Econ - Textos Variados XLIV
Crise 2009 - Entrevista Com Luiz Filgueiras da UFBA (Boa, Ler Depois):
47 - Enfim, um “não-apocalíptico”. Atribui certa recuperação à ação rápida dos bancos centrais e ajuda da China, que passou quase incólume e continuando a demandar produtos.
48 - Ademais, crê que a falta de reação dos trabalhadores criou condições para recomposição da taxa de lucro: o ajuste recaindo sobre os trabalhadores, na forma de desemprego e precarização do trabalho. (Então o new deal seria melhor na versão liberal?)
49 - No Brasil, o BNDES e afins soltando crédito, as reservas internacionais de respeito e a desvalorização do câmbio ajudaram a amortecer o impacto, aproveitando-se da curta duração dos momentos mais dramáticos da crise. A própria desvalorização do câmbio ajudou a ajustar as contas externas que, ao contrário do que se imaginava, reduziram o déficit da conta corrente – as importações se reduziram mais que as exportações e as remessas de lucros e dividendos, bem como os gastos com viagens, caíram.
50 - A crise nos demais países (rivais como opções de investimento) e o “puxão” da China contribuíram também.
51 - Coloca que o país pode estar trilhando um caminho perigoso de reafirmação da primarização. A política cambial passará a ser, mais do que nunca, decisiva, no sentido de impedir a tendência já explícita de valorização do real, que dificulta e impede o desenvolvimento de ramos industriais mais sofisticados dentro do país.
52 - O capitalismo, a partir dos anos 1970, entrou numa fase de baixo crescimento econômico de longo prazo, uma espécie de semi-estagnação, que inclui alguns curtos momentos de acelerado crescimento, alternados por crises financeiras de maior ou menor monta.
53 - Errado: Por isso, a tendência é de que as flutuações econômicas se tornem mais intensas, com a reiteração de crises periódicas em intervalos mais curtos - intercaladas por surtos efêmeros de crescimento e tendência à estagnação prolongada. De fato, no plano mundial, a superação da crise, pelo capital, demanda mudanças estruturais no padrão de acumulação.
54 - Não há evidentemente uma saída exclusivamente nacional, pelo alcance já tomado pela mundialização do capital e a natureza profundamente internacionalizada da economia brasileira.
Crise Global Torna os EUA Extremamente Dependentes da China:
55 - Obama deve pedir a valorização do yuan, mas sem muita esperança. A palavra da política externa é “cooperação”. Cerca de dois terços das reservas de moeda estrangeira da China são denominadas em dólares. Qualquer mudança abrupta por parte de Pequim ameaçaria a estabilidade da moeda americana. Os bens chineses importados baratos ajudam a melhorar o padrão de vida americano e minimizar os riscos de inflação. (Nessa época, a China tinha e ainda tem uns 20% da dívida dos EUA que está na mão de estrangeiros. E 5,6% da dívida total (1,2 trilhão de dólares em reservas, portanto).
29 - Um dos motivos pelo qual é seguro os EUA ter uma dívida tão grande: ... ele possui um total de US$ 147 trilhões de ativos nacionais, segundo o USDebt Clock e US$ 197 trilhões de ativos financeiros., isto é, a soma de pequenas empresas, grandes corporações e residências. O que é verossímil, afinal, os Estados Unidos são a economia mais rica e poderosa do mundo. Fonte:
30 - Outra reportagem bem interessante:
https://cointimes.com.br/conheca-o-fundo-da-noruega-de-us-1-trilhao/
31 - Lembrei de André Roncaglia colocando que a China era um exemplo de MMT - o que, por sinal, contrasta com a opinião de Jones Manuel de que a China não estava satisfeita com o crescimento do monetarismo friedmaniano entre seus economistas -: O programa de estímulo de Pequim equivale a aproximadamente 13% do produto interno bruto chinês, o tornando quase duas vezes maior do que o programa americano e perto de cinco vezes o tamanho de seu equivalente alemão.
