Econ - Economia Baiana

 

Economia Baiana:

204 - Texto de Elias Darzé Filho. Por que a Bahia não se industrializou na primeira metade do Século XX? Seria um enigma. Ele dá algumas pistas, mas me incomoda não citar dados: no Nordeste, o processo de produção ainda era o da 1a Revolução Industrial com grandes fábricas que requeriam volumosos recursos, exigindo uma elevada concentração de renda, com menor produtividade, com uma produção voltada basicamente para o mercado externo e uma classe empresarial que utilizava os excedentes, principalmente, para compra de bens de consumo de luxo.

205 - Afirma que SP já estava na 2ª Revolução Industrial e tudo isso era diferente.

206 - Cita fatores que prejudicaram nossa economia: 1) Instabilidade econômica devido à flutuação das safras agrícolas com as secas internamente, e dos mercados e preços dos produtos externamente. 2) Política cambial desfavorável ao estado da Bahia, que provocava a deterioração dos termos de intercâmbio interno. Favorecia a industrialização paulista e dificultava a exportação baiana.

207 - O processo de industrialização da economia baiana começou efetivamente por causa da política federal de integração da economia nacional via “desconcentração industrial”. (...) A estratégia do governo federal era promover o crescimento de outras áreas do país que fossem mais bem dotadas de recursos naturais, mão-de-obra barata, localização e outras vantagens competitivas, estimulando a atração de indústrias potenciais.

208 - Dessa forma, a Bahia finalmente inicia seu processo de industrialização no final da década de 50 com os investimentos da Petrobrás na implantação da Refinaria Landulfo Alves (RLAM) em Mataripe, visando a extração e refino de petróleo. (...) Em 1966, começa a implantação do Centro Industrial de Aratu (CIA), ocupando espaços dos municípios de Candeias e Simões Filho circunvizinhos a Salvador, com a vinda de indústrias de diversos segmentos como metalurgia, minerais não metálicos, material elétrico e bens leves de consumo. (...) Por fim, na segunda metade da década de 70, implanta-se o Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC) através de um sistema tripartite de investimentos (governo federal, setor privado nacional e capital estrangeiro) onde os recursos federais tiveram maior participação. (...) Logo em seguida, no início dos anos 80, os setores metalúrgico e extrativo mineral ganham um reforço substancial com o início das operações da Caraíba Metais na mineração e metalurgia do cobre.

209 - A indústria na Bahia acaba se firmando na função de fornecedora de bens intermediários (Química, Metalurgia) para a indústria instalada na Região Sudeste, especialmente São Paulo, conduzindo a uma forte concentração setorial do processo de industrialização baiana. Explica que as BR-116 e 101 quebraram a indústria têxtil baiana, que era atrasada e não podia competir com as de São Paulo. (...) O grau do seu dinamismo deixou de depender do desempenho das safras agrícolas e do comércio exterior de produtos primários para se tornar subordinado ao comportamento da indústria de bens de consumo final do Centro-Sul, ou seja, a dinâmica da economia baiana passa a ser definitivamente exógena.

210 - (...) a indústria baiana apresenta uma elevada “Concentração Empresarial, dado o caráter capital-intensivo resultante da opção pela produção de bens intermediários, que ocorrem em grandes empresas. Por outro lado, o reduzido grau de relações intersetoriais na indústria baiana dificultou uma maior participação de empresas de pequeno e médio porte no setor” (...) os efeitos multiplicadores do processo de industrialização da Bahia teriam sido bem maiores se tivesse sido desenvolvida no estado a indústria de bens de consumo final. (Resta saber se isso é uma verdade absoluta assim como se encontra).

211 - Investigando a estrutura do setor industrial na Bahia através da Tabela 2, observa-se o domínio absoluto da indústria de transformação, representando, durante todo o período em análise, maioria absoluta da indústria do estado. Química e metalurgia ainda eram 74% da indústria de transformação baiana em 1999 (quase tudo química).



212 - Critica a estrutura do setor industrial. Para que uma economia industrial desenvolva uma dinâmica interna de crescimento ordenado e integrado, é preciso que existam compras e vendas entre as indústrias e setores da atividade produtiva, consolidando um elevado nível de articulação interindustrial.

