João Bernardo - Brasil Hoje e Amanhã (Análise do Novo Brasil - 2011) - Parte III


438 - O quinto artigo trata do capitalismo burocrático. As decisões do COPOM, inclusive sobre a SELIC, são tomadas após coleta de expectativas do setor privado.

439 - Não para aí a PP entre Estado e setor privado. “Neste sentido Dilma Rousseff criou em Abril de 2011 o Fórum de Gestão Governamental, liderado pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter”.

440 - A política externa lulista rompeu com a de FHC? Nem tanto. Note-se, nesse sentido, que os ganhos de participação dos mercados não tradicionais eram nítidos já em 2001-2002 (aumento de 4,8 p.p), quando se encerra o governo FHC. No governo Lula, quando o foco nos mercados não tradicionais tornou-se um objetivo explícito da política externa, esses ganhos aumentaram ainda mais (6,6 p.p), mas a impressão que prevalece é a de continuidade»

441 - JB considera que o apoio prestado pelo governo brasileiro à internacionalização das suas empresas ainda é muito pequeno: “«Dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o que apresenta o menor número de tratados de bitributação e investimento», concluíram Ana Cláudia Além e Rodrigo Madeira.” A bitributação é citada em alguns exemplos.

442 - Um comentador fala que, em SP, a gestão dos presídios já é realizada por parcerias público-privadas na prática. Reuniões informais onde se decide tudo sobre gestão prisional. Até detalhes. Por vezes até chefes do crime participam. De um dessas reuniões que veio a ideia de dividir as facções.

443 - No sexto artigo, começa diferenciando multinacionais de transnacionais, digamos. Como escrevi em A geopolítica das companhias transnacionais, nas companhias multinacionais propriamente ditas as filiais tendiam a reproduzir em ponto pequeno o modelo da matriz, enquanto que as companhias transnacionais dispersam por vários países cada cadeia produtiva e podem eventualmente fraccionar ou deslocalizar a sede. A transnacionalização diz respeito à integração mundial das cadeias produtivas.

444 - É igualmente significativa a ausência, no âmbito mundial, de firmas de origem brasileira nos ramos da informática e das telecomunicações, embora existam algumas importantes no âmbito interno. E como estes ramos se situam hoje na vanguarda das inovações tecnológicas e como é aí que mais têm progredido os países emergentes asiáticos, parece confirmar-se a evolução retardatária da economia brasileira.

445 - No sétimo texto se trata de investigar os parceiros do Brasil no comércio externo e nos IED. “Se o comércio externo servir para assinalar o caminho que será depois tomado pelos investimentos externos directos, então convém saber que, em 2010, 63% das exportações brasileiras se dirigiram para os países em desenvolvimento, enquanto a percentagem fora de 42% em 2000.” Porém, a China tem ganhado relevância e países latinoamericanos a têm perdido.

446 - No oitavo artigo trata do “novo imperialismo”. Acha que a melhor identificação possível para uma elite é não “quem é mais rico” e sim “quem tem mais pessoas sob seu poder”: Uma pessoa muito rica que seja apenas rentista ou especulador tem uma escassa importância social. Se quiserem saber quem é realmente importante averiguem quantas pessoas um empresário pode despedir [demitir] em todo o mundo ao determinar uma simples reorganização da sua firma. Quantas mais pessoas ele puder despedir, ou seja, quantos mais homens e mulheres tiver a trabalhar sob as suas ordens, mais elevada é a sua posição na hierarquia, quer seja um proprietário formal do capital (burguês) quer detenha o controlo prático sobre o capital (gestor).

447 - A Odebrecht tem 70.000 trabalhadores no mundo inteiro, 49% estrangeiros. É uma das maiores empregadoras na Angola.

448 - Um grupo de pesquisadores chegou à conclusão de que até mesmo os profissionais das empresas trabalham mais satisfeitos quando a empresa tem resp. social.

449 - Fazendeiros do cerrado empolgados com a Embrapa e governo brasileiro incentivando a inserção nos 6 milhões de hectares moçambicanos. «Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete muito mais barato para a China». É que a terra é concessão do Estado por 50 anos.

450 - Fundação Oswaldo Cruz e SENAI também “cooperam” com a África. JB crê que a “responsabilidade social da empresa” é uma forma de inserção/dominação mais eficiente/lucrativa, pois duradoura.

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