João Bernardo - O Mito da Natureza (PP), a Réplica, a Tréplica e a Quadréplica - Parte I
O Mito da
Natureza (PP), a Réplica, a Tréplica e a Quadréplica:
505 - A tese é de
que a natureza nunca esteve em equilíbrio. Volta a usar o exemplo da madeira:
506 - “O recurso ao carvão mineral no começo da
indústria capitalista, na passagem do século XVIII para o século XIX, uma fonte
de energia muito poluente e a que hoje se atribuem tão grandes culpas, surgiu
para resolver um enorme desequilíbrio provocado durante o regime senhorial,
quando a madeira era o material empregue em praticamente todas as construções e
todos os tipos de fabrico. Este uso extensivo da madeira como matéria-prima
provocou uma retracção tão acentuada dos bosques e das florestas que na
Grã-Bretanha a lenha teve de ser importada de países distantes, atingindo
preços incomportáveis. O uso do carvão mineral veio solucionar a crise
suscitada pelo uso da madeira na sociedade europeia pré-capitalista.”
507 - Cita ainda
o exemplo das caçadas em que povos primitivos botavam fogo em boa parte de
florestas e animais, apenas para atingir alguns e comê-los. Outros eram desperdiçados.
508 - Já no
início do século XIX, autores faziam ligação entre terra natal e pretensa
superioridade. “Note-se que eles não
estavam a escolher o factor geográfico em detrimento do factor racial, mas a
uni-los ambos num conjunto indiferenciado, porque a visão de dados panoramas
naturais suscitaria uma dada linguagem, e uma dada linguagem corresponderia a
uma dada estrutura cerebral.” Negócio meio louco.
509 - A
inexistência da sociedade - só existem indivíduos - é (era) curiosamente
defendida pelos jacobinos, que enfrentavam a oposição dos conservadores que
defendiam um todo social (e os marxistas aceitaram esse todo, desde que
dividido em classes), pelos neoliberais e por alguns anarquistas… (Questões
muito abstratas levam a esse tipo de coisa, o que me faz pensar a importância,
sem dúvida existente, menor ou maior da filosofia).
510 - JB defende
que as tecnologias atuais tanto são proporcionalmente
menos destrutivas quanto são mais capazes de corrigir danos que causem.
511 - O segundo
artigo da série é sobre a agricultura familiar no fascismo. Critica o fato de o modelo agroecológico,
pela sua baixa produtividade, não se poder generalizar sem o extermínio pela
fome. Ademais, coloca que vários fascistas adoravam a ideologia do camponês em
harmonia com a natureza. Cita Henry Ford e Salazar como exemplos de
propagadores desse mito. Ford chegou a fazer experiências (fracassada pois a
mecanização gerou êxodo rural e não horas de lazer) nesse sentido.
512 - Mussolini
criou uma encenação. Uma falsa política de estímulos à agricultura para
defender a ideologia camponesa.
513 - JB associa
agricultura familiar a extração de mais valia absoluta. Até mesmo as hortas nos
quintais. Nos supermercados talvez custem menos trabalho (remuneração pelo
trabalho com outra coisa mais produtiva).
514 - Um
comentador criticou o agronegócio e suas novidades pelo fato da fome no mundo
ter aumentado em vez de diminuir (entre 1995 e 2010), dados da FAO segundo o
mesmo. Ao que JB respondeu: “Uma coisa é a
produção de alimentos, outra coisa é o acesso aos alimentos produzidos, e é
necessário distinguir se a fome ocorre devido ao primeiro factor ou devido ao
segundo. O primeiro diz respeito principalmente às técnicas de produção; o
segundo, ao grau de desigualdade na distribuição dos rendimentos.”
(continua...)
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