Citações e Passado da Direita - Parte IV (Democracia e Losurdo)

 

A Coletânea de Citações de Liberais e Conservadores CONTRA a Democracia:

51 – Hayek não procede a qualquer mediação. É explícito ao dizer que democracia nem sempre é bom. Flerta com sufrágio limitado a proprietários de terra… Votos apenas de homens (fora mulheres!). Etc. Também há outros trechos que confirmam sua alta desconfiança com o regime democrático.

52 - Tinha opiniões semelhantes a Mussolini nesse sentido: “Sou partidário do sufrágio universal, mas não do sufrágio feminino [...] Nossa reforma dirá respeito particularmente à desigualdade do direito eleitoral; é absurdo conceder os mesmos privilégios a um homem inculto e a um reitor de universidade. Não é abaixando as classes elevadas que se cria a igualdade. Não! Todo cidadão conservará seu direito de voto ao Parlamento de Roma. Mas um professor universitário ou um grande técnico deve ter mais uma palavra a dizer do que um carregador e um analfabeto.” (citado em LOSURDO, Domenico. Democracia ou bonapartismo. Rio de Janeiro: UFRJ; São Paulo: UNESP, 2004, p. 224)

53 - Edmund Burke também era honestíssimo. Democracia demais é coisa de gente descarada, dizia.

54 - Benjamin Constant, a mesma coisa. Trabalhador votando só vai fazer merda, disse. Atacar a propriedade…

55 - John Stuart Mill clamava pelo voto plural (tal como Mussolini).

56 - Woodrow Wilson afirmava que o sufrágio universal “mataria” os EUA antes do próximo centenário (acho que 2000). Era a raiz de todo o mal.

57 - Convenção de 1821 nos EUA: “a convenção concedeu o direito de voto a todos os homens brancos mas manteve o antigo valor de 250 dólares em propriedades imobiliárias como condição apenas para o direito de voto dos negros”.

 

A Contra-História do Liberalismo (Resenha e Citações Boas):

58 - Resenha do livro de Losurdo que, por sinal, traz boa parte das citações acima.

59 - Um proprietário de escravos do Sul ocupou a Casa Branca na esmagadora maioria das dezesseis primeiras eleições.

60 - Segundo Tocqueville, a Inglaterra não podia falar mal dos escravos dos EUA. Mais bem tratados. “O ambiente nas casas de trabalho era insalubre. Ficavam amontoados em um quarto - “como suínos na lama” como descreveu Tocqueville (p.82) - de doze a quatorze pessoas. O liberal francês define a "zona industrial de Manchester e os quarteirões operários" como um "inferno", "o último refúgio que o homem possa ocupar entre a miséria e a morte".

61 - A democracia inglesa era de “proprietários”. Tanto era que Tocqueville adorava a mesma, em detrimento da França revolucionária. “éramos livres antes de 1789”.

62 - Tocqueville pirado com o “socialismo” (ou seja, não é de hoje que a direita demoniza todo avanço do “socialismo”): "enquanto Cavaignac e Lamorcière combatem o socialismo nas ruas, Sénard apóia as doutrinas socialistas a propósito do trabalho de doze horas”.

63 - Benjamin Franklin chega a criticar médicos por salvarem vidas de pobres, Segundo ele, metade são inúteis e outra metade são de “pérfidos”.

64 - Hume e Tocqueville. Hume vai afirmar que "há motivos para acreditar que os negros "sejam por natureza inferiores aos brancos" (p.178). Mas não é qualquer branco: "as "nações européias" constituem "aquela parte do globo [que] nutre sentimentos de liberdade, honra, eqüidade e valores superiores ao resto da humanidade" (p.178), arremata o mesmo Hume.

Na mesma linha argumenta Tocqueville: "A raça européia recebeu do céu ou adquiriu com seus esforços uma superioridade tão incontestável sobre todas as outras raças que formam a grande família humana (...)". (p.242)

65 - Locke filtra mais ainda essa história tosca ao dizer que não é todo branco europeu… “um trabalhador manual [...] não está em condições de raciocinar melhor que um indígena”.

66 - Segundo Losurdo, Spencer queria a proibição legislativa da miscigenação.

67 - "O despotismo é uma forma legítima de governo quando se lida com bárbaros (...)" sentencia Mill (p.239), afinal "a liberdade "vale só para seres na plenitude das suas faculdades", e ela não pode ser reivindicada por menores de idade ou pelas "sociedades atrasadas nas quais a própria raça pode ser considerada de menoridade", conclui o mesmo. (p.239)

68 - Disraeli era um teórico de 1848 por aí que condenava as “sub-raças” e uma suposta  conspiração judaico-esquerdista. Isso mais de setenta anos antes do nazismo alemão.

69 - Para entender a complexidade dos movimentos históricos, trecho sobre a luta dos pobres e trabalhadores: “Suas conquistas não se consolidavam facilmente, sofriam constantes retrocessos, como no caso do sufrágio universal (masculino) francês obtido em 1848 pela revolta operária e cancelado dois anos depois pela burguesia liberal. (p.358) À essas idas e vindas Losurdo chama de processos de "emancipação" e "des-emancipação".

70 - Algumas autoridades dos EUA queriam reprimir a discriminação racial não pela sua evidente safadeza e sim pelo fato de poder ajudar a “propaganda comunista”. Tem um depoimento de um ministro da justiça nesse sentido.

71 - “Ainda em 1952, nos Estados Unidos, "uns trinta Estados da União proíbem o 'matrimônio inter-racial'" sendo que em "quase todos os Estados o cruzamento racial é um delito de traição". (p.355)

72 - “Em seu país será conselheiro econômico do conservador Monsenhor Ignaz Seipel, responsável pelo chamado "Massacre de Viena de 1927", e depois aderirá à fascista Frente Patriótica de Dollfus. [http://mises.org/story/2797]”.

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