Econ - Textos Variados L
Enéas Arrais Neto - Desqualificação Global do Trabalho:
283 - Meio “blablablá”. Há uma nota de Marx à terceira edição inglesa do Capital muito interessante. Achei na página 223 da versão da Abril Cultural. Eneás cita no texto. Prevendo que se a China se industrializasse haveria dificuldade para os europeus lutarem para manter os salários.
284 - Marx explicando a lógica do desemprego estrutural (o qual me parece expulsar pessoas para empregos no setor improdutivo - serviços de todo o tipo para a elite e etc.): Com o crescimento do capital global na verdade também cresce seu componente variável, ou a força de trabalho nele incorporada, mas em proporção continuamente decrescente. Acho também que esse caso tem mais a ver com os ganhos de produtividade advindos de revoluções tecnológicas e especialmente na maquinaria. A mera melhor organização do trabalho - ao estilo taylorismo - mexe bem menos com a composição orgânica e, talvez (me parece), com o desemprego estrutural. Tudo bem que se precisa de menos gente numa fábrica para produzir a mesma quantidade. Porém, o ganho de produtividade nesse caso pode criar, na média, “novos mercados” com a mesma composição orgânica.
285 - No mais, o texto é só para dizer que a qualificação do trabalho não seria apenas a maior capacidade de produção e consumo de todo o trabalhador, mas também a autonomia, o comando do processo, o exercício da liberdade e criatividade humana. Que materialismo não pode se resumir a rendimento maior na subordinação. Entendi isso.
Entrevista com Márcio Porchmann (Muy Buena):
286 - É Pochmann. Começa a entrevista citando um dado claramente errado sobre renda per capita, o que me leva a desconfiar de todo o resto da entrevista.
287- “Em 1980, o Brasil tinha uma renda do trabalho de metade do PIB. Em 2003, a renda do trabalho era 36%. .... Nos países desenvolvidos, a renda do trabalho representa mais de 60%”. (Tenho um dado em um texto diferente desse segundo. Muito. O contrário). (O primeiro, porém, sendo verdade, vale investigar, demonstraria quão incompetente é a elite brasileira e seu discurso de reduzir a renda do trabalho para gerar acumulação de capital. Produtividade estagnada de décadas afinal).
288 - A entrevista é de fim de 2008. No entanto, houve no Brasil uma reforma trabalhista branca feita pelo mercado. Tínhamos nos anos 80 cerca de cinco tipos de contrato de trabalho. Hoje temos algo como 18.
289 - Problemas do PNAD como parâmetro: Os ricos, de maneira geral, não fazem parte da pesquisa. São representados, mas há uma subestimação da renda. O Pnad representa 60% da renda pessoal disponível na contabilidade nacional. Há uma sub-declaração.
290 - Critica o índice GINI também. Importante, mas limitado: Está acontecendo um desaburguesamento da classe média, que está derretendo. Por isso, o índice dá impressões que não são as mais concretas.
291 - Coloca que 20 mil famílias (na verdade, não entendi se são 5 mil famílias - 20 mil pessoas - ou 20 mil famílias) recebem os juros gordos da dívida há décadas. Coloca que a FIESP não se incomoda com a financeirização tanto assim porque parte dos lucros são “não-operacionais”. Cada lugar tem um dado
Títulos da Dívida Pública
R$120 bilhões de reais no pagamento dos títulos repassados para 20 mil clãs de famílias (cerca de R$6 milhões de reais por família ao ano)
Previdência Social
R$140 bilhões de reais no atendimento de 21 milhões de famílias de aposentados (cerca de R$6 mil por família ao ano)
Bolsa Família
R$7 bilhões de reais na assistência de 8 milhões de famílias (cerca de R$72 por mês para cada família)
292 - Apesar de tudo, a entrevista toca em pontos importantes. Há também outros dados que não sei o quanto ainda são atuais: “Enquanto o Brasil tem 35% dos jovens de 15 a 17 anos matriculados nas escolas, o Chile apresenta 85%.”
Entrevista Ótima Com Eduardo Giannetti - A Felicidade e o PIB - Dinheiro e Felicidade:
293 – “Para países que vêm de um patamar muito baixo, no início do processo de crescimento, o aumento da renda média por habitante tem forte correlação com o aumento da felicidade. Mas a partir do momento em que o país atinge um determinado nível de renda – cerca de US$ 10 mil de renda média anual por habitante – a relação entre crescimento econômico e aumento do bem-estar subjetivo fica muito tênue”.
294 – “Primeiro porque você já satisfez suas necessidades vitais de consumo, se adaptou aos novos confortos. Segundo porque há uma importância crescente da posição relativa. Há um experimento feito em sala de aula, em vários países do mundo, em que se propõe aos alunos o que cada um prefere: estar numa sociedade em que ele ganha 100 e todo mundo ganha 50, ou numa sociedade em que ele ganha 150 e todo mundo ganha 300. (...) A resposta é que as pessoas preferem estar ganhando menos, mas o dobro do que os outros. A posição relativa conta mais do que o nível absoluto de renda.
295 – “A desigualdade exacerba o poder do dinheiro. Primeiro porque quem não o tem acaba supervalorizando-o. As coisas brilham com muito mais intensidade para quem está na escuridão. Se você tem pouco dinheiro o valor dele fica exacerbado aos seus olhos, na sua imaginação”.
296 - Há um poeta latino, Petrônio, que escreveu Satyricon, em que um milionário romano diz: "Só me interessam os bens que despertam no populacho a inveja de mim por possuí-los".
297 - Liberal que pensa é mais interessante.
.
Comentários
Postar um comentário