Dados e Fatos (Brasil) - Parte V

 

Ruy Polly - Crime e Violência Urbana - Uma Resposta Socialista

91 - Texto com muitos dados, mas de 1996. Tomar cuidado com as conclusões, portanto.

92 - Desde 1996 (ou antes até) que há uma campanha forte pela redução da maioridade e por um policiamento ostensivo. Ruy traz o crescimento das campanhas "Reage Cidade Y ou X", exigindo justamente isso. Dá mais dados: "A proposta de redução da idade penal contou, igualmente, com o apoio de políticos de direita, como Campos Machado, do PTB paulista, candidato à prefeitura de S. Paulo. Em sua campanha defendeu reiteradamente a idéia de redução para 14 anos. A mídia também interveio. A TV Globo em seu programa "Fantástico" apresentou matérias tentando mostrar, entre outras coisas, que a redução da idade penal funcionou na Inglaterra."

93 - Igualmente o movimento de Ribeirão Preto não só abriu uma linha telefônica para receber doações destinadas a reequipar a polícia militar, como também iniciou uma campanha para arrecadar fundos destinados à construção de uma cadeia pública, a qual seria doada ao governo do estado (Folha de S. Paulo, Reage Ribeirão paga construção de prisão, 24/08/96).

94 - Governador Covas e prefeito Maluf de imediato se esforçaram para contratar mais policiais e guardas municipais.

95 - Coloca que a maioria dos homicídios ocorre em bairros pobres. Latrocínio, por exemplo, tão temido e divulgado, era 5% da estatística da época.

96 - A maioria das vítimas na Zona Sul, a região mais violenta de S. Paulo, 70% não possuíam antecedentes criminais, e 74,3% não tinham envolvimento com drogas.

97 - Outra crença muito difundida é que a violência é cometida por viciados em crack. Estudos apontaram que os viciados em crack raramente se envolvem em assassinatos ou crimes violentos. Por outro lado, o álcool, uma droga legal propagandeada e comercializada normalmente em grande escala, está presente em grande número dos casos de morte violenta.

98 - O perfil da maioria das vítimas é o de jovens de menos de 25 anos, moradores da periferia de S. Paulo. Nessa cidade uma média de 102 jovens entre 15 e 24 anos são assassinados por cada grupo de 100 mil habitantes nessa faixa de idade. Nas comunidades mais pobres esse número chega a 222.

99 - Traz números que mostram que a PM paulista passou a matar uma pessoa a cada seis horas - era uma a cada dezessete no governo Quércia - no governo Fleury. Ainda assim, o número de homicídios em geral subiu (não sei se, tirando os da própria polícia, o resultado seria diferente).

100 - O jornalista Caco Barcellos, em seu livro Rota 66, mostra que do universo selecionado de 3.545 mortos pela PM paulista em 22 anos, 2 mil eram migrantes pobres. Cerca de 65% das vítimas nunca havia cometido crime na cidade de S. Paulo ou na grande S. Paulo.

101 - Em 1996: “Somente nos primeiros 6 meses deste ano ocorreram no estado de S. Paulo 326 homicídios de crianças e adolescentes, dos quais 70% se enquadram nesses casos em que possivelmente tenham sido vítimas dos esquadrões.”

102 - Em julho de 1994, a Secretaria de Segurança do Rio afirmou que 57 dos 560 assassinatos de crianças e adolescentes ocorridos no ano anterior no estado havia sido praticados por grupos de extermínio. Na ocasião, a polícia contestava dados divulgados pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap). Segundo essa entidade, 855 das 1152 mortes violentas de menores no Rio em 1993 tinham ligação com grupos de extermínio. Segundo a polícia, 93% dos 560 assassinatos de menores tinha "motivação indefinida". Motivação indefinida expressa, na verdade, a dificuldade da polícia em encontrar as causas do crime." (Gilberto Dimenstein, Democracia em Pedaços).

103 - As grandes metrópoles e não as regiões mais miseráveis são os grandes palcos dos índices espantosos de violência. Para Ruy, isso mostra que a desigualdade social “na cara” é mais relevante que a “miséria” para explicar a violência.

104 - Termina observando que parte do crescimento da violência periférica e tal vem da própria desarticulação do movimento popular e seus laços de solidariedade gerados.

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