Econ - Economia Superávit Primário II
(continuação...)
Economia Superávit Primário 6:
240 - Texto de agosto de 98 do mesmo Otaviano. Clássico da previsão furada: Tudo indica ser baixa a probabilidade, no futuro próximo, de ocorrer algum tipo de ataque especulativo sobre as reservas externas brasileiras, apostando em grande desvalorização do Real. Por outro lado, as trajetórias do desemprego e do déficit público poderão vir a trazer, por outros caminhos, os riscos de crise financeira ou cambial. (...) Os argumentos mais freqüentes para explicar a baixa probabilidade de ataques sobre o Real giram em torno da atual ausência de deterioração nos fundamentos da taxa de câmbio. O déficit comercial não mostra tendência explosiva, receitas em divisas com as privatizações estão se adicionando às reservas externas e estas, por sua vez, permanecem em elevados patamares absolutos.
241 - Pelo menos reconhece: Por exemplo, em um mundo de alta mobilidade de capital e interpenetração financeira, as reservas externas de bancos centrais nacionais mostram-se relativamente impotentes diante de grandes movimentos de capital. Este fato esteve presente em todas as grandes crises cambiais dos anos 90 (no sistema monetário europeu em 1992-3, no México e na Argentina em 1994-5 e na crise asiática). No caso brasileiro, nem as reservas atuais, nem a estabilidade do déficit comercial ou as receitas com privatização constituem antídotos perfeitos contra uma possibilidade de saída em massa de capital do Brasil se, para além desses elementos, outros fatores apontarem em direção oposta.
242 - Otaviano crê que o governo temeria mais as consequências de uma desvalorização que a perda de reservas: Ao mesmo tempo, os bancos e as empresas não-financeiras, bem como o próprio setor público, veriam imediatamente explodir seus passivos atuais em dólar. Além disso, conforme mostraram as experiências do México e da Ásia, os desdobramentos do relaxamento cambial poderiam assumir rumos incontroláveis, inclusive no tocante à inflação.
243 - Apostava que o BC elevaria os juros ao que fosse para não precisar desvalorizar. O ataque especulativo, porém, foi tão forte que precisou quase que das duas coisas. Reconhecia, porém, que a luta seria custosa: O "custo da luta" pelo lado do governo, em decorrência das altas taxas de juros, manifestou-se no aumento cavalar da conta de juros: na União, R$ 3,77 bilhões só em maio deste ano, contra R$ 21,2 em todo o ano passado.
Economia Superávit Primário 7:
244 - Heterodoxo. Denuncia o ciclo vicioso monetário-fiscal do “câmbio apreciado” que prejudica exportações. Piora no balanço comercial representa agravamento no déficit do balanço de transações correntes. Estabelece-se a ciranda: há uma nova rodada de elevação dos juros para atrair capitais... e repete-se o circuito. (...) Se o impacto monetário do balanço de pagamentos é interpretado pelos condutores da política monetária como inflacionário, eles tratam de "enxugar o excesso de liquidez". Lançam títulos de dívida pública, caindo na "armadilha da dívida".
Economia Superávit Primário 8:
245 - Cláudio Maciel. Dezembro de 1998. Também heterodoxo. Parecido com o anterior. Critica, entre outras coisas, o financiamento do consumo com a ampliação do déficit no balanço de transações correntes.
246 - O governo editou, em 10 de novembro de 1997, um pacote de medidas. Envolvendo cortes de gastos e aumento do imposto da pessoa física, almejava um ganho fiscal da ordem de R$ 20 bilhões. A expectativa lançada a público de um ajuste dessa ordem mostrou-se irreal, não apenas pela rolagem da dívida, como também pelo efeito do desaquecimento da economia na arrecadação dos impostos.
247 - Fala que o passivo em dólar do país pode ficar insustentável. Saída imensa no ano. “Haja FMI”. Tais números remetem para a complexa questão da desvalorização cambial. O Ministério da Fazenda e o Banco Central continuam a descartar qualquer possibilidade de alteração da política cambial: o real estaria sofrendo uma discreta e gradual desvalorização de 6% em relação ao dólar (considerando um reajuste nominal de 7,5% e uma taxa média de inflação de 1,5%). Desvalorizar o câmbio, é sempre reafirmado, traria inflação e a perda de poder aquisitivo dos assalariados. Tampouco o governo se compromete com queda rápida da taxa de juros.
248 - A questão é que o “ganho fiscal” de R$ 28 bilhões pode ser anulado se a taxa de juros não cair rapidamente! A promessa federal de corte de R$ 4 bilhões em gastos até dezembro já foi engolida pelo aumento das taxas de juros.
249 - Privatizações dos ativos estaduais não têm trazido, por si só, superávit. Estados e Municípios, vencedores - em princípio - da batalha da descentralização promovida pela Constituição de 1988, estão assistindo à deterioração do resultado primário ano após ano: saíram do superávit de 1,5% do PIB em 1991 para um déficit de 0,74% em 97. (...) Os próximos meses não testemunharão quadro muito diverso: os 24 estados que refinanciaram dívidas de R$ 65 bilhões com a União dificilmente cumprirão as metas fiscais estabelecidas para este ano nos acordos. Dentre tais compromissos estão superávit primário, limites para gasto com pessoal, implantação de programas de demissão voluntária, privatização de empresas.
250 - O aumento de responsabilidades e encargos dos municípios sobre programas antes executados pelo governo central e estaduais, ao lado da criação de novos municípios e respectivas estruturas administrativas, incharam as despesas e diminuíram drasticamente a posição relativamente cômoda dessas unidades subnacionais.
Economia Superávit Primário 9:
251 - Alta do dólar, da inflação e da SELIC fizeram, em 2002, com que todos os títulos da dívida pública elevassem os gastos com juros.
252 - Para tentar conter a alta da inflação, o Banco Central elevou os juros básicos da economia. A taxa Selic, que corrige quase metade dos títulos emitidos pelo governo federal, passou de 18% para 25% ao ano entre outubro e dezembro de 2002. Em 2001, essa taxa variou entre 15,25% e 19% ao ano. (...) Os cerca de R$ 110 bilhões gastos com juros equivalem ao dobro do esforço fiscal feito pelo setor público ao longo do ano passado.
253 - Daí muitos quererem um superávit ainda maior que 3,75% (coisa que o PT anunciou em 2003. 4,25%).
254 - No ano passado, diante da dificuldade do governo em rolar suas dívidas, as instituições exigiram taxas maiores para aceitar papéis.
Economia Superávit Primário 12:
255 - Mero gráfico da época. Eu já tinha visto em um dos textos anteriores.
.
Comentários
Postar um comentário