213 - A proposta sugerida inicialmente pela área de planejamento do estado era a construção de “cidades industriais” que detivessem toda a infra-estrutura necessária para abrigar os trabalhadores das indústrias que estavam sendo instaladas na RMS, principalmente aqueles melhor qualificados. No entanto, essa idéia não se concretizou. Para muitos analistas, a falta do apoio necessário do governo na época foi o fator determinante que inviabilizou a construção dessa estrutura urbano-social na RMS. Por conseqüência, o que se observa atualmente na região, de um modo geral, é a cidade de Salvador extremamente inchada, começando a apresentar sérios problemas para atender as necessidades de todo esse contingente populacional, e possuindo no seu entorno pequenos municípios conhecidos como “cidades marginais”, em outras palavras, “cidades sem elite nem classe média, onde a população residente não participa da economia formal (a indústria) e vive, através da economia informal, um processo intenso de favelização” (Suarez, 1990, p.29).

214 - Narra a conjuntura dos anos 90 (agora sem o capital estatal entrando pesado com investimentos), falando dos incentivos fiscais (guerra fiscal) e investimentos em infra-estrutura para atrair o capital estrangeiro.

215 - Esse revigoramento iniciou-se com a ampliação da RLAM, duplicando sua capacidade de refino na segunda metade da década de 90, o que implicou na redução da necessidade da indústria baiana importar nafta, e vem prosseguindo com as descobertas dos grandes campos de gás natural e petróleo nas bacias marítimas de Camamu-Almada e de Cumuruxatiba, e com os contratos de parcerias e vendas de licenças para que pequenas empresas independentes possam explorar poços de pequeno porte, inviáveis economicamente para a Petrobrás.

216 - Menciona também a Monsanto, a COPENE, a Bahiaplast e principalmente o “complexo Ford”, bem otimista quanto aos efeitos deste último.. (...) A realização do projeto Amazon da Ford juntamente com a vinda de diversos empreendimentos produtores de bens de consumo final (têxtil, calçados, alimentos, produtos de higiene, materiais de construção, etc.) trarão um novo dinamismo para o parque de transformação petroquímica baiano por se tratarem de fortes demandantes de produtos e componentes de base petroquímica, ressaltando o estímulo à produção de resinas plásticas que são utilizadas por essa indústria de transformação. (...) Enfim, o que se tem observado é que a estrutura industrial baiana passa por um processo gradual de verticalização, adensamento e articulação. (...) incremento substancial da produção de bens de consumo finais leves e duráveis de alto valor agregado. Em função disso, a indústria baiana pode estar desencadeando um quarto salto de acumulação de capital no estado com a redução de sua dependência em relação à indústria de bens finais situada no Sudeste do país.

217 - (A verdade é que, segundo pesquisei no Google, o desempenho da Bahia foi frustrante desde então: “Apesar de o desempenho da Economia baiana não ser positivo desde 2015, quando se avalia o período de 2002 a 2017 como um todo, o estado tem um crescimento médio de 2,2% ao ano (a.a.). A taxa baiana, porém, passou a ficar abaixo da média do país, que cresceu a 2,4% ao ano (a.a) nesse período.” - “5º menor crescimento entre os estados”. - “Apesar de ter crescido 7,1% em volume, agropecuária reduziu ainda mais sua participação, em valor, no PIB baiano, de 7,2% em 2016 para 6,7% em 2017, menor peso da série histórica das Contas Regionais (desde 2002)”. Indústria está em 22%. Deve ter rolado uma desindustrialização enorme desde a década de 00 - “Em 2017, o PIB per capita baiano ficou em R$ 17.508,67. É o 7º PIB per capita mais baixo entre os estados e bem menor (-44,8%) que o do país (R$ 31.702,25). Na região Nordeste, o valor do PIB per capita da Bahia perde para os de Pernambuco (R$ 19.164,52), Rio Grande do Norte (R$ 18.333,19) e Sergipe (R$ 17.789,21)”.

Como SP caiu muito (2 p.p.) acho que ganhou 0,1 nisso. Outros mais.

218 - Mais curiosidade que pesquisei:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_munic%C3%ADpios_da_Bahia_por_PIB_per_capita_(2016)

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