João Bernardo - Brasil Hoje e Amanhã (Análise do Novo Brasil - 2011) - Parte II
(continuação...)
421 - O terceiro artigo traz o seguinte: Num estudo publicado em 2007 os economistas da firma financeira Goldman Sachs consideraram que as áreas exigindo a atenção prioritária do governo brasileiro eram a reforma fiscal; a diminuição do proteccionismo e o aumento do comércio externo em proporção do Produto Interno Bruto, PIB, e do comércio mundial; a melhoria do ensino; e reformas estruturais destinadas a aumentar a produtividade.
422 - Os investimentos em infraestrutura têm caído desde o fim do período militar. Também a taxa de investimento público e privado têm diminuido levemente em proporção ao PIB. A não ser de 2006 a 2010, quando os investimentos públicos cresceram 50%. Fruto do PAC, que pretendia inclusive incentivar os investimentos privados.
423 - Cita as diferenças nos custos de transporte no Brasil e nos EUA para concluir o seguinte: “É realmente preciso que o ramo das commodities tenha atingido um elevadíssimo grau de produtividade para ser mundialmente competitivo em tais condições de transporte. Aqueles que tanto peroram acerca dos inconvenientes da actual taxa de câmbio para as exportações fariam melhor em prestar mais atenção às infra-estruturas.”
424 - Planos. Nomeadamente, a percentagem ocupada no PIB pela formação bruta de capital fixo, que fora de 17,6% em 2007 e que o governo pretendia elevar para 21% em 2010 — era este «o eixo central da nova política» [12] — ficou em cerca de 19%. Perante isto, em Maio de 2011 foi anunciada para breve uma nova versão da PDP e em Agosto foi lançado o Plano Brasil Maior, que tem como um dos principais objectivos o aumento dos investimentos em capital fixo de 18,4% do PIB para 22,4% até 2014.
425 - Por sinal, deu ruim. Atualizei os dados e foi pra 17,4% em novembro de 2014. Pior resultado desde 2007.
426 - Um texto de Carlos Gonçalves coloca que é o aumento da produtividade que gera confiança e induz o investimento do setor privado. Não é bem o contrário.
427 - Um analista do Goldman Sachs identificou que o Brasil gasta, relativamente, quase o dobro da China com educação para conseguir resultados, inclusive de alfabetização e escolaridade, piores.
428 - Brasil investe razoavelmente mais em P&D que países latinoamericanos (década de 00) e fica bem atrás dos europeus e dos EUA.
429 - Dos dois dados acima, JB conclui: Ora, numa situação em que um ensino básico precário e uma escolaridade deficiente coexistem com um desempenho satisfatório em P&D, pode operar-se uma dicotomia de consequências nefastas, colocando para um lado a esmagadora maioria da força de trabalho, mal qualificada e laborando por isso em empresas pouco produtivas, e isolando noutro lado uma minoria de trabalhadores qualificados, sem que haja mobilidade de uma esfera para outra e provocando um estrangulamento na oferta de profissionais habilitados.
430 - A Fiesp sugeriu “melhorar a vertente profissionalizante do ensino médio e ampliar a formação de técnicos superiores”. Valorizar as engenharias e tal.
431 - JB crê não ser o bastante, podendo até ampliar o fosso. Ainda no campo dos diagnósticos: Encontro um indício deste efeito de ricochete na referida Pesquisa de Inovação Tecnológica, onde se vê que o terceiro maior obstáculo à inovação indicado pelas empresas, com 57,8% dos casos, é a falta de pessoal qualificado, superando em número de menções a escassez de fontes de financiamento.
432 - Pesquisa revelou que as empresas confiam mais na internet que nas parcerias com universidades para a inovação.
433 - Fiquei confuso com outros dados, no mesmo texto, mostrando quedas no investimento em P&D, o que contrastaria com a tabela 2 do mesmo texto, que citei mais acima.
434 - Um coronel responsável pelo II PND (que foi até 1980) lamentou o seguinte: “«os laços entre o sistema de C&T [Ciência e Tecnologia] e o setor produtivo permaneceram tênues, pela falta de demanda [procura] por tecnologias avançadas, decorrentes do ambiente protecionista, da abundância de mão de obra e recursos naturais baratos»”.
435 - Traz novamente aquela tabela sobre a baixa produtividade das pequenas e médias empresas brasileiras quando comparada às grandes (ao contrário de França e Alemanha) para concluir acertadamente o seguinte: "Estes dois países, tal como alguns outros na Europa, são reputados pela elevada competência das suas pequenas e médias empresas, o que atrai companhias com exigências tecnológicas, que podem contar com subcontratantes e fornecedores locais de alto nível".
436 - JB é cético, portanto, quanto as possibilidades dos planos governamentais de incentivos atingirem sua meta de elevação do investimento (em percentual do PIB) privado em P&D: “Mas poder-se-ão difundir os centros de pesquisa e as firmas capazes de aplicar inovações se a oferta de profissionais qualificados se encontra estrangulada pela situação precária do ensino fundamental e médio?”
437 - Defende, portanto, a redução do abismo. Um leque salarial mais amplo.
(continua...)
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