como recuperador de energia e desprezou a fadiga mental, às vezes mais degradante que a física. Havia mais intensificação que racionalização do trabalho em Taylor, critica MT.
329 - A disciplina militar é vista como modelo tanto por Taylor quanto por Fayol.
330 - Na sociedade “pós-industrial” a comunicação horizontal entre os especialistas vai suplantar, em produtividade, a comunicação vertical/hierarquizada do taylorismo. É preciso diálogo. Surge a Escola das Relações Humanas propriamente dita.
331 - Cita como exemplo o esquema de Mayo em uma fábrica têxtil., que passou a prever quatro pausas de grupos num dia, transformando grupo solitário de trabalho em grupo social de trabalho.
332 - Pregava a disseminação do consenso em pequenos grupos sob uma liderança administrativa de menor autoridade que antes. Seria uma cooptação a gerar efeitos positivos. Em vez da contenção direta do taylorismo para conseguir “apoio” dos operariados, Mayo previa a manipulação para conseguir o apoio. Valorizava o informal e a comunicação afetiva. (George Elton Mayo (1880–1949) foi um psicólogo australiano, professor sociólogo e pesquisador das organizações - Wikipedia).
333 - Critica-se, em Mayo, o seguinte: "Negativamente, a Escola das Relações Humanas aparece como uma ideologia manipulatória que acentua a preferência do operário pelos grupos informais fora do trabalho, quando na realidade o operário sonha com a maior satisfação: largar o trabalho e ir para casa. Valorizam neste sistema, símbolos baratos de prestígio, quando o trabalhador prefere, a estes, melhor salário. Essa escola procura acentuar a participação do operário no processo decisório quando a decisão já foi tomada de cima, a qual ele apenas reforça.”
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