32 - Hilary: "Os Estados Unidos estão comprometidos em buscar um relacionamento positivo, cooperativo, com a China, um que acreditamos ser importante para a futura paz, progresso e prosperidade de ambos os países e do mundo", ela disse com entusiasmo.
33 - Imensa quantidade de empréstimos da China em 2009: Muitos chefes de empresas estão desviando o dinheiro para a compra de casas ou terrenos, ou para investir no mercado de ações. Os preços na Bolsa de Valores de Xangai subiram mais de 70% desde o início do ano.
34 - Guerra comercial já rolava um pouco. Para proteger a indústria manufatureira americana contra os pneus baratos chineses, o dócil Obama aprovou a imposição de sobretaxas punitivas de até 35%. (...) Os chineses prontamente ameaçaram impor sobretaxas de retaliação contra a importação de frango e autopeças americanas. Eles recentemente impuseram sobretaxas punitivas contra certas fibras sintéticas dos Estados Unidos e da Europa. Em resposta, o Tio Sam impôs tarifas antidumping provisórias sobre o aço chinês.
(Por sinal a bolsa de Xangai é louca: https://br.tradingview.com/symbols/TVC-SHCOMP/ )
35 - Enquanto o valor do yuan não flutuar livremente, os chineses não terão escolha a não ser investir no dólar.
36 - A tática de comprar empresas de média/alta tecnologia nos EUA: Nas mais de 100 páginas do documento, os burocratas chineses aconselham os investidores potenciais a realizarem ajustes táticos para se adaptarem às práticas na América capitalista. Elas até mesmo incluem dicas sobre como se comportar, sugerindo, por exemplo, que as mulheres devem vestir saia para trabalhar, em vez de jeans. Os compradores chineses também são orientados a se prepararem para objeções feitas pelos sindicatos, para tratar dos assuntos sem pressa, visitarem regularmente os gabinetes de membros relevantes do Congresso e manter uma boa relação com os jornalistas - e não fazer barulho ao tomar sopa.
37 - Cogita uma “bolha da China”.
38 - Administrador econômico da China é apaixonado pelo partido, mas domina o jargão do investidor ocidental também e quer tornar Chengdu a nova Vale do Silício: Poluição do ar? Nós estamos trabalhando intensamente neste problema, ele diz. Um hospital ao estilo ocidental? Já planejado, ele diz. Recursos para novas empresas? Nossos bancos do governo analisam os empréstimos de forma profissional e flexível, ele promete. Transportes? Nós podemos entregar bens em qualquer parte do mundo em 24 horas, ele diz, e também estamos construindo uma segunda estrada, mais larga, para o nosso aeroporto.
Crise Sistémica Global - PIOR CRISE:
39 - Mais futurologia que se mostrou nonsense. Parece que esses autores orientavam investidores na época. Os coitados que seguiram perderam uma chance única na vida de multiplicar o patrimônio por 8 ou mais em dez anos… Prevendo retorno do crescimento real nos EUA apenas a partir de 2018. Risos.
Cristina Paniago - A Incontrolabilidade Ontologica do Capital (Estudo de Meszaros):
40 - É uma “tese de doutorado” que mais parece um resumo de “Para Além do Capital”. Não vou ler agora e nem sei se algum outro dia.
Crítica a David Landes:
41 - Culturalistas: Nos últimos anos, duas prestigiadas figuras da velha história mundial — Alfred Crosby e David Landes, professores de Texas e Harvard — têm publicado livros muito elogiados, pelo menos em certos círculos, que repetem a história do Triunfo do Ocidente por causa da sua mentalidade científica e democrática.
42 - Possivelmente racismo ou eurocentrismo ou ambos: “Se aprendemos algo da história do desenvolvimento econômico, é que cultura faz toda a diferença (...) o que conta é trabalho, frugalidade, honestidade, paciência, tenacidade.”
43 - O crítico pergunta porque Landes não enalteceu, ao menos também, os seguintes atributos: a avidez, a brutalidade, a barbaridade. No mínimo também eram “condição necessária”.
44 - O resto do texto viaja um pouco, a meu ver.
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