Cecília Lima de Queiros Mattoso - Classes Sociais (Sobre a C e D)

 

Cecília Lima de Queiros Mattoso - Classes Sociais (Sobre a C e D):

103 - Diz que o conceito pré-moderno de classe era estático e servia às classificações úteis ao Império Romano. Só mais tarde deixaria de ter relação com o nascimento.

104 - Weber ia além de Marx no número de classes: Para Weber, o tipo de oportunidade no mercado é decisivo para o destino de um indivíduo. Nas bases dessa definição, Weber distinguia dois tipos de classes privilegiadas: as classes proprietárias (donos de terras, prédios, pessoas etc) e as classes comerciais (pessoas que possuem bens, serviços e habilidades que podem ser oferecidas no mercado, como banqueiros, mercantilistas etc). As classes desprivilegiadas podiam ser divididas em três: as qualificadas, semiqualificadas e sem qualificação. (...) Ele percebia quatro classes: a classe trabalhadora, a pequena burguesia, os especialistas e a classe privilegiada.

105 - Ainda Weber: Ele identificava três construtos ou dimensões de desigualdade: 1) classe; 2) poder, e 3) prestígio. (...) A primeira dimensão, “classe”, referia-se às chances ou oportunidades de vida. A posição de classe depende do prestígio ocupacional, educação, experiência e níveis de qualificação, herança, sorte, ambição e meio formativo familiar, e não somente das relações com os meios de produção, ou a estratificação puramente econômica, como argumentara Marx.

106 - Wright é um sociólogo neomarxista americano, que revisou e reformulou a teoria de classe original de Marx desde meados dos anos 70. Wright incluiu a nova classe média no modelo dicotômico de classe de Marx, mostrando que os gerentes estavam situados numa posição contraditória entre a burguesia e o proletariado. Na verdade ele criou uma tipologia de dez (e depois doze) classes meio inútil, diz o texto.

107 - Os marxistas e neomarxista, inclusive Wright, colocaram muita ênfase no conceito de classes baseado na produção exploradora, em contraste com a definição ocupacional de classes não-marxista, que foca a relação técnica e/ou autoritária da produção.

108 - Goldthorpe era neoweberiano: As suas sete categorias poderiam ser agrupadas em três classes a classe de serviço (proprietários, administradores, gerentes, profissionais altamente especializados e outros), a classe intermediária (empregados não-manuais, vendedores, autônomos, pequenos proprietários e outros) e a classe trabalhadora (baixa qualificação, trabalhadores manuais e do setor primário).

109 - Goldthorpe e Wright teriam sido criticados por usarem dimensões tanto relacionais como de gradação e pelo fato de ambos não distinguirem empregadores de grandes proprietários, como seria o caso de alguns acionistas do mercado de capitais, que teriam muita riqueza mas não seriam empregadores convencionais.

110 - Scott faz uma teoria mista entre os que querem proclamar o fim das classes (esse povo tribista ou quase isso) e os que querem reafirmá-las como principal motor explicativo. A divisão de classe não poderia, sozinha, explicar ou ser a causa única das oportunidades de vida, das chances de ficar doente ou de ações políticas; entretanto ela não poderia ser ignorada ou ter as suas conseqüências negadas (Scott, 2002).

111 - Bourdieu deu importância à questão do status que Weber já mencionava. Bourdieu considerou a roupa, ao lado da linguagem e da cultura, como tipos de consumo que melhor realizariam a função de associação e dissociação. É o jogo cujo as regras são definidas pelos privilegiados.

112 - O consumo representa, também, uma gramática dos signos em Isherwood.

113 - Warner, classes, consumo e marketing nos anos 50: Quando Warner descobriu que cada classe social tinha motivações e comportamentos de compra únicos e distintos das demais classes, ele percebeu o potencial das classes sociais como variável para segmentação. As classes, por serem grupos motivacionais e categorias de status, seriam a causa da escolha no consumo: não estariam apenas correlacionadas. Warner deu exemplos de produtos consumidos por classes distintas e buscou na variável “ “ classe social” uma forma de predizer o consumo (Warner et al.., 1949).

114 - A segmentação por estilo de vida era originalmente, nos anos 60 e 70, parte ou mesmo a essência do conceito de classes sociais. Nos anos 80, o conceito de estilo de vida tornou-se um conceito independente. Para Coleman (1983), o conceito de estilo de vida não deveria substituir o de classes sociais, mas ambos existirem em combinação. (...) A proposta de Gilbert e Kahl (1982) de que as classes sociais gerariam as suas próprias subculturas, com estilos de vida diferentes e consumos distintos, foi comprovada através de pesquisas. Coleman (1983) também identificou padrões bastante distintos de valores e estilos de vida.

115 - Coleman: o status derivaria muito mais da ocupação do que da renda.

116 - Sheth (2001) dá a sua visão da psicologia dos pobres relatando as seguintes atitudes em relação à vida: • Insegurança – os pobres sentem que seus empregos são instáveis, seus recursos inadequados para cuidar da saúde ou outras emergências, e que a polícia e os tribunais exercem sobre eles uma vigilância excessiva e hostil. • Desamparo – os pobres sentem que não têm a força política, e que, em virtude de seu baixo grau de instrução e das suas experiências de vida limitadas, estão sujeitos aos caprichos dos outros. • Fatalismo – os pobres sentem que seus próprios destinos não estão em suas mãos e que o acaso, a sorte ou outros elementos controlam o seu futuro. • Orientação para o presente –como percebem uma falta de controle pessoal sobre os eventos futuros, os pobres sentem que devem mais é aproveitar a vida e deixar que o futuro cuide de si mesmo. (...) Sheth descreve que os pobres não seguem estratégias de compra sensatas. (altas taxas de juros e etc.)

 

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