Mészáros - Mais textos variados
Meszaros - A Crise em Desdobramento e a Relevância de Marx:
38 - Entre outras coisas de maior conhecimento público, trata de como
os subsídios governamentais cresceram em 2008 nos EUA para salvara indústria automobilística - para além dos
tradicionais subsídios para a agricultura. A mesma indústria - Ford, GM,
Chrysler - que saldou a globalização nos anos 90 por permitir economia de
escala maior e novos lucros.
39 - Antes da socialização dos prejuízos, condições estatais
amplamente favoráveis para a privatização dos lucros: "permitiu à Fannie e ao Freddie operarem com
minúsculos montantes de capital. Os dois grupos tinham núcleos de capital (como
definido pelo seu regulador) de US$83,2 mil milhões no fim de 2007, isto suportava
US$5,2 milhões de milhões de dívidas e garantias, um rácio de alavancagem de 65
para um. [!!!] Segundo a CreditSights, um grupo de investigação, a Fannie e o
Freddie foram contrapartes em valores de US$2,3 milhões de milhões de
transacções com derivativos, relacionadas com as suas actividades de hedging.
Nunca seria permitido a um banco privado ter um balanço tão altamente
alavancado, [11] nem isto o qualificaria para a máxima classificação de crédito
AAA. ... Eles utilizaram o seu financiamento barato na compra de activos de
rendimento mais alto."
Meszaros - A Crise Estrutural da Política:
40 - Pra mim meio óbvio. Critica os EUA e a Inglaterra pela Guerra do
Iraque. Como isso passa por qualquer controle legal.
41 - No fim torna a rezar o credo da crise estrutural que, novamente,
parece-me mais fundamentado em vontade que na análise de indícios. Na melhor
das hipóteses, ele está exagerando.
Meszaros - A Educação Para Além do Capital:
42 - Da série “é por aí”: "A
doutrina materialista relativa à mudança de circunstâncias e à educação esquece
que elas são alteradas pelo homem e que o educador deve ser ele próprio
educado. Portanto, esta doutrina deve dividir a sociedade em duas partes, uma
das quais [os educadores] é superior à sociedade. A coincidência da mudança de
circunstâncias e da actividade humana ou da auto-mudança pode ser concebida e
racionalmente entendida apenas como prática revolucionária" Marx.
43 - Adam Smith e os perigos da divisão do trabalho: “limita as visões do homem. Onde a divisão do
trabalho é levada até à perfeição, todo o homem tem apenas uma operação simples
para realizar; a isto se limita toda a sua atenção, e poucas ideias passam pela
sua cabeça senão aquelas que com ela têm ligação imediata. Quando a mente é
empregue numa variedade de objectos, ela é de certa forma ampliada e aumentada,
e devido a isto geralmente reconhece-se que um artista do campo tem um alcance
de pensamentos bastante superior a um citadino. O primeiro é talvez um artesão,
um carpinteiro e um marceneiro, tudo em um, e a sua atenção deve ser empregue
em vários objectos de diferentes tipos. O último é talvez apenas um marceneiro;
esse tipo específico de trabalho emprega todos os seus pensamentos, e como ele
não teve a oportunidade de comparar vários objectos, as suas visões das coisas
para além do seu trabalho de forma alguma são tão extensas como as do primeiro.
Este deve ser ainda mais o caso quando a atenção de uma pessoa é empregue na
décima sétima parte de um alfinete ou a octogésima parte de um botão, de tão
divididas que estão estas manufacturas. …Estas são as desvantagens de um
espírito comercial. As mentes dos homens são contraídas e tornadas incapazes de
elevação. A educação é desprezada, ou no mínimo negligenciada, e o espírito
heróico praticamente extinto na totalidade. Remediar estes defeitos seria um
assunto digno de séria atenção."
44 - Marx e a pregação das escolas sobre a acumulação primitiva: “Tal infantilidade insípida nos é pregada
todos os dias para a defesa da propriedade. … Na história real, é um facto
notório que a conquista, a escravização, o roubo, o assassinato, em resumo, a
força, desempenha o maior papel.” (...) “Dentre os pobres fugitivos, acerca dos quais Thomas More diz que foram
forçados a roubar, '72.000 grandes e pequenos ladrões foram mortos' no reinado
de Henrique VIII”. Tudo do “O Capital”.
45 - “Recebendo anualmente a
remuneração quase astronómica de cerca de £1,500 pelos seus serviços ao governo
(como Comissário no Board of Trade, um dos seus vários cargos), Locke não
hesitou em louvar a perspectiva de os pobres ganharem "um centavo por
dia" [14] (a penny per diem), ou seja, uma soma aproximadamente 1.000
vezes inferior ao seu próprio vencimento em apenas um dos seus cargos governamentais.
Não surpreendentemente, portanto, "O valor dos seus bens quando faleceu –
quase £20,000, das quais £12,000 eram em dinheiro – era comparável ao de um
comerciante próspero de Londres". [15] Um grande feito para uma pessoa
cuja principal fonte de receitas era ordenhar – confessadamente de bom grado –
o Estado!”. Também queria que cortassem as duas orelhas daqueles que
cometessem um crime pela primeira vez. O governo real cortava “só” meia orelha…
Trabalho forçado para crianças de três a catorze anos, para aliviar as
paróquias…
46 - Excelente trecho explicativo sobre a experiência de Robert Owen:
"o êxito inicial da experiência de
Robert Owen deveu-se não ao humanitarismo paternalista deste capitalista
esclarecido, mas à vantagem produtiva relativa aproveitada inicialmente pela
iniciativa industrial da sua comunidade utópica. Graças à redução da
absurdamente longa jornada de trabalho que prevalecia como regra geral na
época, a aproximação "Owenística" ao trabalho resultou numa muito
maior intensidade de realização produtiva durante o horário reduzido. Contudo,
quando práticas similares foram mais amplamente difundidas, uma vez que eles
tinham de aceitar as regras da concorrência capitalista, a sua empresa passou a
estar condenada e foi à falência, não obstante as indubitavelmente avançadas
visões de Robert Owen em matéria educacional."
47 - Qualquer estratégia de reformar a educação só pode obter algum
tipo de êxito se encarar a mesma para além da reforma institucional da escola e
tal. Educação abrange toda a vida.
48 - Toda forma, a meu ver, o texto não consegue (na verdade, não sei
se propôs a isso) tratar de forma concreta, apenas abstrata, a questão do
desafio real de passar da proposta reformista educacional para uma educação
para além do capital. Fica no diagnóstico, a meu ver e “pra variar”,
confusamente explicado de que o capital dará um jeito no “reformismo”.
49 - Em 1974, uma fábrica de Detroit foi “alvo” de um documentário
sobre sua produção. um grupo de trabalhadores afirmou que para aprender tudo que
eles faziam ali bastavam oito minutos. Pois bem, isso me lembra minhas
reflexões sobre “a saída é a educação” ser uma farsa no sistema capitalista.
Nenhum industrial vai pagar salário muito elevado a essa função. Não por
caráter ruim, mas pelas leis da concorrência.
50 - Com os princípios gerais da proposta dele eu obviamente comungo:
“A auto-gestão – pelos produtores
livremente associados – das funções vitais do processo metabólico social é um
empreendimento progressivo – e inevitavelmente em mudança. O mesmo vale para as
práticas educacionais que habilitam o indivíduo a realizar essas funções como
constantemente redefinidas por eles próprios, de acordo com os requisitos em
mudança dos quais eles são agentes activos. “
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