João Bernardo - Brasil Hoje e Amanhã (Análise do Novo Brasil - 2011) - Parte I
Brasil Hoje e
Amanhã (Análise do Novo Brasil - 2011)
407 - Trata-se de
uma análise economica em oito artigos.
408 - O primeiro
traz o PIB brasileiro em 2004-2008. Realmente ficou um pouco abaixo da média latinoamericana.
409 - Aumento de
renda dos mais pobres e nível de emprego. Explica muito bem. Procedendo a um exercício de simulação,
Ronaldo Lamounier Locatelli constatou em 1985 que, se a repartição dos
rendimentos no Brasil se tornasse mais equitativa e se assemelhasse à do Reino
Unido, o emprego industrial aumentaria 16%. «Isso ocorreria», explicou Werner
Baer, «porque o maior poder aquisitivo dos grupos de baixa renda aumentaria a
demanda por bens de tecnologia que supõe a ocupação intensiva de mão-de-obra».
410 - Constata
que a economia brasileira não é tão aberta quanto se pensa, mesmo com o aumento
recente (90-2010) da participação: “Ou,
segundo outro critério, na década de 2000 a soma das exportações e das
importações em proporção do PIB não ultrapassou 20% no Brasil, enquanto que a
média nos países asiáticos foi de 45%. E o Brasil teria de ampliar de 80% estas
duas categorias do comércio externo se pretendesse atingir um valor próximo à
média latino-americana.”
411 - O segundo
artigo mostra que as exportações agrícolas cresceram mais que as outras. Os artigos manufacturados, que desde 1985
ocupavam 2/3 ou mais das exportações brasileiras, desceram para um pouco mais
de metade entre 2002 e 2006 e em seguida declinaram mais ainda, até que em 2009
os bens primários voltaram a ultrapassar os manufacturados nas receitas das
exportações.
412 - O Brasil se tornou um grande exportador de
petróleo pesado, continuando a ser um grande importador de petróleo leve
413 - Não há
regressão tecnológica pelo fato dois manufaturados terem caído na composição
das exportações. JB traz a tabela que compara 97 e a década de 2000, mostrando
que a porcentagem de exportação de produtos de alta intensidade tecnológica até
passou de quase 5% para 6%. “Média-alta” caiu 2% porém. Pergunto-me se o índice
não deveria ter melhorado, já que o Brasil teve elevada sua capacidade de
produção de 97 a 07.
414 - O não
retrocesso é reforçado, ainda, em outra tabela mais detalhada:
Tabela 4: Estrutura e intensidade tecnológica das
exportações brasileiras (em %) 1996
1998 2003 2006 Commodities 53,8 51,5 54,6 56,8 Agronegócio
34,4 33,9 34,0 30,6 Combustíveis 0,9 0,7 5,3 7,9 Minerais e metais 18,5 16,9
15,3 18,3 Produtos diferenciados 46,2
48,5 45,4 43,2 Alta 4,1 6,2
6,9 6,8 Média-alta 22,8 25,5 22,9 23,7 Média-Baixa 7,5 6,9 5,6 5,5 Baixa 11,7
9,9 10,0 7,2 Total 100,0 100,0 100,0 100,0
415 - Aqui ele
errou feio (ele e os autores que citou, mas aqui, em 2015, é fácil constatar
isso): Apesar disso, a elevação da renda
dos países emergentes, sobretudo asiáticos, fez com que os preços das
commodities se elevassem de maneira sustentável enquanto os produtos
manufacturados perderam valor relativo graças aos avanços do progresso técnico.
Se a tendência persistir poderá pôr em causa a teoria da deterioração dos
termos de troca, tão cara aos economistas da Cepal e muitos outros mais» [5]. Se tal suceder, não será a
primeira vez que teorias válidas numa época deixam de o ser na época seguinte,
e Octavio de Barros e Fabio Giambiagi fundamentaram a previsão de Fernando
Henrique Cardoso, defendendo que o crescimento das economias emergentes, o
acesso a níveis superiores de consumo de massas populacionais que antes se
encontravam excluídas e, no caso de países como o Brasil, o advento do
biocombustível pressionam a uma subida duradoura dos preços das commodities.
«Vemos como estrutural a mudança de preços relativos a favor de commodities»,
escreveram estes dois economistas, prevenindo no entanto de que isto «não
conflita com a possibilidade de esses preços experimentarem ciclos
desfavoráveis em determinadas circunstâncias que impliquem forte desaceleração
do crescimento de algumas importantes economias». E acrescentaram que «o atual
processo de mudança de preços relativos deverá ser suficientemente longo para
que países emergentes produtores de commodities como o Brasil ganhem um tempo
privilegiado para acelerar suas agendas de desenvolvimento […]».
416 - Ainda
contra os alarmistas da “desindustrialização”, a tecnologia brasileira continua
avançando. Acresce que a Pesquisa de
Inovação Tecnológica realizada em 2008 pelo IBGE e cujos resultados foram
divulgados em Outubro de 2010 revelou que no Brasil as empresas inovadoras, que
eram 31,5% do sector em 2000, passaram para 38,1% em 2008.
417 - Critica o
lobby pela desvalorização do real (pelo aumento de exportações que este traz)
já que a valorização possibilita importação barata de bens de capital e
consequente modernização produtiva. Outra coisa que já sabia, mas é sempre bom
lembrar.
418 - JB diz que
assustador não é que cada vez mais se importe bens estrangeiros de alta tecnologia pra indústria brasileira e
sim que esta não pudesse contar com os mesmos de forma barata venham de X ou Y.
Sem contar o agravamento da pressão inflacionária que toda desvalorização traz.
Pesadas as vantagens e desvantagens, melhor assim.
419 - Em agosto
de 2011, Dilma concedeu diversos incentivos e benesses às empresas nacionais
pouco produtivas. JB criticou tal protecionismo.
420 - “Foram também ampliados os benefícios do
Programa de Sustentação de Investimento, PSI, que garante juros subsidiados do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, para a compra de
bens de capital, e o Plano prevê novos incentivos para a indústria automóvel,
até 2016, como a isenção do Imposto de Produtos Industrializados, IPI, para as
montadoras que investirem na inovação.”
(continua...)
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