Econ - Debate de Economistas Brasileiros Sobre Fim do Socialismo (1990) I
Debate de Economistas Brasileiros Sobre Fim do Socialismo (1990):
123 - Singer afirma que o planejamento central além de não ter evitado ciclos de estagnação, ainda possivelmente desenvolveu as forças produtivas menos que o capitalismo.
124 - A igualdade - no tocante à hierarquia - era utópica. Ninguém conseguiu nem sequer tentar pôr em prática um sistema que fosse centralmente planejado e que garantisse a participação de todos nas decisões.
125 - Economia do planejamento: Ela tende a ser muito hierárquica e provavelmente muito coatora da liberdade, sobretudo individual, sem falar das liberdades políticas.
126 - Ele defende portanto, planejamento parcial. Acho que seria tipo o modelo chinês. Há atividades que têm produtos não padronizados, pela sua natureza. Tipicamente o vestuário, mas há muitos exemplos. Esse tipo de atividade é muito melhor coordenada por competição de mercado, e não por planejamento. Produtos padronizados — como produtos químicos, aço, cimento e tantos outros — podem e devem ser padronizados. Eles tendem naturalmente a ser monopólios ou, no máximo, oligopólios em todos os países do mundo, e se o seu planejamento não é um planejamento público, é um planejamento privado. Atividades que têm um processo de produção naturalmente descentralizado, notadamente certos tipos de agricultura, são muito melhor organizadas pelo mercado do que por um plano.
127 - Enfim, propõe deixar as mercadorias de fronteira tecnológica ao mercado e planejar a produção já consolidadas/padronizadas.
128 - Fabio Wanderley vai estender as reflexões sobre mercado: se você é um negro numa sociedade racista, você está excluído de um mercado que é essencial para sua sensibilidade, para falar como Max Weber, que é o mercado de intercâmbio sexual, amoroso, afetivo etc. Se você é um negro e se apaixona por uma mulher branca, você está frito numa sociedade racista. Coloca que o Estado pode ajudar a derrubar as falhas de mercado. Enfim, o debate já está bem “capitalismo de Estado”. Impedir monopólios e oligopólios por exemplo e gerar redistribuição.
129 - Até certo ponto reconhece-se que sem o mercado não se realiza o ideal socialista.
130 - Maria da Conceição Tavares faz uma reflexão que me parece uma boa pista: Acho que os poucos marxistas que, depois de Marx, trataram da economia política fizeram contribuições absolutamente fundamentais, só que a partir de 30 não houve nenhuma contribuição relevante. Em compensação há importantes historiadores econômicos. Acontece que o marxismo ocidental enveredou pela filosofia — o que supostamente não deveria fazer, pois o marxismo era uma crítica à filosofia — e pela Kulturkritik. Na Kulturkritik até que existem contribuições importantes, embora na verdade não tenham nada a ver com a crítica à economia política, nem com a economia política — e isso é justamente o reconhecimento de que no nível da superestrutura, em que Marx não tratou de coisa nenhuma, há relações mais complicadas.
(continua...)
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